terça-feira, 18 de novembro de 2008

Deem-me as palavras


Deem-me as palavras...
As que quero ouvir brotando do fundo de mim
e as que emergirem sem querer.
Deem-me as significações que sei,
as que pensava saber,
as que andam meretrizes nos escuros da vida
e as que não me permito acender.

Está dolorida a ponta da língua
pelas palavras proferidas.

Vocábulos assassinados.

Doem-me as pontas dos dedos
na escrita arremessada
de um poema natimorto no parir das palavras
perdidas nos significados adulterados.

Dói-me o verbo de expressão moral máxima
na sentença prometida.

Dói-me profundamente o que digo,
mas, principalmente, o que não sei dizer.

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