sexta-feira, 30 de maio de 2008

Barco Ancorado 30/05/2008


Arranca esta sexta-feira a edição 2008 do Rock In Rio no Parque da Belavista, em Lisboa. O dia ficará marcado pela estreia da polémica cantora britânica Amy Winehouse. “Back To Black”, o segundo disco, que lhe rendeu cinco Grammys, serve de pretexto à primeira visita de Winehouse ao nosso país, uma das artistas mais aguardadas do programa.
No entanto, o cabeça-de-cartaz do dia inaugural do Rock In Rio é Lenny Kravitz. A última vez que esteve em Portugal foi na altura do lançamento de “Baptism”, em 2004. Agora o cantor, que não tem tido um início de tournée facilitado devido a problemas de saúde, vem apresentar o seu mais recente álbum "It's Time For a Love Revolution", editado este ano.
Por fim, participante regular de todas as edições portuguesas do evento, Ivete Sangalo volta a fazer os visitantes do Parque da Vista “tirar o pé do chão”, com os êxitos da sua carreira a solo e os do seu antigo grupo, a Banda Eva.

Amanhã, no segundo dia do Rock In Rio 2008, os Bon Jovi são a grande atracção. O quarteto que fez as delícias dos muitos adolescentes hoje a beirar os 30, regressa a Portugal, mais de dez anos depois do concerto no Estádio de Alvalade. Na bagagem trazem o seu novo álbum, "Lost Highway", que lhes devolveu a liderança do top americano, pela primeira vez em duas décadas. Os velhos êxitos também não deverão faltar no cardápio.
Alejandro Sanz também volta ao Palco Mundo do Rock In Rio, depois de ter feito parte do cartaz da primeira edição portuguesa do evento. O seu mais recente disco, ""El Tren de los Momentos", que conquistou o Grammy para Melhor Álbum Pop Latino, e êxitos como ‘Corazón Partio’ não deverão faltar no alinhamento.
Ainda amanhã, "Ironic", "Thank You?" ou "Hand My Pocket" são apenas alguns dos êxitos que a cantora canadiana Alanis Morissette - outro dos nomes fortes do cartaz -já mostrou ao vivo das várias vezes que actuou em Portugal. A estes e muitos outros, deverão juntar-se os temas do seu novo trabalho, "Flavors Of Entaglement".
Os Skank são o nome brasileiro do segundo dia do evento. O seu pop/rock festivo-tropical abre o início dos concertos no Palco Mundo. "É uma partida de futebol", um dos sucessos do grupo, que em 2006 lançou o seu sétimo álbum ("Carrossel"), servirá certamente de aquecimento em vésperas do Europeu.

Rod Stewart é o "veterano" da edição de 2008 do Rock In Rio - Lisboa, mas encabeça o cartaz de Domingo, Dia Mundial da Criança, o que no Parque da Bela Vista será o mesmo que dizer o dia dedicado à família. Na bagagem somam-se mais de 30 anos de carreira e vários êxitos, como "Have I Told Lately", "Ooh La La" ou "Sailing". A caminho está uma auto-biografia, com as crónicas da sua vida profissional e pessoal.
Também no Domingo, actua Joss Stone. De promessa a confirmação entre as novas "divas" soul, a menina que agora exibe um visual à la femme fatale volta a Portugal três anos depois da sua apresentação em Vilar de Mouros e com um novo disco, "Introducing Joss Stone". Entre os temas que compõem o seu mais recente trabalho encontra-se "Music", que conta com a colaboração de Lauryn Hill.
Também no Domingo, os Tokio Hotel sobem ao palco. Depois do cancelamento do concerto no Pavilhão Atlântico (em Março deste ano) e de parte da tourneé europeia, regressam aos palcos precisamente no Rock In Rio-Lisboa, certamente para alegria de muitos, que aproveitarão a "boleia" dos pais para ver a estreia em Portugal da banda de "Moonson".
Finalmente, uns dos "habitués" da versão portuguesa do evento e um dos grupos nacionais mais acarinhados pelo público. Os Xutos & Pontapés para esta edição prepararam um espectáculo especial com a participação da Big Band do Hot Club de Lisboa, com a qual irão dar uma nova roupagem a 21 temas emblemáticos do seu repertório.

Na próxima semana, os Metallica encabeçam o dia dedicado ao metal. Depois, há os Machine Head, há também os Apocalyptica, os portugueses Moonspell e os Linkin Park. Este ano cabe à banda californiana encerrar a festa no Palco Mundo do Rock In Rio-Lisboa.
No último dia do Rock In Rio, The Offspring protagonizam um dos regressos mais aguardados pelo público português. Muse, Kaiser Chiefs e Orishas encerram as actuações do festival do Parque da Bela Vista.

Alinhamento
Amy Winehouse - Rehab
Alanis Morissette – Thank you
Rod Stewart – Have I told you lately
Joss Stone – Feel in love with a boy
Tokio Hotel - Monsoon
Alejandro Sanz – Corazon partio
Ivete Sangalo – Se eu não te amasse tanto assim
Xutos & Pontapés – O homem do leme

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Barco Ancorado 29/05/2008


Na semana em que o Rock in Rio regressa pela terceira vez a Lisboa, ficaram conhecidas algumas das histórias de bastidores das edições anteriores.
Por exemplo em 2006, ano da presença dos Guns N' Roses, Axl Rose, o vocalista da banda americana, esqueceu-se das calças que usa em palco no avião, o que originou algum jogo de cintura logístico da parte da organização.
“Ultrapassámos esse problema num tempo recorde, com a colaboração das autoridades do aeroporto e da PSP, que literalmente abriram-nos um canal na rua, com direito a escolta policial, para o carro que transportava as calças do Axl Rose chegar a tempo do concerto», revelou Miguel Caeiro, o responsável pelos transportes e pelos problemas de última hora das bandas do festival.
Esta é apenas uma de algumas histórias do Rock in Rio que hoje vamos contar no Barco Ancorado.

Paul McCartney, presente em 2004 no Rock in Rio, foi um dos artistas mais preocupados com o transporte, exigindo três carros para despistar os paparazzis durante a sua estadia, além de um veículo para emergências. Durante todo o tempo ficou parada no hotel uma carrinha de caixa fechada com um sofá lá dentro, que ele pediu para o caso de ter de sair de repente com a bebé.
Já Britney Spears e os Metallica, que passaram pelo evento no mesmo ano, conseguiram passar incógnitos no meio da multidão. Os Metallica até surfaram sem problemas na Ericeira.

Entre as histórias das edições passadas do Rock in Rio contam-se o encerramento do Freeport de Alcochete de propósito para Ivete Sangalo fazer compras e o facto de Jamiroquai, Roger Waters e Sting, presentes no cartaz do Rock In Rio 2006, terem jantado na mesma noite no mesmo restaurante lisboeta.
Quanto à edição de 2008, o número de viaturas envolvidas anda à volta das 85, 90 e há de tudo. Desde autocarros e veículos ligeiros, a jipes.

Algumas das exigências dos artistas que participam a partir de amanhã no Rock in Rio foram reveladas publicamente. Por exemplo: os Metallica só querem produtos orgânicos e trazem os seus próprios cozinheiros. Os Tokio Hotel pediram um camarim perto do palco e fora da área dos camarins, além de chocolates, bombons e gomas em forma de ursinhos. Por seu lado, Lenny Kravitz revelou preocupações ecológicas ao exigir contentores para separação de lixo nos camarins. Os Bon Jovi ficaram-se pela canja de galinha. E Rod Stewart exigiu 24 bolas de futebol e 100 toalhas.
O Rock in Rio decorre de 30 de Maio a 1 de Junho e nos dias 05 e 06 de Junho no Parque da Belavista em Lisboa. Pelos seus três palcos vão passar no total 82 bandas e artistas, estrangeiros e nacionais. Os bilhetes diários custam 53 euros.

Alinhamento
Gun´s Roses – Don´t you cry
Paul McCartney – Jenny wren
Sting – When we dance
Britney Spears - Everytime
Amy Winehouse - You know I´m no good
Tokio Hotel – Monsoon
Lenny Kravitz - Again
Bon Jovi - Always

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Barco Ancorado 28/05/2008


Kylie Minogue nasceu no dia 28 de Maio de 1968, em Melbourne, na Austrália. Completa esta quarta-feira 40 anos. Em 1987, quando deu início ao seu percurso musical, conquistou os Estados Unidos, o Reino Unido e quase toda a restante Europa.
Antes da música, a sua principal actividade era a representação. Começou a sua carreira de actriz em 1979, participando em séries de televisão australianas. Passou pelo programa infantil "The Henderson Kids", onde desempenhou o papel de protagonista, e posteriormente integrou o elenco da célebre novela australiana "Neighbours", que lhe proporcionou a fama dentro e fora da Austrália, uma vez que, na altura em que Minogue se juntou ao resto da equipa, a novela começou também a ser transmitida no Reino Unido.
A edição do seu primeiro single foi fruto da popularidade que "Neighbours" lhe conferiu. "Locomotion", de Little Eva, chegou a número um no mercado australiano em 1987.

Após a reedição do tema "Locomotion", Kylie Minogue abandonou definitivamente o elenco de "Neighbours" para se dedicar a tempo inteiro à sua carreira musical. Catapultada para o top dos dez mais vendidos nos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido e no resto da Europa, a cantora entrou, na década de 90, com uma atitude mais determinada em relação ao seu trabalho, exigindo que a imagem transmitida no teledisco de "Better The Devil You Know" ficasse ao seu critério, pondo assim um ponto final no total controlo que os managers Aitken e Waterman tinham da sua carreira. Alguns anos mais tarde, cortou definitivamente o contacto que tinha com a dupla, e os álbuns "Minogue" e "Impossible Princess" já foram editados através da Deconstruction.

Ao longo da sua carreira, Kylie Minogue já colaborou com vários artistas, entre os quais, se destacam nomes como Nick Cave, com quem interpretou o tema "Where the Wild Roses Grow", incluído no álbum do cantor "Murder Ballads"; e Robbie Williams, cujo álbum "Sing When You're Winning", conta com a participação da cantora no tema "Kids".
Em 2000, Minogue voltou a emergir como princesa pop na Austrália e no Reino Unido com o single "Spinning Around". No ano seguinte, o ambiente do disco sound dos anos 70 é o pano de fundo para mais um disco, "Fever".
O primeiro single 'Can't Get You Out Of My Head' torna-se o tema mais rentável de sempre na obra de Kylie, atingindo o número um em mais de vinte países. Seguiram-se 'In Your Eyes' e 'Come Into My World' que confirmam a nova onda de sucesso de Kylie, sobretudo na América. Este último tema veio mesmo a dar-lhe o Grammy em 2004 para a Melhor Canção de Dança.

Em 2003 chega "Body Language", com Kylie Minogue a relembrar Brigitte Bardot na imagem e a requisitar elementos sonoros do pop dos anos 80 com condimentos de hip hop. 2004 é ano de revisão com o segundo best of da sua carreira. "Ultimate Kylie" traz os inéditos 'Giving You Up' e 'I Believe In You'. Ambos os temas atingiram os dez mais da tabela de singles britânica, elevando para 29 o número de singles de Minogue a colocaram-se no top ten, o que a torna a segunda mulher com mais sucessos nesta tabela, apenas atrás de Madonna.
Depois de ser operada em Maio de 2005 a um cancro da mama, a cantora esteve submetida a um tratamento curto mas intenso na Austrália. Em Novembro de 2006 edita o livro para crianças "The Showgirl Book" que escreveu durante a convalescença.
"X" chega em Novembro de 2007, apresentado pelos singles '2 Hearts' e 'In My Arms'. "X" deu origem a uma digressão mundial que começou exactamente este mês, coincidindo com o 40º aniversário da cantora e com o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, a mais honrosa distinção cultural em França, atribuída a Kylie Minogue.

Alinhamento
Kylie Minogue – I should be so lucky
Kylie Minogue – Spinning around
Anastacia – One more chance
Sarah Connor – Skin on skin
Kylie Minogue – Can't get you out of my head
Madonna – Beautiful stranger
Robbie Williams - Feel
Kylie Minogue (with Nick Cave) – Where the wild roses grow

terça-feira, 27 de maio de 2008

Tarde de Maio


Irrompe serena a tarde de Maio
A tarde que nos leva até a praça
onde cada homem canta o seu exílio
e onde pungentes flores são vendidas
numa cidade, uma babilónia

Assim permaneço, a contemplá-la
enquanto ela colhe rosas vermelhas
e respira o perfume dos jasmins
como um inaudito sopro de vida

A centelha do amor que perseguimos
enquanto vem o brando entardecer

O derradeiro ardor do sol poente
e as sombras adejando sobre a casa

Mas agora a casa está redimida
Há um vaso com lírios e crisântemos
na sala de jantar,
o que convém à imensa fragilidade da carne

Poeira


A poeira dos mendigos em cinza e trapos
dos jardins mortos de sede
dos bazares tristes, com a seda a murchar ao sol
a poeira dos mármores foscos
dos zimbórios tombados
dos muros despidos de ornatos
saqueados num tempo vil

A poeira dos mansos búfalos em redor das cabanas
das rodas dos carros, em ruas tumultuosas
do fundo dos rios extintos
de dentro dos poços vazios
das salas desabitadas, de espelhos baços

A poeira das janelas despedaçadas
das varandas em ruína
dos quintais onde os meninos
brincam nus entre redondas mangueiras

A poeira das asas dos corvos
nutridos de poeira dos mortos
entre a poeira do céu e da terra

Corvos nutridos da poeira do mundo

De poeira da poeira

Barco Ancorado 27/05/2008


Depois da última passagem por Portugal, com um concerto na Aula Magna, Cat Power teve honras de casa esgotada naquela que é considerada a mais mítica sala do país, o Coliseu dos Recreios. A cantora ainda tem dificuldade em enfrentar o público olhos nos olhos e só o conseguiu fazer mais ou menos a meio do espectáculo. Para disfarçar o nervosismo confesso desliza de um lado para o outro do palco, dá alguns goles nos copos que traz consigo ou dirige-se no final dos temas ao responsável pelo som para, com justiça, diga-se, acertar alguns pormenores técnicos.
Independentemente de tudo o que possa não ter corrido bem, Cat Power merece reconhecimento e o Barco Ancorado presta-lhe hoje tributo.

Qual adolescente, Cat Power apareceu em Lisboa com o seu ar jovial de sempre. E é essa, sem dúvida, a imagem que lhe assenta em palco, traduzindo um misto de imaturidade e insegurança com inconsequência, alheamento e irreverência. E esta, porque apesar de tudo se tratou de um bom espectáculo, serviu igualmente para criar belos momentos ao longo do concerto."Jukebox", o novo álbum de versões da songwriter, foi o pretexto para este regresso e a base de trabalho para novas roupagens que Cat Power quis dar ao vivo a temas de outros que já tinha moldado à sua maneira. Bob Dylan foi um dos ilustres homenageados no disco e grande parte das interpretações da cantora trouxe os ecos das suas caraterísticas vocais, aqui em forma feminina.

O blues foi tónica dominante no concerto de Cat Power na mítica sala das Portas de Santo Antão. Ora mais calmo, ora com nuances mais rock, folk e nalguns casos psicadélicas.' Woman Left Lonely' lembrou um pouco a evocação a Dylan, seguindo-se 'Don't Explain' (Billie Holliday), que a cantora escolheu para abrir a sua actuação. 'Silver Stalion', num tom mais country mas com mais brilho que na versão em disco rendeu à artista os primeiros grandes aplausos da noite, até porque traria ao de cima as suas capacidades vocais. 'New York, New York', prolongaria por mais um pouco o momento. 'Naked If I Want To', representou outro dos pontos altos da noite, servindo para Cat Power evidenciar a sua voz, em todo o seu esplendor, com uma grande interpretação. 'Song To Bobby' foi das poucas a ser cantada de olhos postos no público. Com a bateria e a guitarra a soarem ao de leve, 'She's Got You' representou uma espécie de bálsamo a antecipar a sua vertente mais aguerrida e mais rockeira em 'Metal Heart'. 'Blue' deixou-a acompanhada só pelo piano e pelo baixo antecedendo uma passagem indistinta para aquilo que se suporia ser um encore com 'The Moon' a dar a deixa para 'The Greatest' revisitado pela metade e inacabado para desilusão de muitos, que fizeram saber ao som dos seus aplausos, que este era um dos mais esperados da noite.

No final do concerto no Coliseu dos Recreios, Cat Power desceu do palco e cantou em cima de uma das cadeiras da primeira fila, numa cena a fazer lembrar um pouco o concerto de Patti Smith, ainda que de forma menos efusiva. Cat Power foi a última pessoa a sair do palco e quase que seria uma das últimas a deixar a sala, distribuindo flores pela plateia e despedindo-se com as vénias que foi fazendo ao público ao longo do concerto. Era visível o seu contentamento, pelo esforço e alguns obstáculos definitivamente superados, mas fica-se ainda à espera que regresse para um concerto realmente arrebatador.

Alinhamento
Cat Power – Good woman
Cat Power – How can I tell you
Sufjan Stevens - Jacksonville
Rilo Kiley – Silver lining
Kings of Convenience – Manhattan skyline
Cat Power – The greatest
Sondre Lerche – Two way monologue
Rachael Yamagata – Be be your love
Cat Power – Sea of love

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Barco Ancorado 26/05/2008


Filho do produtor de televisão Sly Kravitz e da actriz Roxie Roker, Lenny Kravitz cresceu inserido no mundo do espectáculo, tendo desenvolvido desde cedo uma forte ligação com a música, sempre encorajada pelos pais.
O primeiro passo do seu percurso musical foi dado quando entrou para o California Boys Choir, na Califórnia, local para onde se mudou com a família em 1974, tendo deixado para trás a cidade de Brooklyn. Kravitz revelou-se um auto-didacta ao aprender sozinho a tocar vários instrumentos, e pouco tempo depois, em 1978, o seu talento tornava-se cada vez mais evidente, tendo o músico integrado o projecto de música do liceu de Beverly Hills, que frequentava na altura.
Lenny Kravitz completa esta segunda-feira 44 anos.

Sob o nome de Romeo Blue, o músico enviou maquetas para uma série de editoras, às quais apresentou um som carregado das mais diversas influências, ainda hoje visíveis nos seus discos que podem assim ser encarados como grandes incursões a universos tão distintos como o rock, o funk e a soul. No entanto, as fortes influências de Jimmy Hendrix ou Prince fazem com que Kravitz seja muitas vezes acusado de seguir, perto de mais, as pisadas dos seus mentores.
Em 1986, o músico deu início às gravações de "Let Love Rule". A oportunidade surgiu pela mão de Lisa Bonet, actriz com quem Kravitz casara entretanto, e que o apresentou, posteriormente, ao engenheiro de som Henry Hirsh. Foi no estúdio deste, que começou a tomar forma aquele que seria o primeiro álbum de originais do músico, editado em 1989, para a Virgin, agora já sem o pseudónimo Romeo Blue.

As opiniões dividiram-se quanto ao primeiro álbum de Lenny Kravitz. Aarrasado pela crítica especializada, e fortemente aclamado pelo público, foi também influenciado pelo teledisco que acompanhou o tema-título.
Após a circulação de uma série de rumores acerca da existência de uma ligação amorosa entre Kravitz e Madonna, o casamento do músico com Lisa Bonet chegou ao fim, em 1991, episódio esse que influenciou "Mama Said", o sucessor de "Let Love Rule", editado nesse, e que contou com a colaboração de Slash (guitarrista dos Guns n' Roses) e de Sean Lennon. O disco alcançou um volume de vendas que lhe valeu o estatuto de platina, graças ao single "It Ain't Over 'Til It's Over". Apesar da adesão do público ao trabalho de Kravitz, a crítica continuava a mostrar-se indiferente e só com o seu terceiro disco o músico conseguiu a aclamação.
"Are You Gonna Go My Way" foi editado em 1993 e apresentou já material mais consistente, que valeram ao músico uma nomeação para o prémio de Melhor Video Masculino dos MTV Video Awards e duas para os Grammys nas categorias de "Melhor Canção Rock" e "Melhor Prestação Vocal Rock".

Com "Circus", Kravitz voltou a mostrar a sua vida pessoal reflectida no seu trabalho, tendo o disco de 1995 sido influenciado pela morte da sua mãe. No ano seguinte, o músico seguiu para as Bahamas, onde permaneceu até decidir qual o rumo musical do próximo disco. Uma vez preparado para explorar novas ideias, Kravitz regressou à actividade e começou a trabalhar no sucessor de "Circus", com samples e loops, rendendo-se à evidência da tecnologia digital. Com "5", o músico procurou descobrir novas sonoridades, o que fez do disco de 1998 o seu trabalho mais eclético até à data.
Mais recentemente, Kravitz colaborou na banda sonora do filme "Austin Powers: The Spy Who Shagged Me", com o tema "American Woman", cuja versão original pertence aos Guess Who.
Para acabar 2000, é editado um "Greatest Hits" do cantor, no qual estão incluídos alguns temas novos, a abrir caminho para a chegada do novo trabalho de originais, simplesmente intitulado "Lenny", que chegou aos escaparates em Outubro de 2001.

Alinhamento
Lenny Kravitz – Calling all angels
Lenny Kravitz - Again
Santana (with Rob Thomas) - Smooth
No Doubt – It´s my life
Duran Duran – Hungry like the wolf
Lenny Kravitz – Fly away
Bruce Springsteen – My city of ruins
Alanis Morissette – Thank you
Lenny Kravitz – I belong to you

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Barco Ancorado 23/05/2008


Tindersticks, Shout Out Louds, Balkan Beat Box e Make Model são as mais recentes confirmações do festival Sudoeste. No Barco Ancorado desta sexta-feira vamos destacar os Tindersticks. É que as datas dos concertos no Sudoeste ainda não são avançadas pela organização, mas o grupo liderado por Stuart Staples lista no seu myspace o dia 8 de Agosto.

Os Tindersticks regressam ao nosso país em Agosto para apresentar o novo disco, "The Hungry Saw". Quanto aos Shout Out Louds, marcam de novo presença em Portugal para continuarem a mostrar o seu segundo disco "Our Ill Wills". Já os israelitas Balkan Beat Box, também regressam depois de anunciada a sua presença no festival MED em Junho. A única estreia dos quatro artistas confirmados é a dos escoceses Make Model, que se deram a conhecer ao mundo por singles como 'The LSB' e 'The Was'.

Pela Zambujeira do Mar também vão passar Björk, Goldfrapp, Franz Ferdinand, Clã e Chemical Brothers.
O Festival do Sudoeste realiza-se de 7 a 10 de Agosto (sendo que a programação da Samsung Experience começa no dia 6). Os bilhetes para o evento custam entre 40 euros (um dia) e 75 euros (passe para os quatro dias).

Alinhamento
Tindersticks – All the love
Tindersticks – The other side of the world
Nick Cave – Into my arms
Leonard Cohen - Democracy
Tindersticks – Feel the sun
Jeff Buckley – Lover, you should have come over
Mercury Rev – In a funny way
Joy Division - Atmosphere
Tindersticks – The flicker of a little girl

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Barco Ancorado 22/05/2008


Charles Aznavour completa esta quinta-feira a venerável idade de 84 anos. Shahnour Vaghinagh Aznavourian é um cantor, letrista e actor francês de origem arménia.
Além de ser um dos mais populares e longevos cantores da França, é também um dos cantores franceses mais conhecidos no exterior. Actuou em mais de 60 filmes, compôs cerca de 850 canções (incluindo 150 em inglês, 100 em italiano, 70 em espanhol e 50 em alemão) e já vendeu bem mais que 100 milhões de discos. Aznavour começou a sua turné global de despedida no final de 2006.

Charles Aznavour nasceu Shahnour Vaghinagh Aznavourian, filho de imigrantes arménios. Os seus pais, que eram artistas, introduziram-no no mundo do teatro em tenra idade.Começou a actuar aos nove anos de idade e logo assumiu o nome artístico Charles Aznavour.
Frequentemente descrito como o Frank Sinatra da França, Aznavour canta principalmente o amor em muitas línguas (francês, inglês, italiano, espanhol, alemão, russo, arménio e português), o que o ajudou a apresentar-se no Carnegie Hall e noutras casas de espectáculos pelo mundo fora.
Nos anos 70 tornou-se um grande sucesso no Reino Unido, onde a sua canção "She" saltou para o número 1.

Em 1988, Charles Aznavour foi eleito artista do século pela CNN e pelos usuários da Time Online espalhados pelo mundo. Foi reconhecido como notável performer do século com cerca de 18% da votação total, destronando Elvis Presley e Bob Dylan. Após a morte de Frank Sinatra, Charles Aznavour é o último dos "Grandes".
A lista de artistas que já o cantaram vai desde Fred Astaire a Bing Crosby, de Ray Charles a Liza Minelli. Elvis Costello gravou "She" para o filme "Notting Hill" e o tenor Plácido Domingo também é um grande amigo de Aznavour e frequentemente canta os seus sucessos, principalmente a versão de "Ave Maria", de 1994.

No início do Outono de 2006, Aznavour iniciou a sua turné de despedida, apresentando-se nos Estados Unidos e no Canadá, deixando óptimas lembranças. O cantor tem afirmado repetidamente que a turné de despedida, se a saúde o permitir, vai ultrapassar 2010. É que apesar de já contar com 84 anos, feitos exactamente esta quinta-feira, demonstra excelente saúde.
Na sua turné mundial Aznavour passou pelo Pavilhão Atlântico, em Lisboa, no dia 23 de Fevereiro.

Alinhamento
Charles Aznavour – La bohême
Charles Aznavour – Emmenez moi
Julien Clerc – Si on chantait
Joe Dassin – L´ete indien
Jacques Brel – Ne me quitte pas
Charles Aznavour – J´avais 20 ans
Isabelle Boulay – Ou est ma vie
Pierre Bachelet – Emmanuelle
Michel Fugain – Je n´aurai pas le temps
Michel Sardou – La maladie
Charles Aznavour - Que c´est triste Venise

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Promessa


Primeiro caminharei o teu calvário
e só depois derramarei no papel a minha carícia
pois não desejo que pareça esmola
mas que seja afago

Depois de percorrer a tua via-sacra
voltarei trazendo o mel que tudo cura
o qual solene verterei no altar das tuas dores
adoçando-te o ardor, amainando a fúria
dessa angústia soberana que hoje impune tudo pode

Uma vez o teu equilíbrio restaurado
e a paz interior instaurada por decreto
inaugurarei pomposamente o verso amigo
a carícia companheira, o afago morno
o olhar brando, a ternura sem limite

Só então, missão cumprida, partirei
montando a minha cruz que tanto pesa
e continuarei a galopar o meu deserto
enquanto inundo de esperanças o teu destino

Barco Ancorado 21/05/2008


Os Keane estão em estúdio. A banda anunciou na sua página do myspace que se encontra a trabalhar nas gravações do seu terceiro disco, o sucessor de "Under The Iron Sea", editado em 2006.
Por enquanto não se sabe ainda qual será o nome do novo registo nem a sua data de edição prevista. O terceiro longa duração dos Keane conta com a colaboração do produtor Jon Brion, que já trabalhou com Kanye West e Rufus Wainwright.
«[Os novos temas são] todos plenos de energia, frescos e excitantes», afirmou, há alguns meses, Tim Rice-Oxley, no blog do grupo.

Formados em East Sussex, na Inglaterra, em 1997, os Keane só conseguiram conquistar a atenção maior dos media e do público em 2003 quando editaram o single "Everybody's Changing". Até então, Tom Chaplin (voz), Richard Hughes (bateria), Tim Oxley-Rice (piano) e Dominic Scott (guitarra) dedicavam-se especialmente a tocarem versões dos Beatles, dos Oasis ou dos U2.

Em 1999, e já depois de todos os elementos estarem a residir em Londres, os Keane decidem tentar criar as primeiras composições originais. O estilo pop, caracterizado por uma forte presença do piano em quase todas as canções, tornou-se a imagem essencial da banda inglesa. Um ano depois da mudança para Londres, o grupo lançou o primeiro single, "Call Me What You Like", e doze meses depois "Wolf at the Door". Mas a grande oportunidade do grupo surgiu em Dezembro de 2002 quando Simon Williams da editora Fierce Panda assistiu a um dos seus espectáculos, e não hesitou em editar desde logo um single. "Everybody's Changing" tornou-se um êxito imediato, e pouco tempo depois a banda assinou contrato com a Island. "Hopes and Fears", o primeiro longa duração dos Keane, chegou por fim às lojas em 2004. Dois anos depois, a banda britânica lançou "Under the Iron Sea", um segundo longa duração, que teve em 'Is It Any Wonder' o seu primeiro single.

Alinhamento
Keane - Bedshapped
Keane – Everybody´s changing
Snow Patrol – Chasing cars
Counting Crows – Long December
Keane – Somewhere only we know
Radiohead – High and dry
Oasis – Don´t look back in anger
Keane – This is the last time

terça-feira, 20 de maio de 2008

Cais da saudade


Dos meus silêncios
sabes tu

Das marés de solidão
e dos barcos sem remos

Da tristeza
Perdidos
nos baixios da saudade
tu também sabes

Das viagens que não fiz
das dores
que não querendo
eu guardei

Dos sonhos sem regresso
apenas tu soubeste...

… e como me contaste das coisas da liberdade
e das Primaveras
que corriam mais
sempre mais
talvez de mais

Quando eu estiver para chegar
em que porto me esperas
em que cais?

Barco Ancorado 20/05/2008


Com êxitos gravados nas décadas de 60, 70, 80 e 90, Joe Cocker adquiriu já um estatuto de lenda viva do rock. Com mais de vinte e cinco anos de estrada, John Robert Cocker não faz tenções de abandonar a música enquanto continuar a sentir, no estômago, cada vez que sobe ao palco, o mesmo frio que sentia quando realizou os primeiros concertos.
As suas actuações iniciais foram realizadas sob o pseudónimo de Vance Arnold, em pubs de Sheffield, cidade onde nasceu. O músico conciliava o seu emprego diurno no ramo da instalação de gás, com espectáculos onde interpretava temas de Ray Charles, com a banda The Avengers. Vance Arnold and the Avengers viveram o seu momento alto em 1963, quando fizeram a primeira parte de um concerto dos Rolling Stones, em Sheffield.
Joe Cocker nasceu a 20 de Maio de 1944. Completa esta terça-feira 64 anos.

Em 1964, Joe Cocker abandonou o seu emprego diurno e editou o seu primeiro single, uma versão do tema dos Beatles "I'll Cry Instead", com a colaboração da banda Joe Cocker Big Blues. A pouco e pouco, o cantor foi conquistando uma sólida legião de fãs em Inglaterra e em França, onde foi apelidado de "Le Petit Ray Charles". Aos Joe Cocker Big Blues sucedeu The Grease Band, grupo que contou com Chris Stainton, segundo Cocker, o melhor músico do mundo.
O cantor conquistou os Estados Unidos, em 1969, quando marcou presença no programa de televisão Ed Sullivan Show e não tardou até começar a actuar em festivais de Verão, de entre os quais, se destacou o concerto realizado no festival de Woodstock.
O disco de 1970, "Mad Dogs and Englishmen", serviu de mote a uma digressão que levou Joe a tocar em quarenta e oito cidades, num espaço de cinquenta e seis dias. Nesse ano, o músico vendeu mais de três milhões de discos só nos Estados Unidos e os seus três primeiros álbuns chegaram à platina.

Já na década de 80, a carreira de Joe Cocker continuou a ser marcada pelo sucesso, tendo o cantor aceitado o convite dos Crusaders para colaborar no tema "I'm So Glad I'm Standing Here Today", exclusivamente escrito para ele, e interpretado na cerimónia dos Grammys de 1992.
Em 1982, depois de ultrapassados os problemas de voz causados pelo consumo excessivo de álcool, quer no palco quer fora dele, o cantor regressou às tabelas de vendas com o tema "Up Where We Belong", um dueto com Jennifer Warnes, incluído na banda sonora do filme "Oficial e Cavalheiro".
"Civilized Man" (1984), "Cocker" (1986), "Unchain My Heart" (1987) e "One Night of Sin" (1989) foram discos de platina, do mesmo modo que em 1991 o tema-título do álbum "Night Calls" conquistou o ouro na Europa, em poucas semanas.

Em 1994, Joe Cocker levou a cabo uma digressão apoiada no álbum "Have a Little Faith", que assaltou as tabelas de vendas de muitos países graças ao tema "The Simple Things" e, dois anos depois, o cantor prestava uma homenagem à sua respeitável carreira com a edição de "Organic", um disco que levou Cocker a revisitar composições antigas como "Delta Lady" e "You Are So Beautiful".
"No Ordinary World" surgiu em 2000 e, pela primeira vez, as versões realizadas por Joe não foram alvo de críticas positivas. O músico pouco acrescentou à sua recriação dos temas "First We Take Manhattan", de Leonard Cohen, e "While You See a Chance", de Steve Winwood e Will Jennings.

Alinhamento
Joe Cocker – Differente roads
Joe Cocker – Don´t you love me anymore
Christopher Cross - Sailing
Linda Ronstadt & Aaron Neville – Don´t know much
Joe Cocker – Night calls
Nazareth – Love hurts
Roberta Flack – Killing me softly with this song
Joe Cocker – You can leave your hat on

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Barco Ancorado 19/05/2008


Milton Nascimento vai estar no Coliseu dos Recreios em Lisboa, no dia 18 de Julho. O músico brasileiro vem à capital portuguesa apresentar o álbum "Novas Bossas", juntamente com o Jobim Trio.
Na bagagem, o intérprete, que já venceu um prémio Grammy, traz também outros álbuns da sua extensa carreira, tais como "Travessia" (1978), "Caçador de Mim" (1981) e "A Barca dos Amantes" (1986), entre muitos outros.
Os bilhetes já se encontram à venda e custam entre 20 e 60 euros.

Uma das vozes mais singulares da música popular brasileira, Milton Nascimento começou a cantar com apenas 13 anos, antes de entrar para o agrupamento Luar de Prata, ao lado de Wagner Tiso. A rádio de Três Pontas, no estado de Minas Gerais, ocupou Nascimento, nos tempos que se seguiram, onde foi DJ e produtor, durante os primeiros anos da década de 60. Os estudos de economia acabaram por conduzi-lo a Belo Horizonte, onde conheceu Márcio Borges e Lô Borges e ainda Fernando Brat, que o acompanhariam mais tarde, no decorrer da sua carreira. O regresso ao Rio de Janeiro, a sua cidade natal, proporcionou-se em 1965, e na altura chegou mesmo a gravar um álbum com um conjunto de nome Sambacana.

O primeiro álbum de Milton Nascimento em nome próprio apareceu em 1967. Na altura, o homónimo "Milton Nascimento" precedeu a edição de "Courage" em 68, gravado nos Estados Unidos. Aos poucos, Milton começou a merecer a consideração da comunidade artística e transformou-se num músico extremamente influente numa geração ascendente da música do estado de Minas Gerais.
O êxito maior apareceu em 1972, quando ao lado de Márcio Borges, Fernando Brat e Ronaldo Bastos lançou o álbum "Clube da Esquina", que contou com temas triunfantes como "Cais", ou "Cravo e Canela". Contudo, o decorrer da carreira de Milton esbarrou com a ditadura militar vigente no Brasil, o que o levou a partir para os Estados Unidos, onde colaborou com nomes como Herbie Hancock ou Wayne Shorter.

Milton Nascimento conheceu desde então a fama a nível mundial, actuou um pouco por todo o mundo e ficou à vontade em mercados tão difíceis como o norte americano. Uma primeira nomeação para um Grammy, em 1992, com o álbum "O Planeta Blue Na Estrada do Sol" antecedeu a consagração de 1998, quando ganhou o prémio na categoria de World Music, com o longa duração "Nascimento". Dois anos depois, Milton voltou a ganhar, desta feita, um Latin Grammy Award com o seu álbum "Crooner".
Em 2000, deu-se um "encontro de afectos" com Gilberto Gil, do qual resultou o disco "Gil e Milton".

Alinhamento
Milton Nascimento – Amor amigo
Milton Nascimento – Caçador de mim
Caetano Veloso – Beleza pura
Gilberto Gil – Super homem: a canção
Milton Nascimento – Coração de estudante
Gal Costa – Força estranha
Djavan - Oceano
Maria Bethânia - Onde estará o meu amor
Milton Nascimento - Vida

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Barco Ancorado 16/05/08


Laura Pausini pisou os palcos, pela primeira vez, no Festival de San Remo, realizado no Teatro Ariston no dia 25 de Fevereiro de 1993. Na altura, tinha 18 anos e apresentou no espectáculo o tema "La Solitudine", que lhe valeu o primeiro lugar e a deu a conhecer ao mundo.
O seu primeiro registo discográfico, intitulado simplesmente "Laura Pausini", foi editado ainda nesse ano, e nele foi incluído o êxito que a cantora italiana levara ao Festival. Seguiram-se "Laura" (1994), "Le Chose Che Vivi" (1996) e "La Mia Risposta" (1998), que em conjunto venderam cerca de catorze milhões de cópias por todo o mundo, e proporcionaram a conquista de um lugar sólido no panorama da música italiana e o posterior difícil reconhecimento à escala internacional.
Laura Pausini nasceu a 16 de Maio de 1974. Completa esta sexta-feira 34 anos.

Para além da boa aceitação do público, Laura Pausini viu o seu trabalho ser aclamado pela crítica especializada através da atribuição de prémios, como o "World Music Award" que ganhou no final de 1994, na categoria de "Best Selling Italian Artist", numa cerimónia realizada em Montecarlo.
De Montecarlo para os Estados Unidos, recebeu no ano seguinte, em Miami, o prémio Lo Nuestro, como reconhecimento da importância do seu trabalho, editado em espanhol, no mercado norte-americano. A aclamação da Europa chegou com a atribuição do IFPI Platinum Award, motivada pelo alto nível de vendas conseguido pelos discos da cantora.

Em 1996, Laura Pausini deu o bom exemplo, enquanto figura influente, e abraçou a causa defendida pela UNICEF, para além de que, dois anos depois, teve um concerto em Espanha para 20 mil pessoas, com o objectivo de chamar a atenção para a urgência do estabelecimento da paz na região Basca.
"Il Mondo Che Vorrei" foi o nome da canção que Laura Pausini escreveu e cantou no Concerto de Natal para o Papa João Paulo II. Posteriormente, a cantora contou com a colaboração de artistas como Tim Rice, KC Porter e David Foster, e interpretou canções escritas especialmente para si por Richard Marx, Tina Arena e Phil Collins.

Já em 1999, Laura Pausini participou no disco "Pavarotti & Friends", a convite do próprio Pavarotti, e ainda nesse ano gravou o tema "One More Time", destinado a ser incluído na banda sonora do filme "Message in a Bottle". Laura Pausini tem mantido uma elevada produtividade ao longo da presente década. No ano 2000, chegou às lojas o álbum "Tra te e il Mare". Seguiram-se em 2002 "From the Inside", em 2004 "Resta in Ascolto", em 2006 "Io Canto", e em 2007 o ao vivo "San Ciro 2007".

Alinhamento
Laura Pausini – La solitudine
Laura Pausini - Incancellabile
Eros Ramazzotti – Un´altra te
Mecano – Me custa tanto olvidarte
Miguel Bosé – Eres todo para mi
Laura Pausini -Non c´e
Amistades Peligrosas – Lagrimas de metal
La Union – Vuelve el amor
Laura Pausini - Surrender

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Barco Ancorado 15/05/08


Paulo de Carvalho, ou a "Voz", como já foi apelidado, é um dos nomes incontornáveis da música nacional, com uma carreira de quatro décadas recheada de sucessos, que se tornaram verdadeiros clássicos da música portuguesa. Hoje, completa 61 anos. Nasceu a 15 de Maio de 1947 em Lisboa, iniciando a sua carreira musical em 1962, fundando os Sheiks, a mais popular banda pop portuguesa dos anos 60 (que integrou, entre outros, com Carlos Mendes, Fernando Tordo, Edmundo Silva e Fernando Chaby), onde tocava bateria e cantava. Em paralelo, Paulo de Carvalho jogava futebol nos juvenis do Benfica.
A partir de 1968, depois do fim da banda, funda, ou é convidado para integrar, alguns dos mais importantes grupos dessa época, como os Fluído, Banda-4 ou Thilo's Combo.
Em 1970, respondendo a um convite de Pedro Osório, participa no Festival RTP da Canção, com o tema "Corre Nina". No ano seguinte, volta ao Festival com a canção "Flor Sem Tempo", que deu a conhecer José Calvário. Com o tema, vence o Prémio da Casa da Imprensa para Melhor Intérprete Português.

Em 1973 Paulo de Carvalho grava, em Madrid, o seu primeiro álbum de originais "Eu, Paulo de Carvalho", que contou com a colaboração de alguns músicos espanhóis de nomeada.
Vence o Festival da Canção no ano de 1974 com o tema "E Depois Do Adeus", de José Calvário e José Niza, uma canção que no 25 de Abril serve de primeira senha para iniciar o Movimento dos Capitães.
Em 1975, grava o seu segundo trabalho "Não De Costas Mas De Frente", com arranjos e produção de Júlio Pereira, ganhando, ainda no mesmo ano, o prémio de interpretação no Festival de Slantchev Briag, na Bulgária. Em 77, integra o colectivo Os Amigos que ganha o Festival RTP da Canção. Na década de 70, grava mais dois álbuns: "Volume I; Os Operários Do Natal", em 1978, e "Cantar De Amigo", em 1979.
Começa bem o ano de 1980, ao classificar-se em segundo lugar no Festival Internacional de Viña del Mar, no Chile, e recebendo, pouco depois, um prémio de televisão para Melhor Interpréte, na Polónia. Nesse ano, grava o álbum "Até Me Dava Jeito" (que inclui canções como "10 Anos Depois"). Seguem-se "Abracadabra", em 1981 e "Cabracega", em 1982.

Em 1984, participa com o seu Quinteto em mais uma edição do Festival da Canção com o tema "Já Pode Ser Tarde". No ano de 1985, tenta combater a invasão da música anglo-saxónica e grava "Desculpem Qualquer Coisinha", com acompanhamento de guitarra portuguesa, o que provoca grande polémica. No entanto, é com este trabalho que regista um dos maiores sucessos da sua carreira, "Os Meninos Do Huambo", obtendo mesmo o seu primeiro Disco de Ouro. Seguem-se "Homem Português", acompanhado mais uma vez pela guitarra portuguesa, em 1986, e "Terras Da Lua Cheia" em 1987.
Em 1989, participa no espectáculo "Só Nós Três", juntamente com Carlos Mendes e Fernando Tordo, sob a direcção de Pedro Osório, que resulta na gravação de um disco.
Em 1991, grava "Gostar De Ti", que conta com a participação dos músicos Armindo Neves e Paulo Jorge Santos (na guitarra portuguesa).
Ao completar 30 anos de carreira, em 1992, é homenageado pela Casa da Imprensa na Grande Noite do Fado. Em 1994. grava "Alma", nos famosos Estúdios Abbey Road da EMI (onde os Beatles gravaram muitos dos seus álbuns), em Londres, um disco de música portuguesa da área do Fado de Lisboa, com a participação da Royal Philarmonic Orchestra. Em 1995. assinala 33 anos de carreira com um disco gravado ao vivo: "33...Vivo". Um ano depois é a vez de "Fados Meus", participando no mesmo ano no espectáculo "4 Caminhos", juntamente com Carlos do Carmo, Rita Guerra e Maria João.

Em 1998, actua na Expo-98 (em Lisboa) ao lado de Ivan Lins, num espectáculo organizado pelos dois músicos. E em Outubro de 1999, edita o seu mais recente trabalho "Mátria", um álbum em que Paulo de Carvalho musica, em colaboração com Filipe Lucas (tocador de guitarra portuguesa de 14 cordas) e André Sarbib (ao piano), poemas de Maria Barroso, Né Ladeiras, Dulce Pontes, Ana Zanatti, Simone de Oliveira, Isabel Ruth, Mafalda Veiga e Maria Rosa Colaço, com a produção a cargo de Ivan Lins.
Em 2002, celebra 40 anos de carreira com a edição do duplo CD "Antologia 40 Anos", uma recolha de temas elaborada por José Niza.

Alinhamento
Paulo de Carvalho – Flor sem tempo
Paulo de Carvalho – E depois do adeus
Camané – A cantar é que te deixas levar
Ana Moura – Ao poeta perguntei
Mariza - Retrato
Paulo de Carvalho – Os meninos do Huambo
Jorge Palma – Bairro do amor
Ala dos Namorados – Lisboa ausente
Cristina Branco – Sete pedaços de vento
Madredeus – Haja o que houver
Paulo de Carvalho - Quando um homem quiser

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Esperança


Nem todos os dias
respiramos esperança
Essa leve janela
aberta em momentos de sol

Às vezes esquecemos
de apagar o sangue
que nos fere
quando poderíamos
redecorar a casa
colando cartazes de luz

Barco Ancorado 14/05/08


"Que se dane o calendário. No dia em que Frank Sinatra morrer, acaba-se o século XX", escreviam os autores de "Classic Pop" em 1991. O século XX acabou, pois, em 15 de Maio de 1998 sem que houvesse alguém que pusesse em causa a afirmação doutro dos grandes, Bing Crosby: "Só há um tipo que é o maior cantor do mundo inteiro. O seu nome é Sinatra. E mais ninguém."

Francis Albert Sinatra nasceu nos subúrbios de Nova York em 12 de Dezembro de 1915 numa família de origem italiana. Começou a carreira em 1937. Foi contratado dois anos mais tarde como vocalista da big band de Harry James e, logo em 1940, passou para a big band de Tommy Dorsey. Tornou-se uma atracção nacional e um êxito comercial. A sua forma de cantar era inovadora: "Eu era um grande fã do Bing. Mas nunca quis cantar como ele porque não havia miúdo no bairro que não fizesse boo-boo-booing como Crosby. Eu queria ser um cantor de um tipo diferente."
Na época do jazz e das big bands de brancos e negros, nenhum cantor podia passar ao lado do jazz no ritmo, na improvisação ou na simulação dessa improvisação, nas alterações aos tempi e às melodias. Sinatra desenvolveu uma técnica que se inspirava no trombone de Dorsey e obrigava a um controle da respiração, permitindo-lhe não só o legato (a ligação entre notas sem pausa) como um distinto portamento ("escorregando" suavemente de nota para nota).

Sinatra desenvolveu também a técnica de cantar para o microfone, cuja utilização vinha dos anos 20 mas não estava ainda incorporada na forma de cantar de muitos vocalistas: "Muitos cantores nunca compreenderam que um microfone é o seu instrumento", escreveu ele. O microfone permitia-lhe cantar sem esforço e com intimismo através de inúmeras subtilezas de outra forma impossíveis e inaudíveis.
A sua carreira prolongou-se por mais de 50 anos. Dos anos das big bands passou pela decadência junto do público jovem mas recuperou a popularidade (e o que é mais importante renovando-se artisticamente) na fase da Capitol, com a colaboração de arranjadores de primeira linha como Nelson Riddle, Billy May e Gordon Jenkins. A sua terceira vida artística como cantor desenvolveu-a na sua própria editora, a Reprise, onde cedo abandonou qualquer veleidade de se adaptar à linguagem pop dos anos 60 e 70 para se concentrar no que sabia melhor que ninguém: os standards da canção americana que ele próprio consagrou como standards.

A quarta vida artística de Sinatra afastou-o dos estúdios e levou-o a concentrar-se nos espectáculos em grandes salas: se os discos não vendiam como antes, as salas esgotavam. A quinta e última fase levou-o de novo à Capitol, onde o esquema dos duetos levou a sua arte a milhões de jovens que o desconheciam. Morreu como vencedor em toda a linha: impôs a sua integridade artística no meio da música pop nos seus próprios termos e sem ceder à vulgaridade e à má qualidade.

Alinhamento
Frank Sinatra – New York, New York
Frank Sinatra – Strangers in the night
Bobby Darin – The other half of me
Tony Benett - People
Sarah Vaughan – All the things you are
Frank Sinatra (ft Bono) – I´ve got under my skin
Michael Bublé - Everything
Diana Krall – A case of you
Frank Sinatra – My way

terça-feira, 13 de maio de 2008

Barco Ancorado 13/05/2008


Os Oasis estão sem baterista. Zak Starkey, filho de Ringo Starr (Beatles), é o terceiro baterista a abandonar a banda dos irmãos Gallagher, devido a desentendimentos com Noel.
«Houve discussões com o Noel Gallagher e desentendimentos com o resto do grupo. Parece que o [próximo] álbum vai ser a última ligação dele à banda», revelou uma fonte próxima do colectivo de 'Wonderwall' ao jornal The Sun.
Recorde-se que o primeiro baterista dos Oasis, Tony McCarroll, abandonou a formação após a edição do primeiro Nº1 do grupo, enquanto Alan White trabalhou com o colectivo desde o segundo álbum até ao início das gravações do sexto registo, tendo, depois, sido substituído por Zak Starkey.
Os Oasis estão prestes a editar um novo álbum de estúdio. 'I Wanna Live a Dream, 'Nothin On Me' e 'Stop The Clocks' já circulam na internet, não se sabendo, ainda, se fazem parte do alinhamento do próximo disco.

Manchester, Inspiral Carpets, British Gas e irmãos Gallagher parecem talvez elementos desconexos, mas no fundo muito têm em comum. Foi em Manchester que os Oasis se formaram com Liam Gallagher, Paul McGuigan, Tony McCarroll e Paul Arthurs e foram os Inspiral Carpets a banda para quem Noel Gallagher trabalhou como roadie antes de em 1991 se juntar ao irmão. E foi a trabalhar para a British Gas que Noel aproveitou para trabalhar ainda mais nas composições da banda.
Noel cedo assumiu o papel de único criativo e responsável pela música da banda, uma exigência que condicionou a sua entrada no projecto. Algumas experiências e concertos depois, saía McCarroll, dando lugar a Alan White. Durante o ano de 1993, Alan McGuee, o patrão da editora Creation Records encontrou-os em Glasgow e de imediato propôs-lhes um contrato. No Verão de 1994, saía o primeiro álbum da banda, "Definitely Maybe". O disco transformou-se rapidamente num sucesso de vendas no Reino Unido, enquanto nos Estados Unidos as vendas correram a um ritmo mais lento. "(What's The Story) Morning Glory?" traria consigo a consagração americana. O disco entrou directamente para número 5 no top da Billboard, chegando depois a número 4. Lançado em Outubro de 95, conseguiu dois singles no top ten americano, "Champagne Supernova", que chegou ao primeiro lugar em Inglaterra, e "Wonderwall".

A publicidade conseguida pelos Oasis em grande escala, deveu-se e muito à sua conduta pouco recatada. O declarado uso de drogas e a prisão de Liam por alegada posse de cocaína deram à banda o estatuto de "persona non grata" na imprensa inglesa. Outra polémica que entretanto surgiu, refere-se à relação com os Blur. A competição era simples, qual das bandas vendia mais e qual das bandas era a melhor. Os Oasis ganharam comercialmente a batalha, mas a nível de criatividade e de algum carisma as opiniões dividem-se.
O mês de Agosto de 97, deu lugar à edição de "Be Here Now", o terceiro conjunto de originais. A carreira da banda, desde o cancelamento de um concerto nos Estados Unidos, em 1996, não mais conseguiu explosões de vendas e a notoriedade anterior. A desunião e os conflitos internos, principalmente entre os dois irmãos, prejudicaram grandemente o percurso daqueles que foram já definidos como os Beatles dos tempos modernos.

A saída de Paul Arthurs e de McGuigan em 1999, e as entradas de Andy Bell e Gem Archer precederam a edição de "Standing On The Shoulder Of Giants". A digressão mundial de promoção do trabalho prolongou-se até Agosto de 2000, incluindo dois concertos completamente esgotados no entretanto desaparecido Estádio de Wembley, que resultaram num duplo álbum e num filme que chegaram ao mercado em Novembro de 2000. Noel Gallagher refere no site oficial da banda que a música dos Oasis está para durar, resta saber até quando, como e com quem. Ainda assim, a banda continua a dar cartas e em Julho de 2002, chegou ao mercado novo conjunto de originais intitulado "Heathen Chemistry".

Alinhamento

Oasis – Don't look back in anger
Oasis - Wonderwall
Radiohead – High and dry
Counting Crows – Long December
Oasis – Stand by me
R.E.M. - Imitation of life
No Doubt – Itś my life
Oasis – Sunday morning call

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Barco Ancorado 12/05/2008


Todos os adjectivos parecem insuficientes para caracterizar um homem que já foi apelidado de "Profeta Rasta", visionário ou revolucionário. Bob Marley foi, sem dúvida, um dos mais carismáticos e desafiadores artistas do nosso tempo.
Ontem, 11 de Maio, completaram-se 27 anos da data da sua morte e hoje prestamos-lhe o devido tributo no Barco Ancorado.
Robert Nesta Marley nasceu na Jamaica (em St. Ann's Parish) a 6 de Fevereiro de 1945, filho de um oficial da marinha britânica e de uma jamaicana. Começa a cantar profissionalmente, aos 16 anos com dois amigos, Bunny Livingston e Peter McIntosh (que ficou mais tarde conhecido como Peter Tosh), acabando por formar a banda Bob Marley & the Wailing Wailers (à qual se juntaram ainda mais dois elementos). Juntos criaram um novo estilo musical, influenciados pelo ska e reggae, ao qual Marley chamava "rude boy music" e onde associava letras de carácter eminentemente social e político.
Em 1966, casa-se com Rita Anderson e muda-se para os Estados Unidos, onde vive com a mãe. Mas a estadia não foi longa. O crescente culto da fé Rastafari no seu país devolveu-o à Jamaica, ainda no decorrer desse ano. Enquanto o ska e a "rude boy music", agora mais pausada, davam origem a algo baptizado com o nome de rock steady, Marley ia, cada vez mais, refinando o seu talento na composição.

Finalmente, em 1973, surge a oportunidade de gravar o seu primeiro disco de qualidade profissional. O resultado é "Catch A Fire", que serviu de rampa de lançamento do reggae para um público internacional. Com a sua banda definitiva (agora, com o nome encurtado para Bob Marley & The Wailers) que incluía, além de Livingston e Tosh, Aston e Carlton Barrett, Marley consegue criar um som que dava aos fãs do rock algo novo, dançável e poderoso. E que, acima de tudo, implicava uma tomada de consciência social política e religiosa, inspirado pela sua fé rastafari. Marley torna-se, assim, no embaixador do reggae. As suas canções têm um cariz universalista, gerando empatia num público muito vasto que é incitado à revolta contra todas as formas de opressão e injustiça.
Em 1974, numa altura em que Tosh e Livingston abandonam o grupo, entram as I-Trees (um trio vocal feminino que incluía a sua mulher, Rita) e grava "Natty Dread", que inclui temas como "No Woman No Cry" e "Lively Up Yourself". No final dos anos 70, tinha já adquirido fama mundial com hits como "Exodus", "Jamin" e "Is This Love", enquanto os álbuns "Rastaman Vibrations" e "Exodus" marcavam o início do seu sucesso comercial nos EUA.

Na digressão europeia de 1977, a tragédia abateu-se sobre o músico. Depois de uma partida de futebol amigável (uma grande paixão sua), é-lhe diagnosticado um cancro. Marley, no entanto, recusou sempre uma operação e, apesar da sua condição, continua, em 78, uma longa digressão que culmina num grande concerto no Madison Square Garden, em Nova Iorque. Esse concerto dá origem à edição de um dos mais poderosos discos ao vivo da história do reggae: "Babylon By Bus". No mesmo ano participa na Jamaica num concerto pela paz e num outro de beneficência, em Boston, por África.
Entretanto, a sua saúde começa a ressentir-se do esforço. Ainda assim, grava um álbum em 79, "Survival", uma afirmação militante que reflecte a importância crescente da sua voz política.
Em 1980, mais uma vez em digressão, Marley tem um colapso enquanto fazia "jogging" no Central Park, em Nova Iorque. O cancro tinha-se instalado por completo por todo o seu corpo. Ainda lutou contra a doença durante oito meses, mas acabou por morrer num hospital de Miami a 11 de Maio de 1981.

Um mês antes do seu fim, Bob foi galardoado com a Ordem de Mérito da Jamaica, a terceira mais alta condecoração jamaicana, como sinal de reconhecimento pela sua enorme contribuição para a cultura do país. Após o funeral, oferecido pelo povo e onde estiveram presentes o Primeiro- Ministro e o líder da oposição, o seu corpo foi transportado para o local onde nasceu, e é lá que hoje repousa num mausoléu. Bob Marley morreu com apenas 36 anos, mas a sua lenda permanece bem viva. E os discos póstumos, as reedições, as compilações e misturas continuam a dar-lhe vida.

Alinhamento
Bob Marley – Get up, stand up
Bob Marley – Is this love
Inner Circle – Summer jasmin
Peter Tosh – Johnny be good
UB40 – Kingston town
Bob McFerrin – Don´t worry, be happy
Bob Marley – Three little birds
Jimmy Cliff – I can see clearly now
Billie Holiday – Blue moon
Bob Marley – No woman, no cry

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Barco Ancorado 09/05/2008


Massive Attack e José Gonzalez vão actuar na edição deste ano do Super Bock Surf Fest. O festival acontece a 14 e 15 de Agosto, na Praia do Tonel, junto à Fortaleza de Sagres, no Algarve.
Emir Kusturica & The No Smoking, Jahcoustix & Dubios Neighbourhood, Manif3stos e Asa também vão passar pelo evento.
No Barco Ancorado falamos hoje dos Massive Atack.

Andrew "Mushroom" Vowles, Grant "Daddy G" Marshall e Robert "3D" Del Naja, formaram os Massive Attack em 1987. Nesse momento, foram lançadas as raízes de um movimento inovador a que se chamou trip-hop, originário da cidade de Bristol, que viria ao longo da década de 90 a ser desenvolvido por nomes como os Portishead e Tricky, entre outros.
O primeiro single do grupo, "Daydreaming" foi editado em 1990, mas a colaboração entre Mushroom e Daddy G vinha já de trás, dado que ambos eram dissidentes do projecto Wild Bunch, onde trabalharam com Tricky, colaborador regular dos Massive Attack, e Nellee Hooper, membro dos Soul II Soul.
O single de estreia contou com as vozes de Tricky e de Shara Nelson, a cargo de quem ficou também o desempenho vocal nos temas "Unfinished Sympathy" e "Safe From Harm", incluídos no primeiro álbum do grupo, "Blue Lines", editado em 1991. O disco não registou um volume de vendas significativo, mas a comprovar que quantidade nem sempre rima com qualidade, a aclamação da crítica foi evidente e não tardou até que "Blue Lines" fosse considerado um dos álbuns mais representativos dos anos 90.
Com o intuito de evitar o estabelecimento de uma eventual ligação entre a banda e a política de ataque levada a cabo, na altura, pelas Nações Unidas contra o Iraque, os Massive Attack encurtaram o nome para Massive, e foi sob essa designação que realizaram uma digressão pelos Estados Unidos, que suscitou críticas muito negativas.

Após uma pausa de três anos, os Massive Atack regressaram em 1994 com "Protection", disco que, para além das colaborações reincidentes de Hooper, Tricky e do cantor de reggae Horace Andy, contou também com as vozes de Nicollete e Tracey Thorn, dos Everything But the Girl. O álbum, de onde foram extraídos os singles "Karmacoma", "Sly" e "Protection", serviu de mote para um trabalho de remisturas levado a cabo por Mad Professor que resultou na edição de um novo álbum, em 1995, intitulado "No Protection: Massive Attack Vs. Mad Professor".
Os tempos seguintes foram passados na estrada, em digressão, e o intervalo que precedeu a edição de Mezzannine, em 1998, foi preenchido pela gravação de remisturas para artistas como os Garbage e Madonna, com quem os Massive Attack trabalharam num tema posteriormente incluído num álbum de homenagem a Marvin Gaye
Em 1997, o grupo editou o EP "Risingson", como meio de promover o concerto que deram, nesse ano, no festival anual de Glastonbury e, um ano depois, a banda apresentou o seu terceiro álbum de originais, intitulado "Mezzannine", disco onde mais uma vez os Massive Attack contaram com a ajuda vocal de Horace Andy, à qual se juntaram Elizabeth Fraser dos Cocteau Twins e a estreante Sara Jay.
O álbum serviu de pretexto para uma digressão que passou por Portugal em Novembro de 1998, ainda com a participação de Mushroom ao lado de 3D e Daddy G.
Meses mais tarde, os Massive Attack puseram fim aos boatos que circulavam acerca do futuro incerto de Mushroom no grupo, revelando o abandono de DJ, o que não constituía impedimento à continuação do projecto, mas em formato reduzido, uma vez que o seu lugar não seria preenchido.

Os Massive Atack regressaram a Portugal em 1999, para um concerto incluído na edição desse ano do Festival do Sudoeste, dessa vez já sem a colaboração de Mushroom. Pelo caminho, criaram a sua própria editora, a Melankolic.
Em 2003, regressaram com novo álbum de originais, "100th Window", que para além da habitual colaboração de Horace Andy contou também com a participação de Sinead O'Connor. À semelhança de "Mezzanine", "100th Window" teve direito a apresentação ao vivo no nosso país em dois concertos no Pavilhão Atlântico, em Maio de 2003.
Em 2004, os Massive Attack regressaram a Portugal para uma actuação no Festival Super Bock Super Rock, em Maio, e no Festival Sudoeste, em Agosto.
Este ano farão nova visita, actuando em Agosto no Algarve, no Super Bock Surf Fest.

Alinhamento
Massive Atack – Five man army
Massive Atack - Protection
Groove Armada – Dusk you & me
Tricky – Evolution revolution love
Massive Atack - Teardrop
Portishead – Sour times
Massive Atack – Safe from harm

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Barco Ancorado 08/05/2008


O cantor espanhol Enrique Iglesias completa esta quinta-feira 33 anos. É o artista latino com maior número de discos vendidos de sempre. Em três anos, o cantor vendeu mais de 10 milhões de exemplares com os seus dois primeiros álbuns ("Enrique Iglesias" e "Vivir"). Enrique venceu ainda um Grammy na categoria de Melhor Artista Pop Latino, tornando-se no mais impressionante fenómeno hispânico dos últimos 25 anos, colocando-se na linha da frente das estrelas pop mundiais da actualidade.

Enrique Iglesias nasceu a 8 de Maio de 1975 em Madrid, filho do famoso cantor romântico Julio Iglesias. Aos sete anos, vai viver para Miami, onde estuda, aproveitando o melhor das culturas americana, europeia e hispânica, fornecendo-lhe cada uma delas as suas respectivas influências musicais. Edita o seu primeiro álbum homónimo aos 20 anos (disco esse, preparado em segredo desde os 16 anos). Nos primeiros três meses, após a edição do disco são vendidas um milhão de cópias, e Enrique alcança mesmo o seu primeiro Disco de Ouro em Portugal (apenas três semanas após a sua edição). "Enrique Iglesias" alcança a marca dos 5,8 milhões de vendas e o sucesso repete-se com o seu segundo trabalho, "Vivir", editado em 1997, que vende mais de cinco milhões de cópias em todo o mundo.
Nos EUA, alcança dois Discos de Platina, referentes a vendas superiores a dois milhões de cópias dos seus dois primeiros álbuns. Nove das suas canções chegaram ao número um em rádios de 19 países nas Américas, Europa e Ásia, provando a consistência da sua carreira internacional.

Enrique gravou em três línguas (espanhol, italiano e português) e planeia também gravar um álbum em inglês, a sua segunda língua, isto após ter já experimentado o inglês em alguns temas pontuais.
Em 1997, iniciou a sua primeira digressão mundial, que incluiu 78 concertos em 13 países, que foram vistos por mais de 720 mil pessoas. O evento foi bem recebido pela crítica e foi considerado o maior jamais realizado por um músico latino.
A sua lista de prémios é já considerável e inclui 116 Discos de Platina, 227 de Ouro, 26 prémios internacionais, incluindo um Grammy na categoria de Melhor Artista Latino, em 1996, um disco considerado Álbum do Ano pela revista Billboard, ou um World Music Award para Melhor Artista Latino, entre muitas outras distinções.

Em 1998 edita "Cosas Del Amor" e, em 1999, segue-se "Enrique", um disco mais dance-pop e mainstream que os anteriores, que inclui hits como "Rythm Divine" e "Be With You".
Em 2001, o músico desviou-se um pouco a sua linha sonora habitualmente preenchida por baladas, para dar lugar a sonoridas mais próximas do rock, e chamou à experiência "Escape".
Os álbuns seguintes, "7" (2003) e "Insomniac" (2007), têm ajudado a enriquecer a fortuna do cantor espanhol.

Alinhamento
Enrique Iglesias – Experiencia religiosa
Enrique Iglesias – Could I have this kiss forever
Paulina Rubio – Don´t say goodbye
Marc Anthony – I need to know
Enrique Iglesias – No llores por mi
Ricky Martin – Las almas del silencio
Chayanne – Contra vientos e mareas
Alejandro Sanz – Cuando nadie me ve
Enrique Iglesias – Not in love

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Volúpia


Escreve o poema de amor no meu corpo
Escreve o poema que jamais escreveste

Escreve o poema de amor no meu corpo
De pele arrepiada, de silêncio sacro e olhar incandescente
O beijo ardente, exigente, provocante...
Da posse, do dar e do querer, do pedir e do exigir
E conta nele os prazeres dos santos na suprema glória

Diz da paz na guerra das nossas noites de amor sem fim

Conta da dor de ser feliz num beijo e morrer de tanto se dar
Escreve da ânsia da paixão da vítima por seu algoz amado
Que lhe dá a suprema dádiva da eternidade no espasmo do gozo

Canta a alegria do seixo ao ser levado pelas correntezas da volúpia
Lapidando-o no fogo azul do amor
Ao mais puro diamante do suspiro último da entrega

Escreve um poema de amor em que nossas almas em êxtase e enlevadas
Ultrapassem todas as barreiras e sejam apenas amantes-amadas

Escreve na madrugada todo o riso para as estrelas
O cheiro do orvalho em nossos corpos exaustos do amor que nos sustenta
E a manhã que nos aguarda embalando nossos sonhos de poetas

Escreve o poema de amor no meu corpo

Barco Ancorado 07/05/2008


Prince vai dedicar-se à escrita. "21 Nights" é o título do primeiro livro do artista, cuja edição está prevista para o Outono.
A obra é um ensaio fotográfico que inclui imagens, letras e poesia, captadas e inspiradas nos 21 espectáculos que realizou na O2 Arena, em Londres, no ano passado.
"21 Nights" será acompanhado pelo CD exclusivo "Indigo Nights".
Recorde-se que Prince editou em 2007 o seu vigésimo quarto álbum de estúdio, intitulado "Planet Earth". Recentemente o cantor actuou no festival Coachella, onde interpretou uma versão de 'Creep', um original dos Radiohead.

A obra de Prince, o artífice e revolucionário de Minneapolis, é feita de vinte e um álbuns de originais, um número considerável de compilações e participações em discos de outros nomes cintilantes como Madonna ou Patti Labelle.
O começo foi difícil, como para tantos outros, mas o tiro de sorte aconteceu com a apresentação de uma demo de três temas a representantes da Warner Bros. Prince ficou com 100 mil dólares e liberdade total para fazer o seu primeiro longa duração. É assim que, em 1978, é editado "For You". A versatilidade do showman ficou provada, Prince tocou todos os instrumentos do disco.
"Prince", de 1979, deu-lhe alguma notoriedade, mas foi com "Dirty Mind", de 1980, que não vendeu por aí além, que Prince conquistou de vez as hostes no mundo da música. A sua genialidade foi reconhecida, com a crítica a deixar-se embriagar pelas melodias híbridas do álbum, entre a soul, o funk e o pop. No ano seguinte, foi a vez de "Controversy", evolução do longa duração anterior. Mas, foi em 1983 que se deu a consagração total. "1999", um duplo LP, produziu três singles: "1999", "Little Red Corvette" e "Delirious". A MTV, as rádios e o os tops foram fãs e divulgadores da obra. O álbum figurou nos tops da Billboard durante três anos. Mas as reais virtudes do sucesso estavam ainda para vir. "Purple Rain" foi a elevação de Prince ao estatuto de super estrela. O álbum ficou durante 6 meses em número 1. O filme teve igual sucesso e acabou por vencer o Óscar de melhor banda sonora. O criador de Minneapolis conseguiu finalmente a glória.

"Around The World In A Day", o álbum que se seguiu a “Purple Rain”, foi já editado sob outra etiqueta, a Paisley Park. Embora não tendo o sucesso esmagador dos álbuns anteriores, vendeu mais de dois milhões de cópias e voltou a comprovar a versatilidade e o génio de Prince. “The Black Album', não fosse o conteúdo considerado imoral, teria sido o passo seguinte. "Parade" foi o álbum que se seguiu, composto como banda sonora de um filme que acabaria por ser um fiasco de bilheteira. O duplo "Sign O'The Times", de 1987, foi definido como mais uma obra-prima. Entre o funk, a dança, o pop psicadélico ou incursões no gospel, Prince deu largas à sua imaginação e o resultado foi uma obra memorável. “Lovesexy', de 1988, não conseguiu atingir os resultados comerciais dos álbuns anteriores, mesmo apoiado por uma digressão nos Estados Unidos.
"Batman" foi uma nova incursão de Prince no mundo do cinema. O álbum voltou a facturar como os anteriores e voltou aos lugares cimeiros nos tops. “Graffiti Bridge' antecedeu "Diamonds and Pearls" feito com a New Power Generation, que o ajudou a aparecer novamente nos charts. O single "Cream" foi o quinto número 1 conseguido por Prince. O acto seguinte foi a assinatura de um contrato de 100 milhões de dólares com a Warner Brothers. O artista ficou condicionado à produção de seis álbuns para a nova editora, opção que acabou por não ser a melhor. O álbum seguinte "Love Symbol Album" deu início a uma queda inequívoca na popularidade do compositor.

Em Junho de 1993, Prince mudou o seu nome artístico para um símbolo impronunciável. Aquilo que pretendia ser uma mudança de atitude, acabou por ser motivo de gozo no meio musical. Foi então que começou a batalha com a Warner. Prince queria libertar-se do contrato e acabou por editar "The Most Beautiful Girl In The World" no catálogo da NPG, demonstrando ao gigante americano que era capaz de vender de forma independente. No Verão de 1994, chegou finalmente a acordo com a editora. O fim do contrato chegaria depois de mais dois álbuns editados. "Come", "The Gold Experience" e "Chaos and Disorder" foram os discos seguintes.
Em 1996, The Artist Formerly Known As Prince assinou um contrato com a Emi. A primeira produção foi um triplo álbum, "Emancipation". As vendas voltaram a ser significativas e o disco atingiu a dupla platina. Um novo álbum de material inédito, "Crystal Ball" foi vendido através do seu site na Internet. Por fim, em 1999 é editado o seu último conjunto de originais "Rave Un2 The Joy Fantastic" já na Arista Records.

Alinhamento
Prince - Kiss
Prince – Purple rain
Barry White – Just the way you are
Aretha Franklin – Day dreaming
Prince – Diamonds and pearls
George Benson – In your eyes
Faith Evans – Kissing you
Prince - 1999

terça-feira, 6 de maio de 2008

Ondas


As ondas são anjos que dormem no mar
Que tremem, palpitam, banhados de luz
São anjos que dormem a rir e a sonhar
E em leito d'espuma revolvem-se nus

Quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos a tremer e pratear
E a trança luzente da nuvem flutua
As ondas são anjos que dormem no mar

Barco Ancorado 06/05/2008


Djavan vai regressar ao nosso país no próximo mês de Junho.
O cantor brasileiro sobe ao palco do Coliseu dos Recreios em Lisboa no dia 28 daquele mês e ao do Coliseu do Porto, no dia 30. Na bagagem o músico vai trazer os temas que compõem o seu mais recente registo "Matizes". 'Pedra', 'Delírio dos Mortais'e 'Adorava Me Ver Como Seu' são alguns dos temas do novo disco.

Há quem o compare com o vinho, justificando que com o tempo "vai ficando cada vez melhor".
Djavan Caetano Viana, ou simplesmente Djavan, nasceu em Maceió, Alagoas, no seio de uma família pobre, que lhe transmitiu a paixão pela música. Foi aí que, ainda muito jovem, formou a banda LSD, que é como quem diz, Luz, Som, Dimensão, cujo repertório era constituído por versões de temas dos Beatles.
Corria o ano de 1973 quando o músico partiu em direcção ao Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar como crooner numa discoteca, actividade que desempenhou durante quatro anos. Foi no Rio que travou conhecimento com um locutor de desporto da Rádio Globo chamado Edson Mauro, que o apresentou ao produtor da editora Som Livre, João Mello. Demorou um mês até Djavan ser contratado como cantor de temas de novelas e, dessa época, resultaram canções como "Presunçosa", de António Carlos e Jocafi para "Super Manuela"; "Calmaria e Vendaval", de Toquinho e Vinicius, para "Fogo Sobre Terra"; e "Alegre Menina", de Dori Caymmi e Jorge Amado, para "Gabriela".

O salto de Djavan para a fama aconteceu através de uma participação no festival "Fato Consumado" da TV Globo, em 1975, onde o cantor apresentou o tema "Abertura", deixando transparecer os seus dotes de compositor, ao conquistar um segundo lugar. O primeiro single, foi editado quatro meses depois, e incluiu os temas "E Que Deus Ajude", "Um Dia", "Rei do Mar" e "Fato Consumado". O primeiro álbum, "A Voz, o Violão, a Música de Djavan", viu a luz do dia em 1976 e, do alinhamento, fez parte o grande êxito "Flor de Lis".
Seguiram-se os álbuns "Djavan" (1979), "Alumbramento" (1980) e "Seduzir" (1981). "Luz", de 1982, foi gravado nos Estados Unidos, onde Djavan conheceu Quincy Jones, que adquiriu os direitos de distribuição de uma série de temas do compositor brasileiro.
Seguiu-se "Lilás", em 1984.
O resto da década de 80 foi preenchido com a edição dos álbuns "Brazilian Knights And A Lady" (1985), "Meu Lado" (1986), "Não É Azul Mas É Mar" (1987), "Bird Of Paradise" (1988) e "Djavan" (1989). Neste último registo, o músico contou com a colaboração do guitarrista de flamenco Paco de Lucia na faixa "Oceano".

Caetano Veloso foi mais um músico de referência do panorama musical brasileiro que colaborou com Djavan, desta feita na faixa "Linha do Equador", incluído no registo de 1991, "Coisa De Acender". O disco de 1996, "Malásia", contou no alinhamento com o tema de Tom Jobim, "Linha do Equador", posteriormente incluído em "Bicho Solto o XIII", de 1998.
O registo "Ao Vivo", editado em formato duplo, chegou ao mercado em 1999 e vendeu cerca de 1,2 milhões de unidades e foi nomeado para três categorias dos prémios Multiprize, concretamente "Best CD", "Best Show" e "Best Singer".
Ao longo da sua carreira, Djavan viu as suas canções serem imortalizadas na voz de grandes nomes da música brasileira, tais como Chico César, Paralamas do Sucesso, Lenine, Elba Ramalho, Chico Buarque, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, entre muitos outros.
Djavan regressa a Portugal para actuar no Coliseu dos Recreios em Lisboa no dia 28 de Junho e no Coliseu do Porto, no dia 30.

Alinhamento
Djavan – Meu bem-querer
Djavan – Flor de Lis
Milton Nascimento – Caçador de mim
Marisa Monte – Água também é mar
Adriana Calcanhoto – Fico assim sem você
Djavan - Oceano
Elis Regina – Me deixas louca
Gilberto Gil - Tradição
Tim Maia – Azul da cor do mar
Djavan - Lilás

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Barco Ancorado 05/05/2008


Tina Turner vai realizar uma digressão pelos EUA. A cantora de 'The Best' confirmou o regresso ao activo durante uma entrevista a Oprah Winfrey. Turner volta, assim, aos espectáculos, quase uma década após o seu último concerto ao vivo. Até ao momento, desconhece-se se a cantora vai realizar algumas datas na Europa.
Recorde-se que Tina Turner cantou com Beyoncé na última cerimónia dos Grammys.

A soul e os blues, com grandes responsabilidades na criação do rock'n'roll, são géneros que estiveram também ligados ao início de carreira daquela que foi talvez uma das melhores performers no nosso planeta: Annie Mae Bullock ou Tina Turner.
Foi em St.Louis que Annie Mae, depois de muita insistência, conseguiu cantar durante uma apresentação de Ike Turner e os seus Kings Of Rythm. O primeiro disco em conjunto surgiu em 1960. O tema "Fool In Love" foi o primeiro sucesso de uma turbulenta relação que acabou em casamento em 1962. Tina tinha os dons do show e a aptidão natural da sua voz não passou despercebida a Ike, que passou a basear o espectáculo na actuação da mulher. Os sucessos repetiram-se, com temas soul como "It's Gonna Work Out Fine", "Poor Fool", e outros, a conquistarem lugares de destaque nos tops de R&B e de pop. A voz de Tina ultrapassou o Oceano Atlântico e cedo o triunfo chegou a Inglaterra. Os Rolling Stones tornaram-se fãs do duo, o que os levou a fazerem a primeira parte dos concertos da banda de Mick Jagger, em 1969. A colaboração com bandas inglesas continuou e, em 1971, Tina teve o papel de Acid Queen no filme "Tommy", com os The Who.

A cáustica relação de Tina Turner com Ike continuou até ao ponto de exaustão. Tina deixou o marido, em 1976, depois de inúmeros episódios de violência perpetrada pelo músico embriagado, ou sob o efeito de drogas, que a levaram a uma tentativa de suicídio, em 1968. Ike foi preso inúmeras vezes desde então, devido a várias acusações, essencialmente relacionadas com droga. O regresso de Tina aconteceria seis anos depois, após um período extremamente difícil em que dependeu de algumas instituições para se poder alimentar.
Foram, outra vez, os Rolling Stones a darem uma mãozinha. Tina começou por fazer a primeira parte dos concertos na digressão americana da banda, para depois fazer uma tour mundial com Rod Stewart. O comeback em disco teve lugar com "Let's Stay Together", uma canção de Al Green, que conseguiu lugar honroso no top britânico. "Private Dancer", de 1984, foi o álbum que comprovou o magnífico e surpreendente regresso da cantora de Brownsville. O disco chegou a número 3 do top americano, vendeu cinco milhões de cópias e produziu temas inesquecíveis como "What's Love Got To Do With It" e "Better Be Good To Me".
Em 1985, "miss Hot Legs" participou no filme "Mad Max Beyond Thunderdome', com Mel Gibson, e participou também na banda sonora com os temas "We Don't Need Another Hero", "Thunderdome" e "One Of The Living". A indústria discográfica aclamou-a dando-lhe quatro Grammys, em 1984.

Dois anos depois, foi a vez da edição de "Break Every Rule". O disco conseguiu a platina e lançou três temas para os primeiros lugares dos tops, entre os quais, "Typical Male", que chegou a número 2. Os seus concertos, onde mostrava a faceta de incansável show woman, trouxeram-lhe cada vez mais fãs, principalmente na Europa. Antes ainda, cantou em dueto com Bryan Adams e com Mick Jagger. Com o rocker canadiano gravou "It's Only Love" e, com o frontman dos Stones, fez um dueto durante o Live Aid.
Três anos depois foi a vez da edição de "Foreign Affair". O single "The Best" chegou a número 15 nos Estados Unidos. As vendas na Europa continuaram a surpreender e o álbum, no Reino Unido, vendeu mais que "Private Dancer". "Simply The Best", uma colectânea dos seus maiores êxitos foi editada um ano depois.
Um certo declínio comercial, que começou exactamente com "Foreign Affair" prolongou-se até aos dias de hoje. Tina Turner figura, actualmente, no catálogo da Virgin, onde gravou os álbuns "Wildest Dreams" e "Twenty Four Seven". Com cerca de 40 anos de carreira, ameaçou, uma vez mais, despedir-se dos palcos. Definitivamente ou nem por isso? Parece que nem por isso. Tina Turner vai mesmo regressar aos espectáculos, quase uma década após o seu último concerto ao vivo.

Alinhamento
Tina Turner – On silent wings
Tina Turner – Private dancer
Roberta Flack – Killing me softly with this song
Diana Ross – Endless love
Natalie Cole – Miss you like crazy
Tina Turner – When the heartache is over
Gladys Knight – Licence to kill
Lionel Richie – Just for you
Tina Turner – Goldeneye

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Barco Ancorado 02/05/2008


Dez anos após o auge da sua carreira, quinze após terem surgido na cena musical e três após a última passagem por território luso, os norte-americanos Backstreet Boys regressaram a Portugal para actuarem pela segunda vez no palco do Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Tal como as vendas de discos, também o interesse pelos espectáculos do, agora, quarteto, parece estar a diminuir. À espera do grupo estava uma sala dividida a meio e, mesmo assim, longe de estar lotada.

O pretexto da visita dos Backstreet Boys era apresentar novo conjunto de originais, "Unbreakable" (2007), no entanto foi com 'Larger Than Life' ("Millenium", 1999) e 'Everyone' ("Black & Blue", 2000), com o palco transformado num ringue de boxe, que deram início a uma noite de nostalgia e celebração, com banda e público ao rubro durante cerca de duas horas.
Nick Carter, Howie Dorough, Brian Littrell e AJ McLean (Kevin Richardson abandonou a formação em 2006), quase todos pais de família, não abrandaram o ritmo nem por um instante, mesmo quando interpretavam temas mais calmos. Longe vai o tempo em que os Backstreet Boys vendiam mais de um milhão de álbuns na semana em que os seus novos trabalhos chegavam às lojas, bem como a época em que conseguiam esgotar para cima de cinquenta datas da mesma digressão. No entanto, o colectivo provou novamente todo o seu profissionalismo, garra e dedicação aos seguidores e ao ofício. A acompanhá-los esteve uma banda, num palco despido de grandes produções mas com um poderoso jogo de luzes. A geração que outrora idolatrava o grupo sensação da pop dos anos '90 também cresceu e a respectiva média de idades ronda, actualmente, os vinte anos. O universo feminino esteve representado em franca maioria, no entanto ainda se encontravam na plateia alguns casais e adolescentes.

As baladas melosas e românticas foram rainhas e senhoras no concerto lisboeta dos Backstreet Boys, com as incontornáveis 'I Want It That Way', 'Show Me The Meaning Of Being Lonely', 'I'll Never Break Your Heart' e 'More Than That' a serem cantaroladas a uma só voz.
As Long As You Love Me ' e 'Incomplete', porventura uma das melhores composições de toda a carreira do grupo, também não ficaram esquecidas, enquanto que do novo disco se ouviram, entre outras, os singles 'Inconsolable' e 'Helpless When She Smiles'.
Entre as várias mudanças de roupa, cada um dos Backstreet Boys brilhou a solo. Brian Littrell, provavelmente o mais virtuoso dos quatro, cantou a inspirada 'Welcome Home', incluída no álbum com o mesmo nome, de 2006.

'Everybody (Backstreet's Back)' e 'Shape Of My Heart', esta última já no encore, fecharam o espectáculo com chave de outro, com o quarteto a segurar cachecóis de Portugal em apoteose e sob uma chuva de papelinhos. Dez anos após a estreia nos palcos lusos, na Praça de Touros de Cascais, os Backstreet Boys podem estar mais velhos e até com uns quilinhos a mais. No entanto, continuam tão enérgicos e joviais como sempre.

Alinhamento
Backstreet Boys – Anywhere for you
Backstreet Boys – Shape of my heart
Josh Groban – Remember when it rained
Celine Dion – All by myself
Michael Buble - Everything
Backstreet Boys – When you say nothing at all
Chicago – Glory of love
Steve Winwood - Valerie
Backstreet Boys – Show me the meaning (of being lonely)