segunda-feira, 30 de junho de 2008

Barco Ancorado 30/06/2008


Bob Sinclar vai ser o cabeça de cartaz da "Warm Up Night" do festival Sudoeste. O DJ e produtor francês actua a 6 de Agosto, a mesma noite em que se apresentam no palco principal Big Ali, Sexy Soundsystem e DJ Malvado.
Confirmada está, também, a presença da dupla de MCs brasileiros Cidinho & Doca, no dia 8 de Agosto. Os rappers são os autores do tema "Rap das Armas", da banda sonora do filme "Tropa de Elite".
O Sudoeste acontece de 7 a 10 de Agosto e contará com actuações de artistas como Björk, Franz Ferdinand, Chemical Brothers, Vanessa da Mata, Yael Naim, Tindersticks, Shout Out Louds, Deolinda e Goldfrapp, entre outros.

Christophe Le Friant é o rosto comum a vários projectos que vai assinando sob variadas formas. Na boa tradição da música de dança, a cada alter-ego corresponde uma área de exploração musical predominante. Como Bob Sinclar assina house/disco; The Mighty Bop é o disfarce para incursões pelo hip-hop e downtempo; o Réminiscence Quartet está reservado à memória do acid jazz. Além da criação de originais, Le Friant destaca-se na arte do Djing tocando os discos das colecções privadas de Chris The French Kiss e DJ Yellow (mais dois heterónimos) e ainda arranja tempo para remisturar, produzir e ser o responsável pela conhecida editora francesa Yellow Productions. Le Friant inicia-se, ainda adolescente, na actividade de disc jockey, em 1987. Passados cinco anos forma, com Alain Ho, a sua própria editora, pela qual edita vários álbuns de Mighty Bop, bem como de outros nomes conhecidos do french touch como Kid Loco. ou Dimitri From Paris.

Tentando transmitir alguma alegria à cena underground gaulesa, Le Friant vai buscar o nome Bob Sinclar a uma personagem de um popular filme francês "Le Magnifique", e, em 1997, grava o EP "A Space Funk Project". Um ano depois, no Verão de 98, "Paradise" estreia em França. Capa sugestiva, temas contagiantes e um ambiente technicolor de conquista e sedução retro-disco, que teve em "Gym Tonic" a sua rampa de lançamento. O tema começou por fazer furor na sua versão original, "Gym And Tonic", o produto de uma brincadeira a meias com Thomas Bangalter. dos Daft Punk. Construído a partir de um sample não autorizado recolhido num vídeo de ginástica de Jane Fonda, transformou-se num verdadeiro sucesso nas pistas de dança e foi promovido a hino em Ibiza, entre a indignação da actriz materializada pela ameaça de um processo, e as provocações e desinteligências entre os então ex-amigos.

Nada melhor do que polémica e atenção dos média para promover um artista e um disco, se bem que Bob Sinclar viria a provar que era apenas uma questão de tempo até se impor, por direito próprio, como uma das estrelas da nouvelle vague da dança francesa. Resolvidos os problemas legais, "Paradise" é então reeditado em todo o mundo, em 1999, já sem a inclusão do famoso sample aeróbico. Le Friant dedica-se, em seguida, a fazer remisturas para vários músicos, entre eles, Ian Pooley, Second Crusade,Tom & Joyce, Shazz, Towa Tei, Jestofunk ou Stardust . Em 2000, regressa com o projecto Mighty Bop, com uma colecção de remisturas intitulada "Spin My Hits", e no mesmo ano, sai novo álbum de Bob Sinclar, intitulado "Champs Elysees".

Alinhamento
Bob Sinclar – I feel for you
Bob Sinclar – Love generation
Manu Chao – Mister Bobby
Placebo – Meds (com Vv from the Kills)
Jamelia – No more
Bob Sinclar - Tennessee
Radiohead – The there
Bob Sinclar – World hold on (com Steve Edwards)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Barco Ancorado 27/06/2008


Jack Johnson actuou esta Quinta-feira no Pavilhão Atlântico. A sala lisboeta não lotou para receber o surfista cantor, ao contrário das suas duas últimas passagens pelo nosso país, nas quais teve casa cheia, tanto no Coliseu dos Recreios (2005) como no Atlântico (2006). Ainda assim, o músico havaiano não defraudou as expectativas dos presentes e protagonizou um concerto de duas horas, algures entre o profissional e o emocionante, sempre pleno de boas vibrações e, claramente, perante uma plateia de conhecedores.

O pretexto para o regresso a terras lusas era o de apresentar o novo e quarto disco, "Sleep Through The Static" e, assim, o início da actuação foi ao som de 'Hope', uma das faixas desse registo. Seguiu-se um alinhamento coerente, dividido entre os anteriores álbuns de originais e algumas incursões pelas várias bandas sonoras que Johnson editou ao longo da sua carreira.
O ambiente no Pavilhão Atlântico tinha tudo a ver com o cocktail sonoro da noite, assente na surf music com travo a country, blues, rock e reggae, sempre com uma toada melódica e melancólica. A concentração de havaianas, calções e demais trajes frescos de Verão era elevada, até porque a noite convidava a deixar os casacos em casa. Além disso, havia muitos casais de namorados que, certamente, se revêem nas muitas canções, ora mais românticas, ora mais lamechas, que o artista tem escrito para a sua mulher.

É inegável a entrega de Jack Johnson aos seus seguidores. O músico até pode não ser um comunicador nato, mas compensa essa falta de diálogo com o público em forma de músicas. Ao todo tocou cerca de trinta neste regresso a Portugal. Os temas de "In Between Dreams" continuam, claramente, a ser os mais esperados pelo público luso, ou não fosse esse um dos discos mais bem sucedidos do cantor no nosso país. Assim, 'Sitting, Waiting, Wishing', 'Good People', 'Better Together' e 'Breakdown' foram cantados em uníssono, alguns deles com direito a isqueiros e telemóveis no ar. 'Upside Down', da banda sonora do filme "Curious George", foi outra das músicas mais aclamadas da noite, bem como 'If I Had Eyes', o single de apresentação do mais recente trabalho. Ao longo da apresentação Johnson foi alternando entre o ukulele, a guitarra acústica e a eléctrica, esta última com forte presença nas composições de "Sleep Through The Static". G. Love e Mason Jennings, que actuaram, e bem, na primeira parte do espectáculo, haviam de juntar-se ao amigo havaiano para interpretar várias músicas, algumas delas coloridas pela harmónica de Love.

Entre os fãs «I love you Jack» foi frase recorrente e o músico devolveu os piropos, dizendo que «vocês são o melhor público» e «não me importava que me acompanhassem na minha digressão». A música de Jack Johnson pode ser apaziguadora e não levantar grandes ondas, em boa verdade é um mar flat a perder de vista, no entanto, nem por isso deixa de ser plena de emoção e das vibrações mais positivas e nada disso faltou em mais um espectáculo em terras lusas.

Alinhamento
Jack Johnson - Good people
Jack Johnson - Cocoon
Daniel Powter – Bad day
Sheryl Crow – Sweet child o´mine
Rob Thomas – Lonely no more
Jack Johnson – Wasting time
James Blunt – Same mistake
Coldplay - Clocks
Jack Johnson – Flake (com Ben Harper)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Barco Ancorado 26/06/2008


Os britânicos The Verve lançam um novo álbum a 18 de Agosto. "Four" é o título do registo, o primeiro de originais a ser editado em 11 anos pela banda de Richard Ashcroft.
O longa-duração é antecipado pelo single 'Love Is Noise', que chegou esta semana às rádios britânicas e que, entretanto, foi disponibilizado para escuta no Myspace do grupo.
Recorde-se que os The Verve se reuniram em 2007, após um hiato de nove anos. "Urban Hymns" (1997) foi o último disco a ser editado pela banda, que se tornou num êxito em todo o mundo, à conta de temas como 'Bittersweet Symphony', 'The Drugs Don't Work', 'Sonnet' e 'Lucky Man'.

Foi com o cartão de visita "Bitter Sweet Symphony" que, decorridos quase dez anos desde o início da sua carreira, os Verve conseguiram alcançar uma projecção à escala mundial. Incluído no aclamado álbum de 1997, "Urban Hymns", o single foi produzido com base num sample de uma gravação sinfónica do tema "The Last Time", dos Rolling Stones.
"Bitter Sweet Symphony" serviu de rampa de lançamento à banda, ao mesmo tempo que a envolveu num processo legal com a editora responsável pelas composições mais antigas dos Stones, que conseguiu com a acção arrecadar a totalidade dos lucros dos direitos publicitários do tema.
Os Verve surgiram no norte de Inglaterra, em 1989, sob o impulso de Richard Ashcroft, Nick McCabe (guitarra), Simon Jones (baixo) e Peter Salisbury (bateria), e nos seus primeiros tempos de vida, o grupo dedicou-se à área do jazz e da soul.
A assinatura do contrato com a editora Hut foi apenas uma questão de meses e, em 1992, foi editado o primeiro single, "All in the Mind", que foi sucedido por "She's a Superstar" e "Gravity". O álbum de estreia, "A Storm in Heaven", surgiu um ano mais tarde e foi alvo de comentários muito positivos por parte da crítica. No entanto, o volume de vendas não correspondeu às expectativas.

No Verão seguinte, os Verve marcaram presença no festival norte-americano Lollapalooza, incluído numa digressão marcada essencialmente por contrariedades - Salisbury foi preso por ter destruído um quarto de hotel no Kansas e Ashcroft foi hospitalizado, vítima de uma grave desidratação. Foi também nesta altura que a banda se viu obrigada a alterar o nome para The Verve devido a uma outra acção judicial movida contra eles por parte da Verve, uma editora de jazz americana.
As gravações do segundo álbum do grupo, "A Northern Soul" (1995), decorreram sob uma sólida influência de ecstasy, e o resultado foi um som intenso e psicadélico bem diferente daquele apresentado no disco anterior.
O feitio difícil de Ashcroft começava a vir ao de cima, cada vez mais frequentemente, e as dificuldades de relacionamento entre os membros do grupo, levaram o músico a abandonar a banda três meses após a edição de "A Northern Soul".

O temperamento tempestuoso do líder do grupo acalmou algumas semanas depois, e Ashcroft regressou à banda, não tendo sido, no entanto, muito bem recebido por McCabe que, a princípio, recusou aceitar o retorno do cantor, deixando então o grupo. Simon Tong substituíu-o até 1997, data em que McCabe voltou a fazer parte da banda e em que o quinteto editou "Urban Hymns", disco que tornou os The Verve num dos grupos mais populares do Reino Unido e lhes proporcionou uma divulgação a nível internacional.
Em 1999, Richard Ashcroft confirmou os rumores que começaram a circular acerca do final dos The Verve e a banda terminou oficialmente a sua actividade no dia 28 de Abril. Agora, sabe-se que a banda vai lançar um novo álbum a 18 de Agosto. "Four" é o título do registo, o primeiro de originais a ser editado em 11 anos pela banda de Richard Ashcroft.

Alinhamento
The Verve – Lucky man
The Verve – Bitter sweet symphony
Keane – Everybody´s changing
Radiohead – No surprises
The Verve - Sonnet
Lenny Kravitz – Calling all angels
The Verve – The drugs don´t work

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Margens


Uma qualquer disfunção unilateral
é acentuada no acesso às tuas coisas

Deito-me em posição fetal
e sinto-me embrulhado em papel de prata

Arrumo-me ao lado esquerdo
Tento alcançar o fio de pesca com um dedo
para me prender, ao menos por hoje,
às margens secas das tuas águas

Barco Ancorado 25/06/2008


Os Rádio Macau acabam de anunciar um novo single para o disco "8", que a banda editou há algumas semanas.
'Entre As Memórias e o Sonho' é o segundo avanço para o registo, sucedendo a 'Cantiga D' Amor'.
O oitavo disco de estúdio dos Rádio Macau, e o primeiro de originais em cinco anos, marca o regresso ao pop/rock e a temas mais orgânicos e com menos recurso à electrónica. A acompanhar as canções a banda lançou um DVD com 12 filmes realizados por José Nascimento, dois dos quais ilustram inéditos que não foram incluídos no CD.

Olhando para trás, recordamos que os Rádio Macau deram início à sua já extensa carreira em 1980, ano em que nasceram as primeiras canções do grupo, na altura, constituído somente por Xana, Alex e Flak. Filipe Valentim só se juntou à banda três anos mais tarde, ocupando o lugar de teclista.
O grupo começou a dar nas vistas algum tempo depois, com a gravação de uma maquete, que contou com a participação de Ramalho na bateria. Uma vez captada a atenção das rádios e dos jornais, foi mais fácil conseguir espectáculos e entrevistas. Seguiu-se a assinatura do contrato com a EMI - Valentim de Carvalho, e a edição do primeiro álbum de originais da banda, em 1984, simplesmente intitulado "Rádio Macau". A crítica foi unânime, considerando o grupo como um dos mais importantes da música moderna portuguesa. Dois anos depois, foi editado "Spleen", um disco conceptual, cujo papel principal foi atribuído às letras, destacando-se no disco o texto de Pedro Malaquias - que passaria a ser colaborador regular nas letras dos Rádio Macau - para o tema "Entre a Espada e a Parede".

Depois de uma série de concertos inseridos numa digressão que passou por Espanha, Berlim e Grécia, os músicos editaram o "Elevador da Glória", em 1987: um álbum repleto de canções, gravado sem grandes artifícios e onde o protagonismo foi devolvido às guitarras. Coincidência ou não, o que é certo é que foi precisamente com o "Elevador da Glória" que os Rádio Macau viram subir ainda mais a glória da banda, tendo sido este o álbum mais vendido do grupo.
Mantendo uma evolução constante, os Rádio Macau editaram, dois anos mais tarde, o disco "O Rapaz do Trapézio Voador", onde os músicos trabalharam com meios técnicos até então nunca por eles utilizados, o que conferiu ao disco sons e ambientes inovadores. "Disco Pirata" surgiu em 1991 e, um ano mais tarde, foi a vez d'"A Marca Amarela", disco que se revela agora essencial para uma melhor compreensão da mudança de sonoridade praticada pela banda no álbum "Onde o Tempo Faz a Curva", do qual foi extraído "Uma Questão de Tempo", o primeiro single.
Nos álbuns seguintes, o outonal "Acordar" (2003) e o primaveril "8", a banda volta a interessar-se pela canção mais despida e por uma vertente mais acústica.

Após uma ausência de oito anos, os Rádio Macau voltaram a dar cartas em 2000. O trunfo tem por nome "Onde o Tempo Faz a Curva". Este afastamento prolongado do grupo não constituiu, no entanto, uma completa paragem por parte de Xana, Flak, Alex e Filipe Valentim.
Recorde-se que tanto Xana como Flak, aproveitaram este intervalo para desenvolver projectos a solo. Ela, vocalista da banda, editou em 1994 o disco "As Meninas Boas Vão Para o Céu, As Más Para Toda a Parte", ao qual sucedeu, quatro anos depois, o seu "Manual de Sobrevivência". Entretanto, aproveitou para se dedicar mais a sério ao curso de Filosofia que então frequentava. Ele, o guitarrista do grupo, desenvolveu o projecto "A Máquina do Almoço dá Pancadas" juntamente com Luís Filipe Valentim, Lívio, Rodrigo e Gui, tendo também editado o álbum "Flak" em 1998, um disco ao qual também deu a voz.

Alinhamento
Rádio Macau – Amanhã é sempre longe demais
Rádio Macau – O anzol
Mesa – Luz vaga (com Rui Reininho)
Xutos & Pontapés – Manhã submersa
Rádio Macau – Sempre mais
Jorge Palma – Encosta-te a mim
Clã – O sopro do coração
Rádio Macau – Cantiga d´amor

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Barco Ancorado 23/06/2008


Uma das verdadeiras estrelas da década de 80, em muito devido ao advento da MTV que a acompanhou no início da carreira, completou ontem 55 anos. Cyndi Lauper destacou-se desde cedo devido ao cariz singular da sua voz. Nascida em Nova Iorque, no bairro de Queens, Lauper decidiu abandonar o liceu ainda jovem, com o intuito de seguir uma carreira na música. Iniciou-se nas aulas de canto com Kathrine Agresta, e em 1977 aventurou-se pela primeira vez na composição a solo, com o auxílio de John Turi. Os Blue Angel foram o primeiro grupo que formou, ao lado de Turi. A dupla conquistou espaço próprio no meio musical de Nova Iorque, e chegou mesmo a gravar um álbum, o homónimo "Blue Angel" editado em 1980. As vendas do disco não foram, no entanto, as melhores, o que levou Lauper e Turi a determinarem o fim da aventura em conjunto.

Apesar dos contratempos iniciais, Cyndi Lauper não desistiu e continuou a perseguir o êxito, então a cantar em vários clubes da big apple. Em 1983, David Wolff, o seu namorado na altura, consegue assegurar-lhe um contrato com a editora Portrait e ainda nesse mesmo ano Lauper lança "She's So Unusual", o primeiro álbum a solo. O disco acabou por conquistar posições de destaque nos tops dos dois lados do Atlântico, graças a faixas como "Girls Just Wanna Have Fun" ou "Time After Time".

"True Colors", o segundo álbum de Cindy Lauper, chegou em 1986, mas para além do êxito do tema-título e da subida até ao quarto lugar da tabela de álbuns americana, ficou muito aquém do sucesso alcançado com o primeiro registo.
Passados novamente três anos, Lauper regressa aos discos com "A Night to Remember", que não superou, apesar de tudo, a modesta prestação do registo anterior, quedando-se pela 37ª posição no top americano.

O início da década de 90 trouxe consigo outras mudanças à vida de Cyndi Lauper, que terminou a sua relação com Wolff, casando-se depois com o actor David Thornton. Mais três anos foram necessários para a edição de um novo trabalho, "Hat Full of Stars" que, no entanto, não superou a pobre prestação dos anteriores. Seguiu-se a edição da compilação, "12 Deadly Sins and Then Some", que reavivou "Girls Just Wanna Have Fun" com uma remistura. "Sisters of Avalon", o novo álbum, chegou em 1997, um ano antes de "Merry Christmas, Have a Nice Life".
Já nesta década, surgiram à luz do dia “At Last”, “Shine”, “The Body Acoustic” e, já este ano, “Bring Ya To The Brink”.

Alinhamento
Cyndi Lauper – Girls just wanna have fun
Cyndi Lauper -Time after time
The Bangles – Eternal flame
Heart – Alone
Culture Club – Do you really want to hurt me
Cyndi Lauper – True colors
Berlin – Take my breath away
The Pretenders – I´ll stand by you
Cyndi Lauper - I drove all night

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Barco Ancorado 20/06/2008


Michael Jackson pode regressar aos palcos este ano. Quem o diz é o produtor Swizz Beatz, revelando que está a negociar a sua contribuição para uma digressão do cantor.
Esta revelação vem na sequência das notícias que indicam que Jackson pediu a Akon e Ne-Yo para colaborarem no seu próximo álbum, o qual, Swizz Beatz, confirma estar a produzir.
«Estou a trabalhar no novo material do Michael Jackson. Também devo provavelmente trabalhar na digressão e tudo», disse o produtor à MTV.com.
Correm rumores que Jackson vai ter um espectáculo regular em Las Vegas, depois de um consórcio ligado ao Las Vegas Hilton ter salvado da ruína o rancho Neverland, no início do ano.
A mais recente edição do rei da pop, foi o lançamento comemorativo dos 25 anos de "Thriller", que apresentou novas versões dos temas originais do registo de 1982, interpretadas em dueto com artistas como Kanye West e Will.I.Am.

Alinhamento
Michael Jackson – You are not alone
Michael Jackson – One day in your life
Madonna – Take a bow
Britney Spears - Everytime
Michael Jackson – Heal the world
R.E.M. - Everybody hurts
Michael Jackson - Cry

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Barco Ancorado 19/06/2008


Um dos maiores cantores e compositores brasileiros está hoje de parabéns. Chico Buarque completa 64 anos. Nasceu no Rio de Janeiro a 19 de Junho de 1944. A sua juventude foi passada entre o Brasil e a Itália, em muito devido à constante censura do seu trabalho feita pela ditadura militar brasileira. Mas a riqueza cultural e artística conquistada junto do pai, Sérgio Buarque de Hollanda, historiador e cúmplice na formação e desenvolvimento da bossa nova, e perto de Vinícius de Moraes, que visitava frequentemente a casa dos seus pais, contribuíram mais ainda para a sua natural apetência pelas artes. Assim, desde tenra idade, o jovem Chico encontrou o seu bem estar na música.

Os estudos de arquitectura na Universidade de São Paulo interromperam momentaneamente uma inclinação e um apego natural de Chico Buarque pela composição. A edição do álbum "Chega de Saudade", de João Gilberto, marcou em definitivo a mudança e a viragem na condução dos seus planos de vida. O primeiro registo de Chico, o single "Pedro Pedreiro" foi composto para uma peça de teatro, mas foi uma composição intitulada "Roda Viva", feita para a polémica peça de teatro com o mesmo nome, que Buarque conquistou o seu estatuto maior. A criação foi o suficiente para a prisão do músico que, pouco depois, partiu uma vez mais para o exílio em Itália.

O regresso de Chico Buarque ao Brasil ocorreu em 1970, quando gravou o tema "Apesar de Você", que foi, uma vez mais, censurado, dada a crítica explícita ao regime ditatorial. O álbum "Construção", que mostrou composições que em nada se assemelhavam à sua inspiração na bossa nova apareceu pouco depois, em 71. O compositor decidiu então criar um pseudónimo, para iludir a censura, e foi com a designação Julinho da Adelaide que lançou várias canções que conheceram o sucesso, como "Acorda" ou "Jorge Maravilha". Contudo, o regime militar não perdoou e o cantor foi quase proibido de lançar qualquer outra criação nos anos que se seguiram. Mesmo assim, durante essa altura, Chico gravou uma série de álbuns. Mas, só a meio da década de 80 é que conseguiu alguma liberdade criativa, e aproveitou o facto para compor novas canções, assumindo continuamente uma postura anti-estrela.

Na década de 90, Chico Buarque dedicou-se à literatura e escreveu dois livros, com os títulos "Estorvo", que mereceu a consagração num prémio de literatura brasileiro, e "Benjamim". O retorno aos espectáculos ao vivo, em 1994, foi feito com um novo espectáculo intitulado "Paratodos". A vida artística de Chico Buarque continuou sempre ligada à defesa das causas mais nobres, chegou até a participar numa campanha para a defesa da paz no futebol. Destaca-se ainda a adaptação para cinema de "Estorvo", que mereceu apresentação no festival de cinema de Cannes do ano 2000.
Após um longo jejum, Chico Buarque voltou a editar em 2006, um álbum de novas canções, "Carioca", que, apesar do título, é uma homenagem a São Paulo (onde o tratam por carioca). O disco motivou uma digressão ao vivo, raríssima nele, que passou pelos Coliseus de Lisboa e do Porto.

Alinhamento
Chico Buarque – Homenagem ao malandro
Chico Buarque – Gota d´água
Gal Costa – Meu nome é Gal
Marisa Monte – Tema de amor
Arnaldo Antunes – O silêncio
Chico Buarque – O que será que será
Caetano Veloso – Beleza pura
Daniela Mercury – À primeira vista
Zeca Baleiro - Flor de pele
Chico Buarque – Fado tropical

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Barco Ancorado 18/06/2008


A cantora brasileira Maria Bethânia completa esta quarta-feira 62 anos. A mudança da família para Salvador, quando Maria Bethânia tinha apenas 13 anos, acabou por ser um dos motivos maiores na escolha do mundo da música, por parte da irmã de Caetano Veloso. O gosto pelo mundo artístico, era algo que, no entanto, existia desde a mais tenra idade, quando então desejou ser actriz. A primeira aparição em palco da cantora ocorreu em 1963, no musical "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues. No ano seguinte, o irmão Caetano, que estava então em plena ascensão, juntou no palco Gilberto Gil, Gal Costa e Bethânia, num espectáculo que reuniu o quinteto e cujo título era simplesmente "Nós". Contudo, seria a presença no programa "Opinião", substituindo Nara Leão que lançou em definitivo a sua carreira.

O conjunto de originais "Maria Bethânia" apareceu no mercado em 1965, e marcou a estreia discográfica da cantora da Bahia.
Os anos que se seguiram contaram com a edição de vários trabalhos em nome próprio, para além de uma série de discos gravados com o irmão e com Gilberto Gil. O princípio dos anos 70, trouxe a primeira aparição de Bethânia no cinema, no filme "Quando o Carnaval Chegar", com Chico Buarque e Nara Leão. A comemoração de dez anos de carreira em 1974, motivou a realização do espectáculo "A Cena Muda", que ficou registado em disco, e a edição do longa duração "Alibi" de 1978, que logrou ser o primeiro registo de um artista brasileiro a atingir o milhão de cópias vendidas.

A cantora brasileira continuou depois com uma profícua produção ao longo dos anos que se seguiram, com momentos altos em discos como "Alteza" de 1981 ou no espectáculo "A Hora da Estrela", no qual cantou composições de Caetano e de Chico Buarque. No final da década de 80, Bethânia lançou o disco "Maria", onde participaram Jeanne Moreau e Gal Costa, antes de, em 1990, ter comemorado os 25 anos de carreira num show onde também estiveram Nina Simone e João Gilberto.

Os últimos registos editados por Maria Bethânia incluem o longa duração "Âmbar", de 1996, que motivou uma nova realização em palco, o duplo disco ao vivo, "Diamante Verdadeiro", editado em 1999 e "Maricotinha" de 2001. Em 2005, foi lançado o filme documentário sobre a vida e carreira, “Maria Bethânia, Música é perfume.”
Em 2006 foi a grande vencedora do Prêmio Tim, onde arrebatou três títulos: melhor cantora, melhor disco e melhor DVD. Ainda em 2006, lançou dois álbuns: Pirata, onde canta os rios do interior do Brasil, e Mar de Sophia, onde canta o mar a partir de versos da poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner.
Em 2007, foi novamente vencedora do Prémio Tim, em igualdade com Marisa Monte.

Alinhamento
Maria Bethânia – Onde estará o meu amor
Maria Bethânia – Casinha branca
Vinicius de Moraes (c/ Maria Creuza e Toquinho) – Eu sei que vou te amar
Tim Maia – Azul da cor do mar
Maria Bethânia – Quando você não está aqui
Elis Regina - Romaria
Djavan – Se acontecer
Milton Nascimento - Vida
Maria Bethânia – É o amor

terça-feira, 17 de junho de 2008

Silêncio


O poema atravessa,
como lâmina afiada,
o silêncio pesado
que cresce da fala

O trabalho da manhã,
ainda não concluído,
desta muda linguagem
de sons e fonemas

Roídos mecanismos,
engrenagens da língua,
do sigilo quase mudo
em nossas bocas cheias
de pútridas palavras

Palavra enigma do som
ainda não pronunciado,
cuja sintaxe ainda jorra
como jorra a clara água
da seca fonte

Fonte que não sacia a sede,
e jamais extingue a fome
de outras palavras, vazias,
em seu magro conteúdo

As mesmas palavras que,
belas, nascem de qualquer
fonte; fonte de coisas puras,
ainda sem nome

Fonte igual a qualquer fonte,
fonte de sons, de coisas
ácidas, alucinadas;
som que nos impele à fala

A mesma fala, soturna,
que nasce de qualquer
língua, do fácil silêncio
de qualquer palavra

Deste combate diário
entre o sono e a alegria,
enquanto o poema cava
o árido chão da poesia

O poema jamais cessa
seu trabalho inútil,
ainda não concluído,
pela extinta manhã

Enquanto surge o dia
o poema atravessa,
lâmina em brasa,
a pele do silêncio:
o núcleo do nada

Palavras (III)


Apreendendo o sentido dos termos, precisamos também apreender a sua insubstancialidade, o seu vazio, seu significado oculto. O mistério da palavra é profundo e poderoso, mas completamente passível de ser atingido por qualquer um. Por trás de tudo o que eu digo – seja verdadeiro ou falso, consciente ou auto-iludido – a minha verdadeira face apresenta-se. Toda a nossa condição humana depende de como sabemos expor as nossas ideias, e o quanto estas ideias representam as verdades mais saudáveis da sabedoria humana. Não há como disfarçar o engano e a falsidade nas palavras; mesmo aqueles que são capazes de suprema dissimulação, jamais lograram manter a sua falsa palavra por muito tempo. Da mesma forma – e pelos mesmos motivos – que as mentes violentas, cruéis e fanáticas são incapazes de sustentar os seus erros por muito tempo sem cair no esquecimento, descrédito ou vergonha, também as palavras brutas, frias, insensíveis ou imaturas não se sustentam mais do que bolhas de sabão.
Diante da necessidade de diálogo e aprendizagem, o praticante deve saber que o exercício da consciência depende do grau de sensibilidade em reconhecer a verdadeira meta. O objectivo final não pode ser expresso pelos signos e palavras, mas somente através deles poderemos reconhecer a existência de um sentido para a vida. Assim, qual é o pleno exercício de compreensão? Abrir-se para o mundo com liberdade de espírito e desprendimento dos conceitos. Além do egoísmo, as palavras são o meio mais eficaz de superação do actos de sofrimento, miséria, dor e iniquidades que o Homem faz contra si mesmo.
O caminho da eloquência e sabedoria passa por grandes descobertas humanas e engrandecimento pessoal. Será através dele que poderemos atingir a outra margem do rio da existência. Naquela margem habita o segredo mais belo e valioso: coerência nas acções e economia de palavras.

Barco Ancorado 17/06/2008


Lionel Richie quer reunir a sua antiga banda, os Commodores, da qual saiu em 1982 para prosseguir uma carreira a solo. Richie quer realizar uma digressão nos próximos dois anos.
No ano passado, o baixista Ronald La Pread juntou-se a Richie em palco para interpretar algumas canções dos Commodores. Da formação inicial, falta apenas o guitarrista Milan Williams, falecido há dois anos.
Esta terça-feira falamos de Lionel Richie no Barco Ancorado.

Lionel Richie deu os primeiros passos a solo em plena década de 80. No entanto, nessa altura, trazia já na bagagem mais de dez anos de carreira. O músico foi o principal impulsionador dos Commodores, uma banda Motown, que fundou no fim dos anos 60, e que liderou até 1981.
O músico, natural de Tuskegge, Alabama, onde nasceu em 1949, lançou o seu primeiro trabalho em nome próprio em 1982. "Lionel Richie" conheceu um êxito arrebatador, vendendo cerca de quatro milhões de unidades, que o colocaram no terceiro lugar da tabela de vendas norte-americana. No ano seguinte, repetiu o feito e lançou mais um êxito comercial, intitulado "Can't Slow Down", que acumulou um nível de vendas equivalente a oito milhões de cópias, para além de ter valido ao cantor o Grammy para Álbum do Ano, em 1984.

Em 1985, Lionel Richie juntou-se a Michael Jackson e Quincy Jones, com quem escreveu e gravou o tema "We Are The World", que angariou milhões de dólares para o combate à fome em África. Em 1986, o músico assinou o tema "Say You, Say Me", incluído na banda sonora do filme "White Nights", protagonizado por Gregory Hines e Mikhail Baryshnikov. Já em 1981, Richie tinha colaborado na banda sonora do filme "Endless Love", para o qual escreveu e interpretou o tema-título, que se tornou no single que mais vendeu na história da Motown até então.
Apesar do crescente sucesso vivido, o músico lançou o seu último registo da década de 80 em 1986, intitulado "Dancing On The Ceiling", que produziu singles como o tema-título, "Say You, Say Me" e "Se La".
Durante a década de 90, o músico manteve-se mais afastado das edições discográficas, devido a um problema de garganta recorrente, ao qual se juntou um divórcio e a morte do pai, que o fez repensar acerca das prioridades da sua vida.

O regresso de Lionel Richie aconteceu em 1992, com o greatest hits "Back To Front", a que sucedeu "Louder Than Words", em 1996, depois de assinado o contrato com a Mercury/Universal. O disco foi uma tentativa de actualização das sonoridades produzidas por Richie, adaptando-as à música produzida em finais de 90.
Depois de "Time", editado em 1998, Richie regressou a estúdio para gravar o álbum "Renaissance", que chegou ao mercado em 2001. O disco incluiu temas como "Angel", "Don't Stop the Music", "Cinderella" e "Tender Heart", que tentaram colocar o cantor novamente na ribalta, mas sem grande êxito.
Agora, Richie propõe-se reunir a sua antiga banda, os Commodores, da qual saiu em 1982.

Alinhamento
Lionel Richie – Just for you
Lionel Richie – Three times a lady
Peter Cetera (c/ Amy Grant) – The next time I fall
Diana Ross – Endless love
Lionel Richie – Stuck on you
Richard Marx – Right here waiting
Roberta Flack – Killing me softly with this song
Lionel Richie – The magic of love

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Barco Ancorado 16/06/2008


Demis Roussos completou ontem 62 anos. Artemios Ventouris Roussos nasceu em Alexandria filho de pais expatriados. Quer ele quer os pais nasceram no Egipto. Demis nasceu e foi criado em Alexandria. Por isso, seria fortemente influenciado pela música árabe. Aos dez anos de idade, fã do estilo jazz, aprendeu a tocar trombeta. Os seus pais perderam tudo e a família voltou para a Grécia, após a Crise do Canal de Suez, quando Demis tinha quinze anos.
A partir de então, Demis participou em vários grupos musicais. O primeiro, com 17 anos, The Idols, quando tinha de trabalhar para sustentar a família. Já nesse grupo Demis começou a destacar-se como cantor, a partir do momento em que foi solicitado para substituir o vocalista, que estava cansado, para cantar algumas músicas (o que começou com “The House of the Rising Sun” e “When a Man Loves a Woman”).

Com o compositor Lakis Vlavianos, Demis Roussos deu início à banda We Five, já como vocalista principal, mas só a partir de 1968 é que passaria a ser mais conhecido com a banda de rock progressivo Aphrodite’s Child, formada no Reino Unido, associando-se a outros dois músicos gregos, Vangelis Papatanassiou e Loukas Sideras. Vangelis seria o compositor principal e tocava teclados, enquanto Loukas era baterista. Por falta de permissão para trabalhar na Inglaterra, o grupo mudou-se para Paris, então atingida pela Revolução de Maio de 1968. O primeiro álbum foi Rain and Tears, que obteve tremendo sucesso e vendeu um milhão de discos apenas na França. Nessa ocasião nasceu a primeira filha de Demis, Emily. Nos três anos seguintes o desempenho do grupo foi excelente. Com a voz de estilo de ópera de Roussos, a banda passou a ter sucesso ao nível internacional, inclusive com 666, lançado em 1970. Logo após o lançamento dessa obra, por razões diversas, mas insistentemente pontuada pela mídia francesa como resistência dos cristãos da Europa a comparecerem nos shows, o que desencadeou uma múltipla série de cancelamento de agendas, os Aphrodite’s Child decidiram acabar com o grupo.

Apesar do fim dos Aphrodite’s Child, Demis Roussos continuou a gravar com Vangelis. Publicaram os álbuns Sex Power (1970) e Magic Together (1977). A obra de maior sucesso da dupla foi Race to the End, vocalmente adaptada da banda sonora do filme Chariots of Fire.
O seu primeiro compacto a solo seria a canção “We Shall Dance”. Logo a seguir gravou o álbum “On the Greek Side of My Mind”. Demis Roussos consagrou-se, então, como cantor em 1971. Forever And Ever, My Friend the Wind, Velvet Morning destacaram-se na década de 1970, bem como My Reason; Goodbye, My Love, Goodbye; Someday e Lovely Lady of Arcadia.
Demis Roussos já conseguiu lotar o Estádio Maracanã, no Brasil, com capacidade para 150.000 pessoas, façanha apenas conseguida por ele e por Frank Sinatra. Foi citado já no Livro de Recordes do Guinnes como personalidade de destaque do mundo do entretenimento musical das décadas de 70 e 80, ganhando mais de 100 discos de ouro, platina e diamante.

A 14 de Junho de 1985 ocorreu um facto que Demis considerou como um divisor de águas na sua vida. Quando viajava com a sua terceira esposa, o avião da TWA que fazia a ligação entre Atenas e Roma foi sequestrado. O facto de ver a morte de perto levou o cantor a refletir sobre o valor da vida, pelo que decidiu reassumir a sua carreira de cantor com gravações e shows ao vivo, como forma de contribuir para um futuro melhor para a humanidade. Gravou então mais vinte canções e compilou o álbum “The Story of Demis Roussos”. Paralelamente, tem participado em eventos como o Fórum pela Paz e Desarmamento e a Reunião da Cúpula da Terra.
Agora, com 62 anos, vive uma vida mais sossegada à beira mar na Grécia, gozando os louros de ser considerado como um dos cantores mais talentosos do século XX.

Alinhamento
Demis Roussos – From souvenirs to souvenirs
Demis Roussos – We shall dance
Chris de Burgh – Lady in red
Barbra Streisand – Woman in love
Rod Stewart – Shelly my love
Demis Roussos – Forever and ever
Barry White – Just the way you are
Eric Carmen – All by myself
Demis Roussos – Lovely lady of Arcadia

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Palavras II


Como praticar o dom da palavra? O primeiro passo para aprender esta arte é calar-se e escutar atentamente. Curando a nossa tendência de nos expressarmos inexoravelmente, sem jamais praticar a paciência de escutar ou entender. Devemos aprender a reconhecer melhor o sentido dos nossos pensamentos e opiniões. Ao fazer isso, atingiremos o entendimento crucial daquilo que estamos imaginando expressar, e assim saberemos se o que estamos a dizer é correcto. O mesmo processo se dá para as palavras alheias. A base da discordância entre os homens está no facto de que nos apegamos ao nossos argumentos, continuamos a falar ou a expressarmo-nos sem prestar atenção a mais nada, prendendo-nos ao sentido frio dos termos, ficando surdos ao que é dito pelos outros. E então, esquecemos que o acto de compreender deveria ser o objectivo de todo o diálogo. Sem compreensão atenta, a palavra limita-se a exprimir os ecos das nossas próprias ilusões, fantasias, racionalismos, ódios ou preconceitos.
Ouvir atentamente não é fácil. Corremos o risco de ouvir coisas duras e cruéis. Podemos ter que nos defrontar com ideias e opiniões constrangedoras, assustadoras e desprezíveis. Mas sem o esforço da escuta atenciosa, jamais saberemos usar a palavra com sabedoria. É preciso mergulhar fundo nas palavras alheias para que possamos expressar as nossas próprias palavras com cuidado e correcção. Entretanto, este enfrentamento não significa nem justifica agir com arrogância ou combatividade; podemos ouvir e falar sem cair na dor da disputa, da ofensa ou da agressão. Eis o melhor modo de atingirmos os méritos da linguagem verbal e escrita.

Barco Ancorado 13/06/2008


António Joaquim Rodrigues Ribeiro morreu há 24 anos. A 13 de Junho de 1984. Nasceu em Amares, em 1945 e, com apenas 12 anos, vogou rumo a Lisboa, tendo relatado o episódio da sua partida, anos mais tarde, no tema "Olhei Para Trás", incluído no álbum "Dar e Receber". Partiu, em seguida, para Londres e Amesterdão, para regressar a Lisboa em 1977, pronto para implantar a inovação na cidade. O cantor abriu num centro comercial o primeiro cabeleireiro unissexo da capital.
Foi no ano seguinte que a Valentim de Carvalho tomou pela primeira vez contacto com os dotes musicais do cantor, através de uma maqueta que o mesmo fez chegar à editora. Mas, só em 1982, editou o seu primeiro single, um duplo lado-A produzido por Ricardo Camacho, que incluiu o tema "Povo Que Lavas no Rio", um fado de Pedro Homem de Mello e Joaquim Campos imortalizado por Amália, e "Estou Além", este um original de António Joaquim Rodrigues Ribeiro. António Variações, hoje, no Barco Ancorado.

No compasso de espera que antecedeu a edição do seu primeiro single, António Variações fez a sua estreia televisiva no programa "O Passeio dos Alegres" pela mão de Júlio Isidro, ainda sob a designação de António & Variações, o nome da banda que o acompanhou durante a sua actuação. 'Vestido' de aspirina, o cantor interpretou o tema "Toma o Comprimido", ao mesmo tempo que lançava "smarties" para o público e para as câmaras.
"Anjo-da-Guarda", o álbum de estreia de António Variações, chegou às lojas em 1983, tendo sido alvo dos aplausos da crítica, tanto pela inovação do som presente no disco como pela sua originalidade. Variações passou então a ser um dos nomes de referência da música da época graças aos temas "Estou Além", "É P'rá Amanhã..." e "... O Corpo É Que Paga", muito divulgados pela rádio.

As gravações do sucessor de "Anjo-da-Guarda", intitulado "Dar e Receber", tiveram início em Fevereiro de 1984, nos Estúdios Valentim de Carvalho, e contaram com os Heróis do Mar como banda de apoio de António Variações. A produção do disco ficou a cargo de Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade, dois dos membros daquela banda.
O resultado final ficou disponível em Maio desse ano e, mais uma vez, o músico reuniu a aclamação do público e da crítica, tendo no entanto este seu segundo disco ficado um pouco aquém do sucesso alcançado com o trabalho anterior.
"Canção de Engate", tema incluído em "Dar e Receber", foi o último grande êxito do cantor, uma vez que cerca de um mês depois da edição do disco, em 13 de Junho de 1984 (curiosamente, dia de Santo António), António Variações falecia no hospital da Cruz Vermelha. Mais tarde, uma versão deste tema deu aos Delfins um dos seus grandes êxitos e Lena d'Água fez um disco inteiramente preenchido com canções do músico, muitas delas inéditas.

Dez anos após a morte de António Variações, Manuel Faria (Trovante) produziu um disco de homenagem em que participaram muitos nomes conhecidos da nossa música como Sérgio Godinho, Resistência ou Três Tristes Tigres.
Em 2000, foi reeditado "Dar e Receber", numa versão remasterizada, e que inclui o tema inédito "Minha Cara Sem Fronteiras", nunca anteriormente editado.
Mais tarde, seriam os Humanos, um projecto interessantíssimo, a contribuir para a imortalização da música de Variações.

Alinhamento
António Variações – Povo que lavas no rio
António Variações – Anjo da guarda
Humanos – Muda de vida
Humanos – Quero é viver
António Variações – Sempre ausente
Humanos - Rugas
António Variações – Estou além

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Barco Ancorado 12/06/2008


Paul McCartney está a planear aquela que será a sua última digressão mundial.
Segundo a notícia avançada por uma fonte próxima do músico ao jornal Sunday Mirror, o ex-Beatle quer passar mais tempo com a família. Quer descansar e aproveitar a infância da filha Beatrice.
A próxima digressão engloba um total de 100 datas em todo o mundo e durará cerca de dois anos.
A mais nova do clã McCartney é a pequena Beatrice, de quatro anos, fruto do seu casamento com a ex-modelo Heather Mills.

Paul McCartney dispensa grandes apresentações, não fosse ele o ex-elemento dos míticos Beatles que alcançou maior sucesso a solo.
O músico nasceu a 18 de Junho de 1942 em Liverpool. Com apenas 14 anos, escreveu a sua primeira canção, "I Lost My Girl" e um ano mais tarde conheceu Lennon na St. Peter's Church Fete, numa altura em que fundava a sua primeira banda, os Quarrymen.
Em 1960 dá-se a formação dos Beatles e a partir daí o anonimato deixou de fazer parte do seu dia-a-dia. Em 1969 casou-se com a fotógrafa Linda Eastman e começou a trabalhar no seu álbum a solo, no estúdio que mantinha em sua casa. Pouco antes do lançamento do seu álbum de estreia, "McCartney", em Abril de 1970 anunciou que os Beatles se iam separar, contra os desejos dos restantes membros da banda. O resultado foi o despoletar de uma grande tensão entre os quatro, que mesmo assim não foi suficiente para atrapalhar o êxito do primeiro álbum de McCartney.

Em 1971, funda os Wings, uma banda composta pelo guitarrista Denny Laine e pelo baterista Denny Seiwell, ambos ex-Moody Blues. A grande projecção surgiu com o tema "Live And Let Die", que criou para a para a banda sonora do filme James Bond.
Um ano depois do início de uma digressão japonesa, em 1980, McCartney é preso pela posse de marijuana e permanece detido durante 10 dias, sem no entanto serem apresentadas queixas.
No ano seguinte, a banda acaba por ser desmantelada.
Em 1983, Paul McCartney cantou em "The Girl Is Mine", o primeiro single do álbum revelação de Michael Jackson, "Thriller" e, em troca, o Rei do Pop cantou com ele um dueto intitulado "Say Say Say", presente no álbum "Pipes Of Peace".
Depois de tanta experiência no mundo da música, McCartney decidiu enveredar na banda sonora de "Give My Regard To Broad Street", da qual foi extraído o êxito "No More Lonely Nights".
No Verão de 1997, o álbum "Flaming Pie" chega às lojas e assinala um dos seus maiores êxitos discográficos, talvez beneficiado pelo sucesso da antologia dos Beatles e que culminou quando a Rainha de Inglaterra lhe concedeu o título de Cavaleiro.
A 17 de Abril de 1998, a sua mulher Linda McCartney morre, depois de uma batalha de três anos contra um cancro na mama. Os serviços fúnebres decorreram em Londres e Nova Iorque e assinalaram o primeiro reencontro em público dos três membros sobreviventes dos Beatles em 30 anos.

Depois da morte de Linda, McCartney assumiu, durante meses, uma postura mais discreta, dando seguimento ao legado da esposa nas campanhas pela defesa dos animais e em Março de 1999 é introduzido no Rock And Roll Hall Of Fame como artista a solo.
Na sequência dos atentados de 11 de Setembro, McCartney organiza o Concert For New York, que decorre a 20 de Outubro de 2001 no Madison Square Garden e que conta com a participação de uma extensa lista de músicos e celebridades. Por esta altura, os prémios pelos seus feitos humanitários sucedem-se e culminam com uma homenagem da Amnistia Internacional, em 2002.
A 11 de Junho desse mesmo ano, casa-se com Heather Mills, três anos depois de se terem conhecido. Meses mais tarde, o músico anuncia a digressão "Back In The U.S.", que percorre território norte-americano durante 23 concertos e dá origem a um álbum ao vivo com o mesmo nome.

Alinhamento
Paul McCartney - Young boy
Paul McCartney (c/ Wings) – My love
John Lennon – Jealous guy
Carly Simon – Coming around again
Cat Stevens – Morning has broken
Paul McCartney (c/ Wings) – Band on the run
Simon & Garfunkel – Bridge over troubled water
Paul McCartney – No more lonely nights

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Palavras (I)


Embora tenha muito a dizer, faço-o com muito pouca frequência. Ou talvez o faça de uma forma particular e num ritmo que a minha prática determina. Esta é a maneira, dentre muitas outras, através da qual procuro exercitar a habilidade de dizer sem falar.
O que dizemos e ouvimos, escrevemos e lemos, pode conduzir-nos à felicidade ou ao intenso sofrimento. As palavras aglutinam e organizam as nossas ideias, podem ser as guias orientadoras das acções meritórias e engrandecedoras do espírito humano. Mas nem sempre o verbo proferido nos coloca no caminho da compreensão; muitas vezes conduz ao desastre. Portanto, deveríamos estar atentos ao que fazemos com as palavras, ao uso e abuso que podemos dar a estes sinais ou vocalizações abstractas, criados para nomear e definir, mas muitas vezes usados para confundir e enganar.
Entendemos a palavra do modo que as nossas expectativas ansiosamente a definem, e não apreendemos o significado fundamental a que ela simplesmente alude. Olhamos o dedo, e não a lua que ele aponta. Eis porque muitas vezes agimos, falamos e pensamos coisas que podem fazer mal aos nossos corações e aos corações alheios. O grande mal da Torre de Babel é fazer aflorar nos lábios e nas letras toda a doença da incompreensão que caracteriza as mentes de muitos homens e mulheres.

Barco Ancorado 11/06/2008


Completam-se hoje quatro anos da morte de Ray Charles, pianista pioneiro e cantor de música soul que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de ter sido um inovador intérprete de R&B. O seu nome de nascimento era Raymond Charles Robinson, mas encurtou-o quando entrou na indústria do entretenimento para evitar confusão com o famoso boxeur Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores génios da música negra americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.

Cego aos sete anos de idade devido a um glaucoma e órfão na adolescência, Ray Charles iniciou a sua carreira a tocar piano e a cantar em grupos de gospel, no final dos anos 40. A princípio influenciado por Nat King Cole, trocou o gospel por baladas profanas e, após assinar com a Atlantic Records em 1952, enveredou pelo R&B. Quando o rock & roll estourou com Elvis Presley em 1955, e cantores negros como Chuck Berry e Little Richard foram promovidos, Ray Charles aproveitou o espaço aberto e lançou sucessos como "I got woman" (gravada depois por Elvis), "Talkin about you", "What I'd say", "Litle girl of Mine" ,"Hit The Road Jack", entre outros, reunindo elementos de R&B e gospel nas músicas de uma forma que abriram caminho para a soul music dos anos 60, tornando-o um astro reverenciado do pop negro.

Embora sempre ligado ao soul, Ray Charles não se ateve a nenhum género musical negro específico: ligou-se ao jazz, gravou baladas românticas chorosas e standards da canção americana. Entre os seus sucessos históricos desta fase estão canções como "Unchain my heart", "Ruby", "Cry me a river", "Georgia on my mind" e baladas country como "Sweet memories", e o seu maior sucesso comercial, "I can't stop loving you", de 1962. Apesar de problemas com drogas que lhe prejudicaram a carreira, as interpretações de Ray Charles sempre foram apreciadas, não importando as músicas que cantasse. Uma aura de genialidade reconhecida acompanhou-o até ao fim da vida e mais do que nos últimos álbuns que gravou, era nas suas apresentações ao vivo que o seu talento único podia ser apreciado.

Notório mulherengo, Ray Charles casou-se duas vezes e foi pai de 12 crianças de sete mulheres diferentes. A sua primeira esposa, Eileen Williams (casados em 1951, divorciados em 1952), deu-lhe um filho. Outros três filhos são do seu segundo casamento, em 1955, com Della Beatrice Howard (divorciaram-se em 1977).
O filme Ray, de 2004, interpretado por Jamie Foxx (vencedor do Óscar pelo papel) conta a vida do músico, partindo do momento em que deixa a sua casa em direcção a Seattle, para tentar a carreira profissional, até ao sucesso e o vício da heroína e a sua luta para se livrar dela, intercalando inúmeros flashbacks, onde o protagonista relembra os conselhos da sua mãe e momentos da sua infância, quando perdeu o irmão (que morreu afogado) e quando ficou cego.

Alinhamento
Ray Charles – Georgia on my mind
Ray Charles – Somewhere over the rainbow
Otis Redding – These arms of mine
The Marketts – Out of limits
Gladys Knight – Licence to kill
Ray Charles – I can´t stop loving you
Roberta Flack – Killing me softly with this song
James Ingram (c/ Linda Ronstadt) – Somewhere out there
Ray Charles (c/ Elton John) – Sorry seems to be the hardest one

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Barco Ancorado 09/06/2008


Os Linkin Park foram os protagonistas do encerramento da terceira edição do Rock In Rio-Lisboa. Com os Offspring a servirem de 'aperitivo' para o nu-metal dos seus conterrâneos, os Linkin Park ofereceram também alguns momentos mais pop-rock.
Um ano depois de ter actuado no Alive!, o colectivo de Chester Bennington e Mike Sinoda voltou a fazer saltar o público, mas desta vez em número substancialmente maior. Por isso aproveitou para mostrar ao vivo mais do seu novo álbum, "Minutes to Midnight', do que na última passagem por território luso. 'Wake' e até as mais calmas e de registo mais pop-rock como 'Last Shadow of The Day' ou 'Leave Out All The Rest' começam a rivalizar em popularidade com outros entretanto já convertidos em hits: 'What I've Done', 'Given Up' ou a incendiária 'Bleed It Out'.

Mesmo apostando sobretudo no novo disco, os Linkin Park souberam dosear o alinhamento intercalando os temas recentes com os seus êxitos antigos, de forma a manter a energia da assistência ao longo de todo o concerto.
'Somewhere I Belong', 'Numb', 'Crawling', 'In the End' e 'Lying from You', foram alguns dos êxitos que o grupo fez desfilar alternadamente, antes do encore, à semelhança do que fez com os ritmos dos temas, com a sonoridade dos mesmos, ora mais metal ora mais hip-hop, e com a proximidade com os fãs a repartir-se também de forma equilibrada. Chester e Sinoda desciam à vez junto às grades para cantarem sob a multidão, que não se fez, contudo, rogada quando chegou também a hora de aplaudir a prestação de Sinoda nas teclas, de Chester nos seus rasgos vocais prolongados e dos outros músicos, quando ocasionalmente sobressaiam em relação à dupla de vocalistas.

Na última paragem dos Linkin Park junto da multidão, Sinoda quase levava um cachecol azul e branco, mas avisado ou não dos acontecimentos recentes, optou por cantar segurando a bandeira de Portugal, sendo que esta esteve desde o início do espectáculo pendurada no orgão, a que volta e meia recorria. Foi, de resto, com esse instrumento na base que 'Shadow of the Day' e 'Valentine's Day', proporcionaram os momentos mais melódicos da noite, no tal registo pop-rock que manteve a voz de Chester num tom mais a baixo e sem variações de maior.
Com 'Bleed It Out' a dar a saída para o encore, o final fez-se dos mesmos pulos que marcaram o início e quase todo o concerto. 'Breaking the Habit' quebrou o cansaço que já se fazia sentir, mas a despedida em grande fez-se com o regresso ao primeiro álbum, "Hybrid Theory", nos tons mais escuros das guitarras do nu-metal dos Linkin Park, com 'Place For My Head' e 'One Step Closer'.

O Rock In Rio despediu-se efectivamente ao som do rock. Da edição de 2008 ficam também na memória o concerto de Amy Winehouse, pela curiosidade em torno da cantora e pelo seu fraco espectáculo, a estreia dos Tokio Hotel em território nacional e o regresso em grande dos Bon Jovi aos palcos nacionais.

Alinhamento
Linkin Park – Nobody´s listening
Linkin Park – Numb
Evanescence – Bring me to life
Nirvana – Come as you are
Green Day - Whatsername
Linkin Park – Crawling
Red Hot Chili Peppers - Californication
Pearl Jam - Alive
Linkin Park – Shadow of the day

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Barco Ancorado 06/06/2008


Arnaldo Antunes vai subir ao palco da Casa da Música, no Porto, no dia 23 de Julho.
O cantor e compositor brasileiro, que durante muitos anos foi a face da histórica banda, Titãs, vem ao nosso país a solo apresentar a última edição "Ao Vivo". A acompanhá-lo em palco vai estar Manuela Azevedo, a vocalista dos Clã, com quem já tinha colaborado em alguns temas.
Os bilhetes custam entre 20 e 25 euros.

Arnaldo Antunes: o seu nome é habitualmente associado à música. No entanto, e a provar que é no verdadeiro sentido da expressão um homem das artes, dedica-se também à poesia e ao vídeo, construindo não só espectáculos musicais como também performances. Entrou para a vida artística na década de 80, pela mão do grupo de rock brasileiro Titãs, que integrou durante dez anos. De 1982 até 1992, Arnaldo Antunes gravou sete álbuns com a banda, tendo no entanto, continuado a colaborar como compositor nos discos que sucederam à sua partida.
Natural de São Paulo, o artista segue uma carreira a solo desde que abandonou os Titãs, tendo editado o primeiro álbum em nome próprio, intitulado "Nome", em 1993. Dois anos depois, "Ninguém" viu a luz do dia e "O Silêncio" chegava no ano seguinte. Com o decorrer da década de 90, as músicas de Arnaldo Antunes foram sendo aproveitadas para colectâneas estrangeiras, tais como "Beleza Tropical 2 ­ New! More! Better", esta com o cunho pessoal de David Byrne, responsável pela editora Luaka Bop.

Ainda antes da chegada aos escaparates de novo álbum de originais, o músico compôs a banda sonora para um espectáculo da Companhia de Dança "O Corpo", de Minas Gerais, e uma outra para uma performance do artista plástico Tunga, intitulada Teresa. Em 1999, o teledisco promocional do single "Música Para Ouvir", dirigido por Andrew Waddington e Toni Vanzolini, foi distinguido com o galardão de Melhor Clip Pop Brasileiro nos prémios MTV Brasil.
Ao longo da sua carreira, o músico já assinou composições em parceria com artistas tão distintos como Lenine, Carlinhos Brown, Cazuza, Arto Lindsay, Gilberto Gil, entre muitos outros. Colaborou também com a cantora Marisa Monte no álbum "Paradeiro", editado em 2001. A cantora deu voz ao tema-título, e entre as demais participações conta-se ainda o nome de Carlinhos Brown, produtor do disco, que por várias vezes assume também as funções de músico e vocalista.

Arnaldo Antunes tem mais de centena e meia de canções assinadas por si e cantadas por outros artistas brasileiros, como Marisa Monte ("Beija Eu", "Comida", "Bem Leve", "Alta Noite"), Gal Costa ("Cabelo"), Gilberto Gil e Caetano Veloso ("As Coisas"), Barão Vermelho (Quem Me Olha Só"), Rita Lee ("O Que Você Quer"), entre muitos outros, e é dele o original de "H2 Homem", cantado pelos Clã .

Alinhamento
Arnaldo Antunes – O silêncio
Arnaldo Antunes (c/ Titãs) – É preciso saber viver
Tim Maia e Marisa Monte – Ainda lembro
Djavan – Meu bem-querer
Maria Bethânia – Casinha branca
Arnaldo Antunes (c/ Titãs) - Epitáfio
Chico Buarque – Gota d´água
Milton Nascimento – Amor amigo
Elis Regina - Romaria
Arnaldo Antunes (c/ Tribalistas) – Passe em casa

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Um tudo ou nada


Sinto saudades do dia em que nunca nos encontramos
Daquele em que não nos vimos pela primeira vez
Desse em que nunca te tive
Daquele em que não falaste o que eu queria ouvir
Da nossa primeira noite que jamais houve
Quando deixamos de conhecer-nos biblicamente até ao desmaio

Tenho sede da noite em que nem começamos a beber-nos
Sinto fome dos momentos em que não estávamos um no outro
Devorando-nos gota a gota

Poderia desenhar com os mínimos detalhes tudo o que não aconteceu
O amor que não explodiu
O desejo que não cristalizou
Todo esse nada que não vivemos tão intensamente separados

Uma saudade como se nunca tivesse acontecido
Como este afago que não te mando
e que ainda assim nunca receberás

Barco Ancorado 05/06/2008


A formação original dos Simple Minds prepara-se para regressar a estúdio, pela primeira vez em 27 anos.
Brian McGee, Derek Forbes, Mick McNeil, Jim Kerr e Charlie Burchill vão voltar a estar juntos em estúdio, no próximo Verão, para gravar, pelo menos para já, dois temas novos, embora estejam previstas mais sessões de gravação. Esta reunião dos membros originais da banda assinala o 30º aniversário de carreira dos Simple Minds, que vai ser também marcado por uma série de datas ao vivo. Até ao momento, o grupo tem agendados seis espectáculos para o Reino Unido, a decorrerem no final deste ano.

Os Simple Minds conquistaram o mercado norte-americano com o mega-hit "Don't You (Forget About Me)", incluído na banda-sonora do filme "The Breakfast Club". A banda nasceu em Glasgow, Escócia, em 1978, emergindo da cena art rock pós-punk, influenciada por grupos como os Roxy Music.
Os Minds começam as suas actividades como banda punk, com o nome Johnny And The Self-Abusers, incluindo na sua formação o guitarrista Charlie Burchill e o vocalista Jim Kerr. O grupo, no início, contava ainda nas suas fileiras com Tony Donald no baixo (que é, pouco tempo depois, substituído por Derek Forbes), Brian McGee na bateria e Mick McNeil nas teclas.
Os seus primeiros álbuns oscilavam entre vários estilos, com "Life In A Day", o seu álbum de estreia de 1979, a incluir temas, na sua maioria, densos e canções pop arty. Seguiu-se "Real To Real Cacophony", um álbum de art rock mais experimental, à semelhança do seu trabalho subsequente, "Empires And Dance".

Nos primeiros anos da década de 80, os Simple Minds operam a transição para uma pop mais acessível, com os álbuns "Sons And Fascination" e "Sister Feelings Call", ambos de 1981. Quanto a “New Gold Dream”, o seguinte, tornou-se no seu primeiro trabalho a entrar nas tabelas norte-americanas. Na mesma a altura, McGee abandona o grupo e é substituído por Mel Gaynor.
Os álbuns sucedem-se; "Life In A Simple Day"e "Sparkle In The Rain". Pouco depois da edição deste último, Jim Kerr casa com Chrissie Hynde (a famosa cantora dos Pretenders).
Os Simple Minds gravam então o tema "Don't You Forget About Me", o seu maior sucesso, isto depois de Bryan Ferry se ter recusado a dar voz à canção. Apesar disto, o tema não era do agrado de Jim Kerr, acabando por nem ser incluído no álbum seguinte da banda "Once Upon A Time" de 1985 - um disco que alcança o Ouro e chega ao top ten norte-americano, tornando o grupo num dos mais populares da época do Live Aid.Segue-se "Street Fighting Years", um álbum de cariz político que afasta os Simple Minds do maistream, para onde se tinham encaminhado com "Once Upon A Time".

Os Simple Minds regressam a composições mais pessoais e directas com "Real Life", de 1991, um álbum recheado de hinos rock. No entanto, estas mudanças levam-nos a uma perda de público, ameaçando mesmo a sua continuidade enquanto grupo. Em 1995, gravam "Good News From The Next World" mas, um ano depois, Kerr e Burchill são os únicos membros resistentes do grupo.
O ano de 1998 marca o regresso da banda aos discos com "Neapolis", um trabalho que marca também a volta, ao seio dos Simple Minds, do baixista Derek Forbes. Em 2001, a banda editou um novo trabalho, intitulado "Neon Lights", composto por versões de temas originalmente assinados por nomes como Van Morrison, Patti Smith, Roxy Music, Doors, Velvet Undergound, entre outros.

Alinhamento
Simple Minds – Let there be love
Simple Minds – Don´t you forget about me
Talk Talk – It´s my life
Human League – Human
Simple Minds – Alive and kicking
Soft Cell – Tainted love
Cutting Crew – I´d just died in your arms tonight
Simple Minds – Mandela day

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Barco Ancorado 04/06/2008


Um dos maiores compositores e intérpretes da música portuguesa faz hoje 58 anos. Poeta boémio e um "trovador errante", como já alguém o chamou. Uma figura de culto, que consegue reunir à sua volta um grupo de fiéis seguidores.
Jorge Palma nasceu em Lisboa, a 4 de Junho de 1950. Com apenas seis anos, enquanto aprendia a ler e a escrever, iniciou os estudos de piano. Aos oito, realiza a sua primeira audição no Conservatório Nacional. Em 1963, venceu o segundo prémio e uma menção honrosa num Concurso Internacional das Juventudes Musicais em Palma de Maiorca. No ano seguinte, abandona a música clássica e começa a tocar guitarra, dedicando-se à música pop/rock. Em 1969, integra o grupo hard/rock Sindikato, ao mesmo tempo que estuda na Faculdade de Ciências de Lisboa. Nesta altura, começa a trabalhar na escrita de canções, compondo os seus primeiros temas, curiosamente em inglês. O grupo acaba por gravar um single e um álbum de versões.

A estreia a solo de Jorge Palma dá-se em 1972 com o single "The Nine Billion Names Of God". Nesse ano, abandona os estudos de engenharia e realiza a sua primeira viagem transcontinental, que o leva aos EUA, Canadá e Caraíbas. No ano seguinte, edita novo single, desta feita em português, resultado de um trabalho de aperfeiçoamento da escrita na nossa língua com o poeta Ary dos Santos. Nesta altura, surgem as primeiras encomendas de composição e orquestração para outros artistas. Ainda em 73, é chamado a cumprir o serviço militar obrigatório, ao qual escapa, exilando-se na Dinamarca com a mulher, Gisela Branco. Regressa ao nosso país no ano seguinte, quando é posto ao corrente dos acontecimentos do 25 de Abril.
O primeiro LP, "Uma Viagem na Palma da Mão", é lançado em 1975 e coincide com um período de intenso trabalho como orquestrador, compositor e letrista. De registar ainda a sua participação no primeiro Festival da Canção do pós 25 de Abril. Em 1977, lançou o segundo álbum "Té Já", passando pelo Brasil e Espanha, onde tocou na rua, em várias cidades. Nos dois anos seguintes, desloca-se até França, nomeadamente a Paris, onde volta a tocar um pouco por toda a parte, desde bares e esplanadas passando pelo metropolitano. Em 79, novo regresso ao nosso país, marcado com o terceiro álbum "Qualquer Coisa Pá Música". E em 82, depois de regressar, novamente de Paris, com a sua segunda mulher, grava um duplo LP, "Acto Contínuo". Dois anos depois, é a vez de "Asas e Penas". E em 85, edita um dos seus mais aclamados álbuns de sempre, "O Lado Errado da Noite" do qual extrai o single "Deixa-me Rir", que é, ainda hoje, um dos seus maiores êxitos comerciais).

Em 1986, Jorge Palma conclui o Curso Geral de Piano e grava o seu sétimo álbum de originais "Quarto Minguante". Nos anos seguintes, continua a dedicar-se ao piano, tendo, em 1990, concluído o Curso Superior de Piano do Conservatório de Lisboa, um ano depois de editar o seu último álbum de originais até ao momento, "Bairro do Amor". Este disco chega a ser considerado pelos jornais "Público" e "Diário de Notícias", como um dos álbuns do século da música portuguesa. O disco marca também a ruptura com a sua editora, a EMI-Valentim de Carvalho (que recusou a sua edição), e a passagem para a Polygram. Em 91, foi editado, "Só", uma compilação de velhos temas tocados apenas com piano e voz. Forma, em 92, com os seus amigos Zé Pedro, Kalú, Flak e Alex o grupo "Palma's Gang", que revisita alguns dos seus temas, agora em versão eléctrica. Um ano depois está à venda o "Palma's Gang: Ao Vivo no Johnny Guitar". Os anos seguintes ficam marcados pela colaboração com outros músicos em vários projectos, sendo de destacar, em 96, a sua participação nos Rio Grande, juntando-se a Tim, João Gil, Rui Veloso e Vitorino, num trabalho que homenageia a música tradicional portuguesa e que foi coroado com um enorme sucesso comercial.. Participou ainda em vários espectáculos, como os "Filhos de Rimbaud", em colaboração com Sérgio Godinho, João Peste, Rui Reininho e Al Berto. Nesse mesmo ano, a EMI edita a compilação "Deixa-me Rir".

Em 1997 Jorge Palma continua a colaboração com outros músicos e os Rio Grande editam o seu segundo LP. Já em 98, destaca-se a sua participação na Expo-98, em espectáculos a solo e como convidado de Amélia Muge. Foi, ainda, director musical do espectáculo "Aos Que Nasceram Depois De Nós", baseado em textos de Bertold Brecht. O ano de 99, foi novamente marcado por vários concertos e participações nos álbuns, "XX Anos XX Bandas" de homenagem aos Xutos & Pontapés, e "Tatuagem" de Mafalda Veiga.
Em 2001, depois da colectânea "Dá-me Lume", editada um ano antes, Jorge Palma regressa com o primeiro disco de originais em 12 anos: o muito aguardado álbum homónimo com produção de Flak. No ano seguinte, em celebração dos trinta anos de carreira, Palma editou em disco o resultado do concerto que havia dado no mês de Junho desse ano no Teatro Villaret, em Lisboa, em versão acústica.
Mais recentemente, o músico trouxe à ribalta aquele que é já um dos seus maiores sucessos de sempre. E é com ele que fechamos o Barco Ancorado: “Encosta-te a mim”.

Alinhamento
Jorge Palma – Deixa-me rir
Jorge Palma – Bairro do amor
Sérgio Godinho – O primeiro dia
Clã – Conta-me histórias
Jorge Palma - Frágil
Xutos & Pontapés – Manhã submersa
Rui Veloso – Porto seguro
Jorge Palma – Encosta-te a mim

terça-feira, 3 de junho de 2008

Paz


É Inverno na paisagem que conheci na primavera madura...
As ameixeiras estão desfolhadas...
No lago de lótus não há nenhum lótus...
O relvado é um campo de neve...
Mas como as ameixeiras dão frutos
o lago de lótus cobre-se de folhas
botões e flores, o relvado fica verde
e pululam os insectos...

Basta olhar em profundidade
para ver que não há nascimento nem morte
Apenas um jogo de esconde-esconde
Há somente continuação
quando conseguimos vislumbrar

E se tudo parece falar-nos de impermanência...
A própria impermanência é a única coisa permanente
e aponta-nos a paz...

Barco Ancorado 03/06/2008


As cinzas de Kurt Cobain, o falecido vocalista dos Nirvana, aparentemente desapareceram da casa da sua mulher, Courtney Love.
Segundo o blog News of The World, os restos mortais do músico, cujo paradeiro se desconhecia antes do sucedido, foram roubados da mansão de Love em Los Angeles.
O site indica que as cinzas, que estavam guardadas num «saco em forma de urso de peluche cor de rosa, junto a uma mecha do seu cabelo», foram levadas juntamente com joalharia e roupas.
«Não acredito que alguém me tirasse as cinzas do Kurt. Acho horrível e neste momento estou suicida. Se não as recuperar não sei o que vou fazer» disse Courtney Love.
Recorde-se que parte das cinzas de Kurt Cobain foram espalhadas junto à sua casa em Washington Square e no templo budista de Nova Iorque, na altura do falecimento do músico em 1994.
Aproveitando esta notícia insólita, hoje falamos dos Nirvana no Barco Ancorado.

A história dos Nirvana principiou em 1985, quando Kurt Cobain e Chris Novoselic se encontraram em Aberdeen, uma pequena cidade perto de Seattle. O percurso de ambos era até então feito de presenças pontuais em colectivos de música punk, como os Fecal Matter. O encontro de Novoselic e Cobain resultou depois na formação de diversos agrupamentos, como os Stiff Woodies. As alterações na designação e nos elementos do colectivo prolongaram-se durante algum tempo, até à entrada de Chad Channing para a bateria em 86, e à fixação na designação Nirvana em 1987.
O primeiro registo dos Nirvana foi lançado no final de 1988. "Bleach" levou a música da banda junto do público e chamou a atenção de nomes como os Sonic Youth ou os Mudhoney. No Verão desse mesmo ano, a banda gravou o single "Sliver". A entrada do baterista Dave Grohl para o lugar de Channing foi a última alteração feita no colectivo do agrupamento. A assinatura de um contrato com a editora de David Geffen antecedeu o lançamento de "Nevermind", em 1991. O álbum depressa se transformou num sucesso à escala maior, e vendeu vários milhões de cópias, conquistando a tripla platina nos Estados Unidos. Os Nirvana eram então os representantes máximos do movimento grunge que se formou em Seattle, e faixas como "Smells Like Teen Spirit" ou "Lithium" passaram, ininterruptamente, nas rádios e na MTV. Contudo, o crescendo do sucesso da banda serviu também para que as notícias relativas ao abuso de drogas por parte de Cobain e da mulher, Courtney Love, fossem cada vez mais regulares. O primeiro episódio relativo a uma tentativa de suicídio protagonizada por Cobain ocorreu ainda antes do lançamento do novo disco.

A edição do segundo álbum dos Nirvana foi consecutivamente adiada, e só em 1993 é que a banda lançou um novo conjunto de originais, intitulado "In Utero". Mas os problemas de Cobain continuaram, e os episódios menos felizes com drogas repetiram-se de forma intermitente. A gravação de um concerto acústico para a MTV precedeu a segunda tentativa de suicídio por parte de Cobain, desta vez em Roma.
A entrada num centro de recuperação para toxicodependentes, já de regresso a Seattle, adiou por momentos o desejo do vocalista dos Nirvana. No dia 8 de Abril de 1994, o corpo de Cobain é encontrado. O criativo da banda mais celebrizada dos anos 90 tinha disparado um tiro na cabeça há já três dias.

Após a morte de Kurt Cobain, os restantes Nirvana, Chris Novoselic e Dave Grohl, partiram em busca de outros projectos, sendo que Grohl formou os Foo Fighters e Chris os Sweet 75. A memória da banda liderada por Cobain prolongou-se depois, no lançamento do álbum "MTV Unplugged In New York" e dois anos mais tarde num registo ao vivo, "From The Muddy Banks Of The Wishkah".
Em Outubro de 2002, foi editado o "Greatest Hits" da banda, onde seria incluído o tema inédito "You Know You're Right".

Alinhamento
Nirvana – Smells like teen spirit
Nirvana – All apologies
Pearl Jam - Alive
Foo Fighters – Walking after you
Nirvana – Come as you are
Led Zepellin – All my love
Rolling Stones – Anybody seen my baby
Nirvana – Where did you sleep last night