sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Barco Ancorado 28/11/2008


Os Killers preparam-se para editar um dueto com Elton John. Trata-se de um tema de Natal, que a banda, à semelhança de anos anteriores, gravou para a organização de solidariedade lançada por, entre outros, Bono Vox, dos U2.
'Joseph, Better You Than Me' é o nome da canção, a terceira do grupo lançada no âmbito da quadra natalícia, e será editada em formato digital, na próxima segunda-feira, 1 de Dezembro.
Todas as receitas provenientes do download revertem a favor de doentes seropositivos em África.
Para a campanha será também disponibilizado material inédito dos U2, Coldplay, Jay-Z e Bob Dylan.

Os Killers formaram-se em 2002 em Las Vegas. A banda é composta por Brandon Flowers (vocais e sintetizador), Dave Keuning (guitarra e vocal de apoio), Ronnie Vannucci (bateria) e Mark Stoermer (baixo e vocal de apoio). O seu primeiro álbum, 'Hot Fuss', foi lançado em 15 de Junho de 2004, obtendo óptimas críticas e grande reconhecimento junto do público, em grande parte devido aos sucessos "Somebody Told Me", "Mr. Brightside" e à sonoridade dançante dos anos 80, oriunda dos sons sintéticos das canções. O segundo álbum do grupo, 'Sam's Town', foi lançado em 3 de Outubro de 2006, e marcou uma considerável mudança no estilo da banda, tanto em relação à música, que apresentou influências mais roqueiras, como Bruce Springsteen, quanto ao estilo de se vestir, que se tornou mais "agressivo", mais compatível com a sonoridade extremamente americana que caracteriza 'Sam's Town'.

Desde a sua formação, os Killers lançaram dois álbuns de estúdio, doze singles e, mais recentemente, uma compilação de lados B e raridades. Dentre os singles, dois deles são temas natalícios que apoiam os movimentos contra a SIDA liderados por Bono Vox. O terceiro tema chega segunda-feira.
A banda esteve ainda presente nas bandas sonoras de Homem-Aranha 3, numa cover dos Joy Division feito para Control, filme de Anton Corbijn que mostra a vida de Ian Curtis. O single "When You Were Young" aparece em diversos jogos electrónicos. Há, ainda, uma canção chamada "Stereo of Lies", tocada em poucos concertos pelo grupo, que nunca foi gravada, e algumas covers de David Bowie, Pink Floyd e dos Beatles tocadas em apresentações ao vivo, gravadas por fãs e que, portanto, não constituem nenhuma gravação oficial do grupo.

Em algumas entrevistas, os membros dos Killers revelaram que as músicas "Leave The Bourbon On The Shelf", "Midnight Show" e "Jenny Was a Friend of Mine" formam a chamada "Trilogia da Morte". As letras dessas três canções falam de uma adolescente chamada Jennifer que é estrangulada pelo seu namorado ciumento. Dave Keuning, numa entrevista, disse que "Leave The Bourbon On The Shelf" é a primeira parte. A interpretação das letras revela que "Midnight Show" e "Jenny Was a Friend of Mine" são, respectivamente, as partes dois e três da trilogia. Há ainda quem acredite que "Mr. Brightside" é o epílogo desta história. O grupo revelou, em 2005, que pretendia fazer um musical de 25 minutos sobre esta trilogia, baseado no videoclipe "Thriller", de Michael Jackson, mas, ao que tudo indica, o projecto foi abandonado.

Alinhamento
The Killers – Mr. Brigthside
The Killers – Somebody told me
Snow Patrol - Run
30 Seconds To Mars – From yesterday
The Killers – When you were young
Radiohead - Creep
The Cranberries - Analyse
The Killers - Human

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Barco Ancorado 27/11/2008


Os No Doubt regressam aos palcos em 2009. A confirmação chegou com o anúncio da presença da banda no Festival Bamboozle em Maio do próximo ano.
O grupo californiano tem estado em estúdio a preparar o sucessor de "Rock Steady" (2001), sem a presença da vocalista Gwen Stefani, mãe pela segunda vez recentemente, mas aparentemente, pelo menos de acordo com uma troca de mensagens entre a própria Stefani e os seus companheiros, as sessões não têm sido muito produtivas, o que levou o grupo a querer voltar aos palcos e ao encontro com os fãs.

«Estou aborrecido de estar em estúdio. E se déssemos uns concertos ou algo do género?», comentou o guitarrista dos No Doubt Tom Dumont, num chat publicado no site oficial da banda. «Acho que devíamos ir já. Não precisamos de esperar. Preparem os bébes e arranjem babysitters», respondeu Stefani, comentando mais tarde «se voltarmos aos palcos vai-nos inspirar para escrever. Preciso de ver os fãs». «Dar concertos vai tornar o tempo de estúdio muito melhor», afirmou por seu lado, o baixista Tony Kanal.

Por agora a passagem pelo festival de New Jersey é a única data anunciada pelos No Doubt. Quanto ao novo disco, fica por saber se chega ainda no próximo ano ou só em 2010.

Alinhamento
No Doubt - New
No Doubt – Simple kind of life
The Cranberries – Chocolate brown
Counting Crows – Long December
Beck - Loser
No Doubt – It´s my life
Dido – White flag
Sarah McLachlan – Building a mistery
No Doubt – Don´t speak

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Barco Ancorado 26/11/2008


O novo álbum de Britney Spears já está disponível para escuta na íntegra. "Circus", que chega às lojas no próximo dia 2 de Dezembro, já pode ser ouvido através do site imeem.com, que anteriormente disponibilizou os streamings de álbuns dos U2, Rolling Stones ou Lil Wayne.
O novo disco de Britney Spears é apresentado pelo single 'Womanizer' e sucede a "Blackout", editado no ano passado.

Mesmo antes de Britney Spears ter lançado o seu álbum de estreia, legiões de jovens tornaram-se seus fãs devido à energia das suas actuações em centros comerciais locais e, em particular, na abertura de um concerto do popular grupo NSync. A partir daí, "lançou um feitiço" em todos os que tinham a oportunidade de a ver ao vivo, plena de vitalidade, aliando a cada canção uma arrojada coreografia. Em 1999, edita finalmente o seu primeiro álbum homónimo. O trabalho revelava já a efervescência e a curiosidade musical da cantora. "One more time", o primeiro single extraído, foi um enorme sucesso, passando em todas as rádios e televisões, tornando-se uma espécie de hino de Britney. Depois de uma tournée, no Verão de 1999, que a levou um pouco por todo o mundo, regressa em 2000 com um novo trabalho, "Oops, I Did It Again", que confirma o seu talento, revelando um crescimento tanto a nível pessoal como musical.

Em Novembro de 2001, Britney Spears regressou com um novo trabalho, intitulado "Britney", o seu terceiro disco a estrear-se na liderança das tabelas de vendas em diversos países, impulsionado por alguns singles, sobretudo 'I'm Not a Girl, Not Yet a Woman', uma balada escrita por Dido.
No início de 2002 Spears estreou-se na representação, no filme "Crossroads". No mesmo ano protagonizou uma breve aparição em "Austin Powers: Goldmember" e, sensivelmente na mesma altura, terminou o badalado romance com Justin Timberlake.
Em 2003 chega aos escaparates o álbum "In the Zone", que representou novo êxito comercial com diversos singles de sucesso, como 'Toxic', 'Everytime' e 'Me Against The Music', o dueto com Madonna. O disco serviu de base para a "Onyx Hotel Tour", que passou pelo Rock In Rio Lisboa em 2004, e 'Toxic' rendeu-lhe um Grammy para "Melhor Gravação de Dança".

Os relacionamentos amorosos nem sempre bem sucedidos e a relação tumultuosa de Britney com os media teve início em 2004. Nesse ano esteve casada durante dois dias com o amigo de infância Jason Alexander e assumiu o namoro com o seu bailarino Kevin Federline, com quem viria a casar e de quem teve dois filhos. O casal protagonizou, depois, o reality show "Chaotic", baseado em episódios da vida quotidiana dos dois.
A compilação "Greatest Hits: My Prerogative" foi editada no início de 2005, reunindo os êxitos da norte-americana, a par de temas novos. "B In The Mix: The Remixes" foi a edição seguinte da cantora.
Pouco tempo após o nascimento do segundo filho, Britney Spears divorciou-se de Kevin Federline, dando início a uma longa batalha legal pela custódia das crianças. O novo disco de estúdio, "Blackout", vê a luz do dia em Outubro de 2007 e o lançamento foi marcado por uma actuação desastrosa nos MTV Video Music Awards.
Nos meses iniciais deste ano Britney voltou a dedicar-se à representação, participando em dois episódios da sitcom americana "How I Met Your Mother".
Agora, a 2 de Dezembro, chega o seu mais recente trabalho: “Circus”.

Alinhamento
Britney Spears - Womanizer
Britney Spears - Blur
Anastacia – In your eyes
Madonna - Secret
Britney Spears – Lace and leather
Avril Lavigne – Complicated
Christina Aguilera - Beautiful
Britney Spears - Mannequin

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Palavras que a boca não diz


Venho fatigante do adeus que não devia ter sido.
Quero ouvir dos teus olhos as palavras que a boca não diz.
Na luz do teu olhar não há noite nem medo.
Deixa abrir-se o desejo róseo como se abre a ostra,
expondo a pérola madura.
Abandona-te na maré alta do sonho e permite que meus
dedos monges procurem a pureza dos teus calores
em cada refluxo de volúpia dos teus músculos.

Deita-te na concha de areia como fosse o meu corpo e vê
no voo das gaivotas folguedos infantis.
Deixa-as brincarem de vestir o teu corpo nu
com guirlandas e bordados tíbios de espumas.
Sente na pele os meus afagos quando a água te tocar
cobrindo-te de versos e beijos.

Acolhe-me no colo.
Entrega-te devagar e ouve o meu canto na voz do vento.
Cúmplice que empurra as algas dos desenganos para longe.
Ouve a alegria do meu sentir como trinados primaveris.
Permite que meus desejos nómados e perdidos encontrem
nas dunas do teu corpo mais que um repouso de viagem.

Barco Ancorado 25/11/2008


Os Scorpions regressam esta noite ao nosso país para um concerto no Salão Preto & Prata do Casino Estoril.
A banda alemã, que já vendeu cerca de 75 milhões de discos, vem mostrar o novo álbum "Humanity: Hour I", num concerto acústico que vai contar com a participação de seis músicos e cantores brasileiros.
A presença dos autores de 'Still Loving You' no Estoril, está integrada nas comemorações do 50º aniversário do Casino.

Os Scorpions tornam-se conhecidos aos olhos do grande público com o seu hino rock de 1984, "Rock You Like A Hurricane", e pela sua balada "Wind Of Change", de 1990.
A banda é fundada em 1965 por Rudolf Schenker. A formação original inclui, além de Schenker (guitarra ritmo e voz), Karl-Heinz Follmer (guitarra solo), Lothar Heimberg (baixo) e Wolfgang Dziony (bateria). Em 1971, o irmão de Schenker, Michael, junta-se à banda para tocar guitarra solo, enquanto Klaus Meine se torna o novo vocalista. É este grupo que grava "Lonesome Crow" em 1972, que é também usado para a banda-sonora do filme alemão "Das Kalte Paradies".
A banda UFO repara em Michael Schenker e contrata-o para seu guitarrista em 1973. Para ocupar o lugar deixado em aberto entra Uli Jon Roth. Com o novo elemento, a banda edita quatro álbuns consecutivos: "Fly To The Rainbow", "In Trance", "Virgin Killer" e "Taken By Force". Quando este último trabalho é editado, Roth anuncia a sua decisão de abandonar a banda por não se identificar com o rumo que os seus companheiros estavam a seguir.
Em 1979, Schenker deixa os UFO e regressa aos Scorpions. No mesmo ano, o grupo edita "Lovedrive" e inicia a sua primeira tournée pelos EUA. No entanto, o álbum não obtém grande sucesso, chegando mesmo a ser proibido nos EUA devido ao cariz alegadamente sexual da sua capa.

Repetindo os comportamentos que o levaram à saída dos UFO (nomeadamente o alcoolismo e falta de comparência em alguns espectáculos ao vivo), Schenker deixa durante algum tempo os Scorpions - sendo substituído nos concertos por Matthias Jabs.
Com uma nova formação composta por Klaus Meine, Rudolf Schencker, Matthias Jabbs, Francis Bucholz e Herman Rarebell, a banda edita em 1980 "Animal Magnetism" (um disco que chega, surpreendentemente ao Ouro nos EUA).
Os Scorpions regressam aos discos em 1982 com "Blackout" que continha o hit "No One Like You". O álbum é um verdadeiro sucesso um pouco por todo o mundo, vendendo, só nos EUA, um milhão de cópias. Segue-se, em 1984, "Love At First Sting", um digno sucessor de "Blackout" que lhes confere definitivamente o estatuto de super-estrelas. O single "Rockin' Like A Hurricane" torna-se um verdadeiro sucesso, ajudando o álbum a atingir a dupla-platina.

Depois de editar "World Wide Live" em 1985, os Scorpions fazem uma pausa, mantendo-se fora da indústria musical durante dois anos. Finalmente, em 1988, regressam com "Savage Amusement", que incluía a balada "Rhythm Of Love" que se veio a revelar novo grande sucesso.
Em 1990, é lançado "Crazy World", que se torna no disco mais vendido dos Scorpions. Em 1993, é a vez de "Face The Heat", mas nesta altura já muitos fãs tinham perdido o interesse na banda devido à "explosão" da música rock alternativa de início da década. Em 1995, é editado novo álbum ao vivo: "Live Bites".
Já com o baixista Ralph Riekermann e o baterista James Kottak, os Scorpions gravam "Pure Instinct", em 1996. Um ano depois, a sua editora compila um álbum duplo que reúne os seus maiores sucessos, intitulado "Deadly Sting: The Mercury Years".
Já em 1999, segue-se "Eye To Eye", um disco em que o grupo experimenta algumas melodias pop-techno. E no final do ano seguinte, é a vez de "Moment Of Glory", gravado com a Berlin Philarmonic Orchestra, onde são revisitados alguns dos seus temas clássicos, dando-lhes desta feita uma roupagem diferente.
Outro disco ao vivo se segue, "Acoustica", resultado da gravação de um concerto acústico dado em Portugal. Em 2004 chega “Unbreakable” e no ano passado seria a vez de “Humanity: Hour I”, o disco que os Scorpions trazem esta terça-feira a Portugal.

Alinhamento
Scorpions – Lady starlight
Scorpions – Always somewhere
Nazareth – Love hurts
Whitesnake – Is this love
Scorpions – When the smoke is going down
Bon Jovi – Bed of roses
Scorpions - Still loving you

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Barco Ancorado 24/11/2008


A cidade de Lisboa foi o ponto de partida para uma das mais populares bandas da música portuguesa, mas igualmente para o caminho de triunfo de um dos seus fundadores e vocalista, Luís Represas. O cantor tinha 20 anos quando se juntou a João Gil, Nuno Represas, Manuel Faria e Artur Costa para formar os Trovante. Foram dezasseis anos de carreira com a popular banda, com a qual gravou dez álbuns, dois dos quais ao vivo, e ainda uma compilação composta pelos melhores temas.
A caminhada dos Trovante, desde sempre repleta de triunfos e de êxitos, foi acompanhada por inúmeras experiências, não só de participação em festivais internacionais, como de colaboração com os mais importantes nomes da música portuguesa, entre os quais José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto ou Adriano Correia de Oliveira. Só depois da separação dos Trovante, consumada em 1992, é que Represas principiou a sua carreira a solo, com a gravação do seu primeiro trabalho, no início do ano seguinte.
Esta segunda-feira, o cantor português completa 52 anos.

Depois do fim dos Trovante, Luís Represas partiu para Cuba, com vista ao conhecimento de novas tendências e ao enriquecimento da sua experiência com os sons da melhor música cubana. O agrupamento de Pablo Milanés tornou-se cúmplice das composições executadas por Represas e por Nani Teixeira, o baixista que viajou consigo. Os arranjos do álbum estiveram entregues a Miguel Nuñez, conhecido pianista cubano. O resultado final, "Represas", contou ainda com as participações vocais do grupo Gema 4 e de Pablo Milanés, que se juntou a Represas em "Feiticeira". O álbum conheceu igualmente uma versão inteiramente cantada em espanhol, tendo em vista a conquista dos demais mercados latinos. A digressão portuguesa que se seguiu confirmou em definitivo o triunfo da carreira a solo de Represas, com duas datas completamente esgotadas no Coliseu de Lisboa a encerrarem a tour.
"Cumplicidades", editado em 96, foi o seu segundo disco, uma vez mais com colaborações de nomes de peso do panorama musical. Desta vez, Bernardo Sassetti, consagrado pianista de jazz, participou activamente na composição do longa duração do cantor lisboeta. Para além do pianista português, o disco conta ainda com a participação do irlandês Davy Spillane. A promoção do álbum passou por quatro concertos realizados no Centro Cultural de Belém, nos quais Spillane também participou, e que resultaram no disco "Ao Vivo no CCB", registo que acabou por alcançar a dupla platina.

Em 1998 houve lugar à edição de mais um conjunto de originais de Luís Represas, "A Hora do Lobo". O trabalho reuniu uma vez mais Represas e Miguel Nuñez, e prolongou o sentido melódico e único da obra do ex-Trovante. A fórmula de sucesso repete-se com novos triunfos no Coliseu do Porto e de Lisboa. O ano seguinte revela uma nova faceta do cantor, que deu voz às canções da versão portuguesa do filme de animação "Tarzan". O ano 2000 acrescentou mais uma produção à discografia de Represas com a edição de "Código Verde", gravado em Espanha. Em Abril de 2001, o músico celebrou 25 anos de carreira com dois grandes concertos, em Lisboa e Porto, e onde contou com convidados como Fausto, João Gil, Manuel Faria e Davy Spillane, entre outros.
Ainda no mesmo ano regressou à actividade discográfica com um álbum de versões de artistas nacionais e internacionais, intitulado "Reserva Especial", mostrando mais uma vez a versatilidade de Luís Represas como cantor.

Em 2003 Luís Represas lançou "Fora de Mão", um registo de originais que documenta as histórias que resultaram do reencontro do músico com os lugares que lhe são familiares e das emoções (re)descobertas entre Portugal, Cuba e República Checa.
Três anos depois o músico regressa ao activo com "A História Toda", um duplo CD e DVD gravado ao vivo, com o qual assinala três décadas de carreira. Além dos temas reunidos nos dois CDs, esta compilação traz pela primeira vez o lançamento do trabalho de Luís Represas em formato DVD, com o concerto, "30 Anos de Canções", que o cantor deu no CCB a 1 de Abril de 2006. O DVD inclui ainda depoimentos do artista e de músicos convidados que participaram no espectáculo - entre os quais o cubano Pablo Milanés -, bem como um documentário e todos os videoclips da era pós-Trovante, incluindo o primeiro teledisco do grupo, gravado em 1977, a preto-e-branco.
Finalmente, em Fevereiro deste ano chegou 'Olhos nos olhos'.

Alinhamento
Luís Represas – Sinais de afecto
Luís Represas – Da próxima vez
Paulo Gonzo – Leve beijo triste
André Sardet – Foi feitiço
Luís Represas – Ao canto da noite
João Pedro Pais – Um resto de tudo
Rui Veloso – Não me mintas
Luís Represas - Sagres

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Barco Ancorado 21/11/2008


Björk Gudmundsdöttir já passou dos 40, é mãe solteira islandesa e uma das musas do fim do último século e do início do milénio. Cresceu numa comunidade hippie e gravou o seu primeiro disco aos 11 anos. Fez parte de várias bandas teen (a mais conhecida chamava-se Kukl), gravou "Gling-Gló" com um trio de jazz da 'terra do gelo', mas tornou-se mais conhecida como vocalista carismática dos Sugarcubes com quem actuou, pela primeira vez, em Portugal. Quando os 'cubos de açúcar' derreteram, Björk estreou-se a solo com "Debut" e abalou o mundo da música em geral, e o da dança em particular. Vendeu que se fartou e confirmou que era muito mais do que uma personagem exótica, de cara bonita e excelente voz.
Esta sexta-feira, Björk completa 43 anos.

Novamente com Nelle Hooper como produtor, e com a colaboração do namorado da altura, Tricky, Björk lançou "Post" e confirmou todo o seu mérito. Pelo meio do caminho, ofereceu os seus originais à arte alheia e lançou dois discos de remisturas, "The Best Re mixes From The Album Debut For All The People Who Don't Buy White Labels" e "Telegram". Com o capítulo seguinte, "Homogenic", continuou a busca pela canção perfeita não perdendo arrojo e capacidade de construir verdadeiros "standards".

O aplauso da crítica e do público surgiram naturalmente e fizeram de Björk uma estrela à escala mundial, mas o passo seguinte da diva iria ecoar até aos confins do universo. Ao aceitar a oferta do realizador dinamarquês Lars Von Trier para ser a protagonista Selma de "Dancer In The Dark", Björk certamente não suspeitava que ganharia o prémio de Melhor Actriz do Festival de Cannes 2000 e que a banda sonora da sua autoria "Selmasongs" seria nomeada para os Óscares. Mas foi o que de facto aconteceu. Depois chegou "Vespertine".

Por ser considerada a maior embaixadora da Islândia no planeta, o governo do país resolveu oferecer uma ilha a Björk, que no final de Outubro de 2002 editou um "Greatest Hits", cujo alinhamento foi construído com base numa votação levada a cabo no site oficial da cantora e baseada nas preferências dos fãs.
Em 2004 foi lançado 'Medúlla', o seu quinto álbum de estúdio e, finalmente, no ano passado, viu a luz do dia 'Volta'.

Alinhamento
Björk – Hypnotise (ft Paul Oakenfold)
Björk - Oceania
Enigma – Age of loneliness
Morcheeba – The sea
Björk – Hidden place
Kraftwerk - Aerodynamic
Björk – Human behavior

Derradeiro verso


Ontem,
escrevi num subtil filamento
de nuvem que concebi,
como fosse sobre a tua pele,
o derradeiro verso de desamor
enquanto dormia o teu corpo nu e vazio.

Hoje,
sem lamentos,
sem que eu rogasse ou esbravejasse,
ou me liquefizesse em águas submissas
e submergisse em mágoas do descaso frio,
uma nova estação se faz.

Um ténue sopro de vento,
a mais leve aragem,
levou para sempre os resíduos do amor
que, semelhante a semente infértil,
inibido de florescer em plenitude,
nasceu, viveu e morreu fugaz.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Barco Ancorado 20/11/2008


Em quatro letras apenas, Seal resume no título do seu último álbum aquilo que é (e por que é conhecido): "Soul". Trata-se de um disco de versões e de uma viagem pessoal às canções que mais influenciaram o popular cantor britânico. É caso para nesta altura perguntar: Seal ainda é o que era?

Os temas que Seal canta em "Soul" são algumas das canções mais populares da história da música popular: 'It's A Man's Man's Man's World' (celebrizada por James Brown), 'I've Been Loving You Too Long' (com que Otis Redding brilhou) ou 'Stand By Me' de Ben E. King. Mas há mais clássicos, todos eles importados da Soulândia.

"Soul" tem ambiente, é 'cool' e sugere um serão aprazível de audição. Seal aquece as versões com o calor da sua voz. Mas faz pouco mais. O tratamento pop que Seal dá aos temas pouco tem de pertinente ou de mágico, caindo a estrela britânica num exercício redundante que dura 12 faixas.
Voltamos a ouvir canções que já conhecíamos que repetem o mesmo trajecto. Limitar as versões à marca pessoal da voz é pouco e não basta. Perante o gigantismo dos originais, as músicas de "Soul" são um espelho tosco.

Ainda não parece ser desta que Seal inverte o caminho descendente e o reorienta para cima, para os dourados anos 90 quando o cantor tocou no céu e se destacou a popularizar o acid house como intérprete da canção pop de Adamski, 'Killer', arrancando depois para um percurso a solo sem precedentes na soul inglesa da década passada.

Alinhamento
Seal – Walk on by
Seal - Crazy
Chris Isaak – Wicked game
Sting - Fragile
Sade – By your side
Seal – Kiss from a rose
Lenny Kravitz – Calling all angels
Seal – Love´s divine

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Barco Ancorado 19/11/2008


O novo álbum dos Nouvelle Vague vai ser um disco de duetos, no qual as versões recriadas serão partilhadas por alguns dos seus cantores originais, como é o caso de Ian McCulloch, dos Echo and The Bunnymen, ou dos israelitas Minimal Compact, e novos intérpretes menos conhecidos, que têm acompanhado o colectivo. A dupla mentora dos Nouvelle Vague, Marc Collin e Olivier Libaux, acabou por concluir que seria melhor as versões dos temas ficarem entregues aos seus primeiros intérpretes. Esse critério norteou também alguns convites para o seu projecto 'Hollywood Mon Amour'. Os Nouvelle Vague passaram na última segunda-feira pelo Casino de Lisboa.

Reinventar temas das bandas sonoras dos filmes é uma espécie de sonho antigo dos Nouvelle Vague, ainda que os anos 60 e 70 recolham a preferência de Marc Collin. A opção pelos anos 80 para 'Hollywood Mon Amour' deveu-se a outros factores: «Foi engraçado fazer canções que toda a gente, no mundo, conhece, como 'We Don't Need Another Hero' ou 'Flashdance... What a Feeling'. Mas essas não são as minhas favoritas». Apesar disso a escolha do alinhamento não foi difícil. «Assim que decidi fazer este projecto, tornou-se bastante fácil [escolher]; basicamente foi seleccionar as principais, as que toda a gente conhece, as mais óbvias. Em apenas alguns minutos fiz uma lista onde apareciam 'We Don't Need Another Hero', 'Eye of The Tiger', 'Footloose' e mesmo músicas que não são conhecidas dos filmes, como 'Call Me'», referiu Marc Collin, co-fundador dos Nouvelle Vague.

As novas cantoras dos Nouvelle Vague, Nadeah Miranda e Marianne Elise estiveram no concerto da última segunda-feira em Lisboa. Nadeah participa, de resto, no registo, em faixas como 'When Doves Cry' ou 'Forbidden Colours'; e no concerto, além destas, deu também voz a 'Take My Breath Away', não incluída no disco, partilhando com Marianne, que ocasionalmente trocou o canto pelo saxofone, as versões das outras cantoras ausentes. Para o encore estava ainda prevista uma versão de 'Ghostbusters' mas a banda não regressaria ao palco.

Alinhamento
Nouvelle Vague – This is not a love song
Nouvelle Vague – Sweet & tender hooligan
Smoke City – Underwater love
Bebel Gilberto – All around
Cibelle – Sereia amor d´água
Nouvelle Vague – Love will tear us apart
Feist - Gatekeeper
Charlotte Gainsbourg – The songs that we sing
Astrud Gilberto – Who needs forever
Nouvelle Vague – Dancing with myself

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Barco Ancorado 18/11/2008


Brandi Carlile actua hoje na Aula Magna, em Lisboa. O concerto, que está esgotado há vários dias, é o primeiro de quatro datas que a cantora agendou para Portugal.
Carlile regressa a território nacional para apresentar o seu mais recente "The Story", depois deste ter servido de pretexto à actuação na edição deste ano do festival Sudoeste TMN.

Depois da capital a cantora ruma ao Cinema Batalha no Porto, terminando a sua mini-digressão em Coimbra, com dois concertos, a 20 e 21 (data extra).
Para o último espectáculo ainda existem bilhetes disponíveis. Os ingressos podem ser adquiridos no local, na Megarede, CTT, Lojas FNAC, Lojas Worten e ticketline.pt e custam entre 25 e 30 euros.
Todos os concertos estão marcados para as 22h00.

Antes de assinar com uma editora/gravadora maior, Carlile cantou com dois irmãos gémeos Tim e Phil Hanseroth para editoras de Seattle, como 'The Crocodile', 'Tractor Tavern' e 'Queen's Paragon'. Brandie Carlile começou a atrair as atenções da indústria musical depois de Dave Matthews ter ouvido a interpretação da sua banda em 2003 no Sasquatch! Music Festival.
A 'Columbia Records assinou um contrato com Carlile nos finais de 2004 . O seu primeiro álbum com aquela gravadora/editora chamou-se exactamente 'Brandi Carlile', que incluiu algumas das suas canções mais famosas que foram regravadas.Depois do lançamento de 'Brandi Carlile', andou numa tourné com os irmãos Hanseroth durante quase dois anos, trabalhando em canções que vieram a fazer parte do álbum The Story.

O segundo álbum de Brandi Carlile produzido pela Columbia, 'The Story', foi lançado em Abril de 2007. Um álbum produzido por T Bone Burnett que inclui uma colaboração com as Indigo Girls na canção "Cannonball." O álbum foi gravado numa sessão de 11 dias, com Carlile, os irmãos gémeos Hanseroth, o violoncelista Josh Neumann e o baterista Matt Chamberlain, para capturar o som das suas interpretações ao vivo.
A série de televisão 'Anatomia de Grey' tem na sua banda sonora três canções de Carlile: 'Tragedy', 'What Can I Say' e 'Throw It All Away'. Em Abril de 2007 'Anatomia de Grey' estreou uma versão de vídeo para o single 'The Story'.
Em Novembro do mesmo ano, Carlile visitou a Inglaterra durante o seu primeiro concerto no Reino Unido, no Borderline, em Londres. Em Portugal, a artista começou a ser famosa depois da canção 'The Story' entrar num anúncio publicitário de uma marca de cerveja. Uma canção que atingiu o nº1 no top de downloads e passou a ser transmitida nas diversas rádios nacionais.

Alinhamento
Brandi Carlile – Fall apart again
Brandi Carlile - Tragedy
Josh Groban – Remember when it rained
Keane – This is the last time
Colbie Caillat - Bubbly
Brandi Carlile – What can I say
Snow Patrol – Chasing cars
Mandy Moore - Walk me home
Brandi Carlile – The story

Deem-me as palavras


Deem-me as palavras...
As que quero ouvir brotando do fundo de mim
e as que emergirem sem querer.
Deem-me as significações que sei,
as que pensava saber,
as que andam meretrizes nos escuros da vida
e as que não me permito acender.

Está dolorida a ponta da língua
pelas palavras proferidas.

Vocábulos assassinados.

Doem-me as pontas dos dedos
na escrita arremessada
de um poema natimorto no parir das palavras
perdidas nos significados adulterados.

Dói-me o verbo de expressão moral máxima
na sentença prometida.

Dói-me profundamente o que digo,
mas, principalmente, o que não sei dizer.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Barco Ancorado 17/11/2008


A cantora e pianista de jazz, Diana Krall, iniciou os seus estudos bem cedo. Logo aos quatro anos começou a ter aulas de piano clássico na sua cidade natal de Naimo, no Canadá.
Já no Liceu, forma uma banda de jazz, e aí se inicia na composição, sendo nessa época também fortemente influenciada pela gigantesca colecção de discos do pai (também ele pianista).
No início dos anos 80 Diana ganha uma bolsa de estudo na Berklee College of Music onde desenvolve a sua técnica, mudando-se em seguida para Los Angeles, onde vive durante três anos antes de se mudar para Toronto.
Em 1990 Diana Krall já estava em Nova Iorque onde cantou e fez parte de um trio durante algum tempo. Três anos depois estreia-se nos discos com "Steppin' Out", editado pela Justin Time Records. Em seguida muda-se para GRP e lança, em 1994, "Only Trust Your Heart", um trabalho muito bem recebido pela crítica.
Diana Krall completou este domingo o seu 44º aniversário.

Em 1995 assina pela Impulse! e edita "All for You", um disco de homenagem a Nat King Cole. Dois anos depois segue-se "Love Scenes", um álbum que incluí alguns dos mais preciosos standards de jazz. E já no final de 1998 é a vez de "Have Yourself a Merry Little Christmas", um EP alusivo à quadra natalícia.
Em 1999 Diana regressa com "When I Look in Your Eyes", o seu trabalho mais aclamado até então e que lhe vale mesmo um Grammy.

As expectativas eram grandes quanto ao sucessor de "When I Look in Your Eyes" e ele surge em 2001 com o nome "The Look of Love". O álbum, gravado com a Orquestra Sinfónica de Londres, chega ao Disco de Ouro em Portugal aquando da sua edição e, duas semanas mais tarde, alcança mesmo o número um do top de vendas nacional. Facto inédito para uma artista de jazz no nosso país.
Em Dezembro de 2003, Diana Krall casa-se com o músico Elvis Costello, um ano depois de se terem conhecido.

No ano seguinte, a cantora e pianista lança "The Girl in the Other Room", álbum que conta com a parceria do seu marido em cinco letras. O disco inclui ainda versões de temas de Joni Mitchell ('Black Krow'), Tom Waits ('Temptation'), Mose Allison ('Stop This World') e do próprio Elvis Costello ('Almost Blue', música gravada originalmente em "Imperial Bedroom", de 1982).
No final de Setembro e em Outubro de 2004 Diana Krall passou por Portugal para vários concertos em Lisboa, Porto e Espinho.
Depois disso ainda foram editados “Christmas Songs”, em 2005, “From This Moment On” em 2006 e "The Very Best Of Diana Krall" no ano passado.

Alinhamento
Diana Krall – A case of you
Diana Krall – Just the way you are
Nina Simone – Black is the colour of my true loves hair
Diana Krall – I´ve got you under my skin
Norah Jones – The long day is over
Lisa Ekdahl – Cry me a river
Diana Krall – Love letters

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Barco Ancorado 14/11/2008


Os Mogwai actuam em Portugal no início do próximo ano. A actuação acontece na Aula Magna, em Lisboa, a 5 de Fevereiro, e serve de apresentação ao recém-lançado novo álbum da banda escocesa, intitulado "The Hawk is Howling", que sucede a "Mr. Beast", de 2006.
Os bilhetes já estão à venda, nos locais habituais, pelos preços de 22 euros (para o anfiteatro) e 30 euros (para as doutorais).

Vêm de Glasgow e vêem no post-rock a sua forma de expressão. A história dos escoceses Mogwai começa a delinear-se em 1996, quando Stuart Braithwaite (guitarra e voz) e Dominic Aitchison (baixo) recrutam o baterista Martin Bulloch para formarem uma banda rock. Com o propósito de criar "música de guitarra séria", o trio convida mais um guitarrista para a formação do grupo, de seu nome John Cummings.
O primeiro single dos Mogwai, "Tuner", foi sucedido por "Angels vs. Aliens", que alcançou de imediato um lugar ao sol na tabela indie britânica, em 1996.

Depois de participarem em várias compilações, os Mogwai lançam "Summer", seguido de "New Paths to Helicon" e de uma colecção com algum material mais antigo, intitulada "Ten Rapid".
Numa altura em que se preparavam para gravar o EP "4 Satin", o ex-membro dos Teenage Fanclub e dos Telstar Ponies, Brendan O'Hare, junta-se ao alinhamento dos Mogwai, mesmo a tempo de participar no seu álbum de estreia "Mogwai Young Team".
Pouco tempo depois, O'Hare deixa a banda para regressar aos seus projectos Macrocosmica e Fiend 1.

Novamente enquanto quarteto, os Mogwai editam "Kicking a Dead Pig", um duplo CD de remixes, seguido do novo EP "No Education No Future (Fuck The Curfew)", ambos em 1998.
No ano seguinte, a banda lança o seu segundo álbum, "Come On Die Young", e em 2001 chega às lojas um novo trabalho de originais, "Rock Action". Já no final desse ano, os Mogwai editam o EP "My Father, My King".
Em 2003, "Happy Music for Happy People" assinala o quarto álbum de originais da banda.
Três anos depois, o longa-duração "Mr Beast" vê a luz do dia.

Alinhamento

Mogwai – Acid food
Mogwai – I can´t remember
Sigur Rós - Staralfur
The Arcade Fire - Haiti
Interpol – Slow hands
Mogwai – I know you are but what I am
Bloc Party – I still remember
Yeah Yeah Yeahs - Maps
Mogwai - Summer

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Barco Ancorado 13/11/2008


Não chegaram a ser três anos os que passaram desde a última actuação dos Keane em Lisboa, no Super Bock Super Rock, em meados de 2006, como diria Tom Chaplin (vocalista) para manifestar o contentamento do regresso do grupo à capital portuguesa. Mas a saudade da ausência certamente ajudou à grande celebração da noite de ontem, numa comunhão genuína raramente vista em palcos nacionais. Mesmo em concertos de antemão apetecíveis e aguardados nem sempre se observa o que aconteceu neste espectáculo que estava esgotado há uma semana. Banda e público foram um só numa explosão de entusiasmo do princípio ao fim, que se foi alimentado reciprocamente em ambos os lados do palco.
Os Keane passaram pelo Coliseu dos Recreios.

Com álbum novo ("Perfect Symmetry") para mais esta passagem por território nacional e com os singles a serem já entoados em coro, desta vez Tom Chaplin, em muito boa forma (e mais magro), apareceu com energia para dar e vender e pegou na guitarra umas quantas vezes, mesmo continuando a ser o piano de Tim Rice -Oxley a pedra de toque da música dos Keane.
O concerto assumiu um formato best-of e "arriscou" em novos arranjos que deram uma nova batida a hits como 'Is It Any Wonder?', de "Under The Iron Sea", que se tornou ainda mais dançável e mais enérgico que o original, assim como algumas das novas que em palco ganharam sem dúvida outra vivacidade.
'The Lovers Are Losing', o primeiro single de "Perfect Symmetry" marcou o arranque de um espectáculo que se faria também no pano de fundo, tela de múltiplas cores e projecções de vídeo, uma delas com direito a recriação de um chat no site da banda, em 'Again and Again'. Tom Chaplin, muito comunicativo, desde logo deixou o aviso para que o público se divertisse tanto quanto o grupo, em final de digressão com o concerto de Lisboa. O Coliseu não se fez rogado e aceitou o repto com palmas contínuas e ensurdecedoras a cada tema que passava, como se todos fossem sucessos sobejamente conhecidos.

O primeiro sinal da euforia generalizada no concerto dos Keane aconteceu com 'Everybody's Changing', o single que deu a conhecer a banda. Mas sucessos é coisa que não lhes falta, por isso o desfile continuou ao som de mais uma antiga, desta vez do segundo álbum, 'Nothing in My Way'. Notoriamente maravilhados com a reacção do público, os Keane introduziram a primeira balada da noite com a nova 'You Don't See Me', na fórmula clássica, para logo relançarem a euforia ao som de 'This Is The Last Time'.
Tom Chaplin prometeu não voltar a ficar tanto tempo sem actuar em Lisboa - havia, porém, quem anunciava estar há muito tempo à espera do momento de ver ou rever a banda.

A refrescante 'Spiralling', mesmo fugindo à sonoridade imediata dos Keane, é já um êxito entre os fãs. 'Bend and Break' recuperou novamente o disco de estreia e trouxe Chaplin à guitarra acústica sozinho, num dueto cantor/público, e 'Try Again' voltou a juntar a banda, ainda sob o mesmo formato acústico. 'Perfect Symmetry' revelou a mensagem de esperança do entusiasmo americano com a vitória de Obama que contagiou os Keane na sua passagem recente pelos EUA, conforme explicou o cantor quando apresentou o tema, aquele que a banda considera ter sido a sua melhor composição até à data e o novo single a ser extraído do novo álbum. Mas a "perfeição" chegaria logo a seguir com a empolgante 'Somewhere Only We Know' e a apoteose final de 'Crystall Ball', com Chaplin a descer mais uma vez para junto do público em êxtase.
Os Keane, ontem à noite no Coliseu dos Recreios. Uma noite perfeita.

Alinhamento
Keane – Perfect symmetry
Keane – The lovers are losing
Snow Patrol – How to be dead
Beck – Lost cause
Oasis – Don´t look back in anger
Keane – This is the last time
No Doubt – Don´t speak
Keane – Crystall ball

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Asas da gaivota


Vão vozes de saudades
nas asas da gaivota que voa para leste.
Ouço-as nos ouvidos da alma...
Escuto os meus chamamentos de amor
como retumbares doloridos das vagas
retalhadas em cristais de sal,
contra as rochas de farpas dilacerantes.

Sussurros de prantos não reprimidos
largam-se nos ventos,
e vêm lamber a praia e os meus pés,
nestes momentos falsos do sentir.

Exausto no ofegante cansaço da ausência,
deixo-me embalar esquecido nas areias,
e fico como quem morre um pouco...

Vão vozes de saudades
nas asas da gaivota que voa para leste.
Pensam o sangrar da minha dor,
e velam o meu adormecer.

Barco Ancorado 12/11/2008


O novo álbum de Antony and the Johnsons sai a 20 de Janeiro. «The Crying Light» tem arranjos de Nico Muhly. A capa é do japonês Kazuo Ohno, que já tinha assinado o mesmo tipo de trabalho para o EP « Another World», acabado de editar. O disco traz dez canções. Enquanto não está disponível, revisitamos no Barco Ancorado temas mais antigos de Antony and the Johnsons.

Os Anthony and the Johnsons são uma banda maleável que tem como rosto central e fixo a personalidade forte do vocalista Antony Hegarty.
O poderio da sua voz andrógina, muito devedora da influência da diva de jazz Nina Simone, as influências glam e da synth-pop de Marc Almond e ainda uma certa compatibilidade com a neo-folk dão à música do grupo um contexto muito rico e atraente.

O segundo álbum "I'm a Bird Now" (2005) resiste ainda como a obra seminal deste projecto e figura como um dos discos mais emblemáticos da sonoridade indie da primeira década deste milénio.

Antony, nova-iorquino de origem inglesa, tem sido visita frequente a Portugal. Fez as primeiras partes dos esotéricos Current 93 no Teatro Ibérico e das CocoRosie no Lux-Frágil, integrou uma digressão do seu padrinho musical Lou Reed que passou por Coimbra aquando da promoção ao álbum "The Raven" dedicado a Edgar Allan Poe, e já actuou em nome próprio na Aula Magna.

Alinhamento
Antony and the Johnsons – You are my sister
Antony and the Johnsons – Hope there´s someone
Kings of Convenience – Manhattan skyline
Sondre Lerche – Two way monologue
Antony and the Johnsons – The atrocities
Jeff Buckley – So real
Rilo Kiley - Silver lining
Antony and the Johnsons (feat Lou Reed) – Perfect day

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Barco Ancorado 11/11/2008


Os Sigur Rós actuam esta terça-feira no Campo Pequeno, em Lisboa. A banda islandesa regressa ao nosso país para apresentar o novo álbum "Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust", o quinto de estúdio na sua discografia.
A primeira parte do concerto está a cargo dos também islandeses For a Minor Reflection que estão na estrada com os Sigur Rós para apresentar o seu disco de estreia.

Os Sigur Rós são um caso à parte na cena rock actual. Na verdade, de rock o grupo só terá a utilização dos seus instrumentos convencionais: guitarras, bateria e baixo. Facto inédito numa formação que, como já alguém escreveu, faz música que se assemelha ao "som das lágrimas douradas de Deus ao cairem sobre o mar".
O grupo, que foi buscar a sua designação ao nome de uma das sobrinhas de um membro, é formado em 1994 em Reykiavik por Jon Thor Birgisson (vocalista), Georg Holm (baixista) e Agust (bateria).
O trio estreia-se nos discos em 1997, com um álbum "assombrado" de nome "Von", mas que passa relativamente despercebido. No ano seguinte, é a vez de "Recycle Bin", um disco de remisturas de "Von".
Em 1999, Kjartan Sveinsson entra para a banda, para se ocupar das teclas, e o grupo edita, pouco depois, o seu segundo álbum de nome "Ágaetis Byrjun". O disco é aclamado pela crítica, chegando mesmo a Disco de Platina aquando da sua edição. "Ágaetis Byrjun" faz então disparar a popularidade da banda, que chega a ser considerada como uma das revelações do ano (para alguns, da década) e uma digna sucessora da também islandesa Björk.

Agust deixa os Sigur Rós e é substituído por Orri Pall Dyrason. Em Abril de 2000, o grupo inicia uma bem sucedida tournée pelo Reino Unido (ao lado de bandas como Radiohead ou Godspeed), assente na boa recepção que tiveram os seus singles "Sven-G-Englar" e "Ny Battery" em terras britânicas.
Durante cerca de um ano, a banda anda pela estrada promovendo "Ágaetis Byrjun" também pelos EUA e pelo Japão, e preparando, ao mesmo tempo, o seu terceiro álbum de originais. Em Outubro de 2002, regressaram aos escaparates com um álbum gravado numa piscina convertida em estúdio, onde a banda deu largas à sua imaginação minimalista, optando por não dar nomes às faixas constituintes do disco, além de as cantar numa lingua inventada intitulada Vonleska ou Hopelandic.
Em 2003 colaboram com os Radiohead para criar a música para o bailado "Split Sides".

O terceiro longa duração, "Takk", chega em 2005. O título traduzido em português significa 'Obrigado'. Os islandeses vieram ao nosso país mostrar o disco no final desse ano, num espectáculo integrado na digressão mundial que só terminaram em 2006, com um regresso ao seu país natal marcado por vários concertos em sítios pouco comuns, como fábricas abandonadas, que dão origem ao documentário "Heima".
O filme é lançado em 2007 junto à edição dupla "Hvarf-Heim", dois EP's com versões acústicas de temas mais antigos e alguns inéditos.
Para promover "Heima" a banda fez várias exibições em todo o mundo, com pequenos concertos acústicos e sessões de pergunta/resposta depois da projecção.
O quinto longa duração dos Sigur Rós chega em Junho de 2008 com um dos títulos mais impronunciáveis de sempre. "Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust" é apresentado pelo single ''Gobbledigook', um tema cheio de referências ao experimentalismo dos Animal Collective, cujo videoclipe mostra o quarteto junto a um grupo de raparigas a correr nus numa floresta, à semelhança da fotografia que aparece na capa do álbum.
O novo álbum dos islandeses é também pretexto para a sua estreia no Campo Pequeno, esta terça-feira em Lisboa.

Alinhamento
Sigur Rós - Gobbledigook
Sigur Rós – The nothing song
Cat Power – Good woman
Sufjan Stevens - Jacksonville
Elliot Smith – Memory lane
Sigur Rós - Staralfur
Joy Division - Atmosphere
Sigur Rós - Avalon

Benção dos deuses


Não é com a renúncia das bocas que alcançaremos a benção dos deuses, nem com a negação dos escritos, ou conjugando a violência de não atender aos chamados. Precisamos lembrar que as amendoeiras não floresceram uma eternidade de esperas em vão. Devemos aprender a tocar o inacessível, redimindo os corpos, queimando nos incêndios, ardendo nas febres, sem antídoto, e reconhecer a pele única, a gargalhada da alma, os leitos dos olhos onde adormecemos com os seios rígidos de sonhos. As mãos que desenham geografias apenas imaginárias, como um compasso que se curva diante dos relevos dos céus que se formam. E um Deus travesso que sorri, feliz, esperando apenas que seus donos reconheçam o milagre do encontro...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Barco Ancorado 10/11/2008


Morrissey lança novo disco em Fevereiro do próximo ano. O registo chama-se "Years of Refusal" e é o nono a solo do ex-Smiths. Segundo mensagem do próprio músico no site, a edição está marcada para o dia 23 de Fevereiro.

O primeiro avanço é o tema 'I'm Throwing My Arms Around Paris'. Apesar de ainda não se saber a data da edição do single, foi anunciado que vai trazer como lados b os inéditos 'Because of My Poor Education' e 'Shame is My Name', que conta com a colaboração vocal de Chrissie Hynde dos Pretenders.

Fica por saber se o dueto faz parte do disco. Esta não é a primeira vez que Hynde trabalha com Morrissey, depois de já terem trabalhado juntos no single de 1991, 'My Love Life'.

"Years of Refusal" foi produzido por Jerry Finn e integra doze temas no seu alinhamento. É também o sucessor de "Ringleader of the Tormentors" lançado em 2006.


Alinhamento

Morrissey – Everyday is like Sunday
Smiths – How soon is now
Joy Division - Atmosphere
Siouxsie & The Banshees - Israel
Morrissey – Irish blood, english heart
The Cure - Lullaby
The Clash - Magnificent seven
O.M.D. - Souvenir
Morrissey - Suedhead

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Barco Ancorado 07/11/2008


Pink conquistou o primeiro prémio da edição deste ano dos MTV Europe Music Awards, na categoria Música Mais Viciante, com 'So What'.
Já o galardão para Melhor Banda ao Vivo foi parar às mãos dos Tokio Hotel, enquanto os 30 Seconds To Mars ganharam nas categorias de Melhor Actuação Rock e Melhor Vídeo, com o teledisco de 'A Beautiful Lie'. Jared Leto, que já tinha incitado as massas a darem vivas a Barack Obama, exibia uma t-shirt com a cara do novo presidente dos EUA. O cantor e actor serviu de apresentador secundário, papel atribuído a Dave Grohl na última edição.

Uns dos troféus mais aguardados, Melhor Artista de 2008 e Álbum do Ano, foi parar às mãos de Britney Spears, pelo seu "Blackout". A cantora não esteve presente na cerimónia, agradecendo através de vídeo.
Os Coldplay e Duffy perderam todos os prémios para que estavam indicados, Álbum do Ano e Música Mais Viciante e Melhor Artista de 2008 e Revelação do Ano, respectivamente. A cantora de 'Mercy' viu fugir-lhe todos os galardões das categorias para as quais estava nomeada quando Grace Jones entregou o troféu de Revelação do Ano a Kate Perry, a anfitriã da cerimónia. O mesmo aconteceu com os Coldplay quando a última esperança de levar um dos galardões para casa saiu gorada com o anúncio de Britney Spears como vencedora na categoria de Melhor Artista de 2008.

Beyoncé inaugurou as actuações ao vivo da cerimónia, seguida dos Take That e dos Killers. Estelle juntou-se a Kanye West para darem voz a 'American Boy'. O artista norte-americano levou a melhor sob a concorrência e conquistou o prémio para Melhor Actuação R&B ou Hip-Hop - troféu que dedicou à mãe, falecida há cerca de um ano.

Já a escolha dos artistas recaiu sob Lil'Wayne, outro ausente na cerimónia. Enquanto Bono entregou o prémio já anunciado, Ultimate Legend, a Paul McCartney, precisamente na cidade que viu nascer os Beatles, Liverpool.
A distinção foi atribuída imediatamente antes de cada estação passar o seu artista favorito, no caso português os Buraka Som Sistema, que ficaram de fora da corrida para Melhor Artista Europeu, categoria vencida pelo turco Emre Aydin.
Tal como os Coldplay e Duffy, Leona Lewis acabou por ser outra das derrotadas da noite.

Alinhamento
Pink – Don´t let me get me
Britney Spears – Gimme more
Tokio Hotel - Monsoon
Coldplay – Speed of sound
30 Seconds to Mars – From yesterday
Kanye West – All falls down (ft Syleena Johnson)
Kate Perry – I kiss a girl
Duffy - Rockferry
Leona Lewis – A moment like this

Amores


Tenho amores de anteontem e nenhuma certeza.
Beijei as bocas incertas antes da perfeição da tua e morri quando beijaste outro.
Agora tenho só esperas e as derradeiras flores para entregar.
Todas feitas das últimas delicadezas.

Conheço as labaredas que queimam entre as coxas e as febres que tecem a tua rede de sedução.
Afasto-me como o barco que faz a curva antes do cais, impedido de ancorar.
E, amanhã, será apenas uma questão de tempo...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Barco Ancorado 06/11/2008


Um dos valores mais seguros da geração de artistas e cantoras que escolheram os espaços entre a música pop e o jazz, Lisa Ekdahl vai apresentar-se em Portugal na próxima semana. Primeiro em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, a 14 de Novembro, e dois dias mais tarde, em Alcobaça, no Cine Teatro, Ekdahl vai apresentar as suas composições plenas de emoção. Esta é uma oportunidade singular dos portugueses verem ao vivo uma artista que já conquistou por três vezes prémios Grammy.

Aos 23 anos Lisa Ekdahl tornou-se um fenómeno na sua Suécia natal com o single 'Vem Vet (Who Knows?)', primeiro avanço para o disco de estreia homónimo. Estávamos em 1994 e o disco acabou por vender 800 mil cópias, com Lisa a receber vários prémios no seu país e em nações vizinhas como a Noruega ou a Dinamarca, incluindo a Melhor Artista da Suécia do Ano.

O contrato com a EMI não demorou, mas seria com a RCA/BMG que Lisa Ekdahl acabaria por editar os dois álbuns seguintes: "Med Kroppen Mot Jorden" de 1996 e "Bortom Det Blå" de 1997.
Um começo em grande para a cantora que cresceu em Estocolmo e no início dos 90 começou a actuar com o trio de jazz liderado pelo pianista Peter Nordahl.
Em 1998 é altura de se estrear nas edições em inglês com "When Did You Leave Heaven", o primeiro disco inteiramente de jazz e o primeiro a ter edição nos EUA, onde acaba por ser criticado pelos mais ortodoxos, que consideraram a voz doce de Ekdahl demasiado infantil para preencher os standards jazzísticos. Mas a cantora não liga e edita novo disco dedicado a este estilo de música no ano seguinte. O álbum intitula-se "Back to Earth" e vende mais de 40.000 cópias só na França, numa altura em que Lisa era elogiada pela imprensa de referência britânica.

"Lisa Ekdahl sings Salvatore Poe" é a edição que se segue abrindo novas fronteiras para a intérprete sueca, já que Ekdahl interpreta temas escritos pelo seu marido Salvatore Poe quase todos num estilo próximo da bossa nova. Este disco volta a ter sucesso na Escandinávia e na França. Seguem-se "Heaven Earth & Beyond" de 2002 e as edições em sueco "Olyckssyster" de 2004 e "Pärlor Av Glas" de 2006.
Com três Grammys na prateleira e oito álbuns, Ekdahl está sem dúvida nos primeiros lugares do lote das grandes vozes do lado mais light do jazz ao lado de Diana Krall, Norah Jones ou Stacey Kent.

Alinhamento
Lisa Ekdahl – Cry me a river
Lisa Ekdahl – Vem vet
Norah Jones – The long day is over
Lisa Ekdahl – Deep inside your dreams
Diana Krall – Love letters
Isabelle Boulay – Dieu des amours
Lisa Ekdahl – It was just one of these things
Billie Holiday – Blue moon
Nina Simone – My baby just cares for me
Madeleine Peyroux – Dance me to the end of love
Lisa Ekdahl - Daybreak

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Círculo


Trago as mãos húmidas dos teus desejos e domínios. Como os cegos, os que andejam na escuridão, os excluídos das sementes, tacteio as formas e as suas respostas.
O fogo farta-se da lenha seca dos silêncios. Toco o abismo. E reencontro-me na morada definitiva.

Barco Ancorado 05/11/2008


O primeiro disco de Bryan Adams, um single inspirado no disco sound, "Let Me Take You Dancing", passou despercebido mas valeu-lhe um contrato com a editora A&M Records, em 1978. O álbum de estreia, "You Want It You Got It", que também não conseguiu resultados por aí além, proporcionou ao músico a actuação nas primeiras partes de concertos de bandas como os Foreigner ou os Kinks.
Aos 16 anos, o canadiano decide entrar no mundo da música. Deixa a escola, compra um piano e começa a compor canções, em conjunto com Jim Vallence, para bandas como os Kiss, Lover Boy ou para Bonnie Tyler.
Filho de um diplomata, Bryan Adams chegou a viver em Birre, na zona de Cascais, o que o leva ainda a 'arranhar' o português. Hoje, o cantor canadiano completa 49 anos.

"Cuts Like A Knife", de 1983, foi o primeiro êxito de vendas a conseguir figurar no top ten norte-americano, mas foi com "Reckless", no ano seguinte, que Bryan Adams conquistou definitivamente o seu espaço no cenário do rock. O disco, cheio de canções e acordes simples, ficou duas semanas em primeiro lugar no top dos Estados Unidos, e dele foram extraídos 6 singles que chegaram ao top 15: "Run To You" "Heaven", "Summer Of 69", "Somebody", "One Night Love Affair" e "It's Only Love", cantado em dueto com Tina Turner.
O álbum seguinte, "Into The Fire", de 1987, conseguiu, outra vez, atingir um milhão de cópias vendidas e o seu maior sucesso foi "Heat Of The Night".
Antes de novo álbum, Bryan continuou a estreita colaboração com o cinema, compondo o tema "(Everything I Do) I Do It For You" para o filme "Robin Hood - Príncipe dos Ladrões" de Kevin Costner, que bateu um recorde, permanecendo no top britânico durante 16 semanas. Nos Estados Unidos, foram sete as semanas de glória e ainda duas nomeações para um Grammy e para um Óscar.

"Waking Up The Neighbours", de 1991, precedeu uma digressão mundial que durou mais de dois anos. "So Far So Good", a colectânea de 1993, vendeu em todo o mundo mais de 13 milhões de cópias. Entretanto, o canadiano cantou com estrelas como Pavarotti e voltou a fazer a conhecer um mega sucesso de vendas, em 1995, com o tema "Have You Really Ever Loved A Woman?" do filme "Don Juan De Marco", que lhe valeu outra nomeação para um Óscar.
No ano de 1996 surge no mercado "18 'Till I Die", o quinto álbum. Um conjunto de temas repartidos entre o rock mais típico do início da carreira e baladas que confirmaram a sua inequívoca sabedoria no género.
O seu apoio às causas mais nobres valeu-lhe outros reconhecimentos. Assim, participou numa campanha para a criação de um santuário de baleias e apoiou movimentos como o Greenpeace ou a Amnistia Internacional. Recentemente, ajudou na angariação de fundos para um programa de apoio ao combate do cancro da mama com a modelo Linda Evangelista.

"On A Day Like Today" foi editado em 1998. A receita da fama, desta vez, não funcionou tão bem e o trabalho não resistiu mais de duas semanas no top americano. O ano seguinte serviu para a edição de mais uma colectânea, "The Best Of Me". Desde então, Bryan Adams andou em digressão um pouco por todo o mundo.
Só em 2004, seis anos depois, regressa a estúdio, para a gravação de "Room Service". Quatro anos depois, repete a graça, com "11". Entre um álbum e outro, foi editando vários DVD´s, entre os quais, "Live in Lisbon", que foi registado no Pavilhão Atlântico.

Alinhamento
Bryan Adams – Have you really loved a woman
Bryan Adams – Summer of 69
Barry Manilow – Can´t smile without you
Rod Stewart – When I need you
Bryan Adams -Please forgive me
Phil Collins – Can´t stop loving you
Bryan Adams – Everything I do (I do it for you)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Barco Ancorado 04/11/2008


Os EUA decidem esta terça-feira quem vai ser o seu novo presidente. A escolha divide-se entre o republicano John McCain e o democrata Barack Obama. Este último é o favorito na corrida à Casa Branca e desde cedo colheu o apoio de inúmeras figuras do mundo artístico norte-americano, nomeadamente músicos.
Vários foram os grupos e cantores que ao longo da campanha de Obama participaram em iniciativas de recolha de fundos, ou que simplesmente se mobilizaram em solidariedade com a campanha do senador do Illinois.

Um dos músicos que participou numa acção de recolha de fundos para Barack Obama foi a cantora Joan As Police Woman, que se apresenta ao vivo em Guimarães no próximo sábado, no Centro Cultural Vila Flor.
A songwriter revela-se convicta na vitória do candidato democrata. «Penso que estas eleições vão além de qualquer fronteira partidária. Toda a gente está horrorizada com as opções da actual administração Bush e da forma como elas arruinaram tanto daquilo que são os fundamentos base do nosso país. Muitos dos nossos direitos constitucionais básicos estão reduzidos neste momento (...) E que desastre eles fizeram de grande parte do mundo. É embaraçoso (...)”, referiu a cantora numa entrevista concedida ao site 'Cotonete'.

Ao longo da campanha para as presidenciais norte-americanas outros nomes se manifestaram publicamente. Michael Stipe, dos R.E.M, conhecido pelas suas críticas a Bush, Win Butler, dos Arcade Fire, e os Wilco foram dos primeiros a avançar no apoio ao senador democrata Obama. Mais tarde surgiram os apelos de Eminem e o apoio de Bruce Springsteen. De fora também vieram incentivos como os de Chris Martin, dos Coldplay, e Obama chegou mesmo a pedir à britânica Joss Stone que fizesse a canção oficial da sua campanha.
A relação entre Obama e as celebridades do mundo artístico foi inclusivamente usada por McCain no seu discurso político. O candidato republicano acusou Obama de ter uma postura de estrela semelhante às de Britney Spears e Paris Hilton. Esta última não se fez rogada e criou mesmo um vídeo parodiando esses comentários, encenando a sua própria candidatura à Casa Branca.

Mesmo os que não se posicionaram oficialmente a favor de nenhum dos candidatos viram os seus nomes envolvidos, como aconteceu com Jon Bon Jovi. O vocalista dos Bon Jovi manifestou-se publicamente contra o uso de uma canção sua na campanha de Sarah Palin, candidata republicana à vice-presidência dos EUA. Já antes Ann e Nancy Wilson, das Heart, tinham proibido o partido de voltar a usar a canção 'Barracuda', e Jackson Browne chegou a processar os republicanos pelo uso não autorizado de 'Running On Empty'.
Sheryl Crow preferiu uma atitude mais imparcial, apelando simplesmente ao voto dos jovens, em troca do download do seu novo disco, "Detours".

Alinhamento
R.E.M. - Loosing my religion
Joan As Police Woman (ft Rufus Wainwright) – To America
Arcade Fire - Haiti
Coldplay – Speed of sound
Bruce Springsteen – My city of ruins
Joss Stone – Right to be wrong
Bon Jovi – Thank you for loving me
Sheryl Crow – The first cut is the deepest

O Inverno que nos alcança


Depois do aviso começamos a sentir que aquele vento de fogo, seco, ácido, duro, soprado feito açoite, trançado na poeira, vai esmorecendo, trocado por outro mais ameno, húmido, com mais pétalas de água.
Vai chegando devagar, mudando as cores dos jardins, como se tivesse vindo de muito longe, das lonjuras de onde só os ventos e as dores podem vir. Nas ruas do centro as mulheres já exibem casacos que cheiravam a guardado de tanto esperar.
As lojas de roupa anunciam as liquidações. A noite vai esfriando, pedindo coberta e paz entre os casais, porque todos sabem que não se devem zangar nos tempos de frio.
Há o espectáculo de olhar pela janela, manhã cedo, e ainda ver a neblina que levanta devagar, com preguiça de acordar e tristeza de separar-se da cidade, cortada em fatias pelos que correm nas avenidas e madrugadores do trabalho, e pelo alto dos edifícios, fazendo recortes no horizonte, como se fossem as montanhas que não temos. E os corações abalados pelas aventuras do Verão vão-se entregando feito quixotes que desistiram dos moinhos de vento, e buscando o aconchego dos amores de Inverno, mais delicados e permanentes.
Nas casas, os chás e o chocolate quente voltam à mesa, o café na livraria é um prazer quase irresistível.
E, uma vez por outra, tenho surpreendido a lua, exposta e nua, em plena tarde, perdida de amor pela vida nos antigos becos.
O Inverno já galanteia a elegância das mulheres. Eu sei e sinto que ele é apenas o meu tempo.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Barco Ancorado 03/11/2008


Lenine tem um novo disco. "Labiata", título do registo chega às lojas nacionais a 10 de Novembro. O disco é composto por 10 temas, onde inclui a canção 'É o Que Me Interessa', da banda-sonora de uma novela transmitida na TV portuguesa.
"Labiata" sucede ao DVD "Acústico MTV", lançado há cerca de ano e meio. O registo foi o primeiro trabalho em formato acústico que Lenine editou em 25 anos de carreira e retrata o espectáculo realizado naquela estação de televisão, que contou com a participação de artistas como o camaronês Richard Boná, a mexicana Julieta Venegas, Igor Cavalera (ex-Sepultura), a harpista Cristina Braga e o oboísta Victor Astorga.

Depois d'Os Novos Baianos terem estabelecido uma ligação coerente entre uma grande diversidade de estilos musicais nos anos 70, e dos Paralamas do Sucesso terem dado continuidade ao movimento na década seguinte, Lenine assumiu o comando das operações nos anos 90, divulgando, em conjunto com nomes como Otto, O Rappa, Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S.A., Pedro Luís e a Parede e Carlinhos Brown, o chamado movimento Mangue Beat.
Pernambucano do Recife, Osvaldo Lenine Macedo Pimentel ouviu rock até aos 17 anos, altura em que descobriu o "Clube da Esquina", de Milton Nascimento, e em que assistiu a um concerto de Gilberto Gil. Aos 18, trocou Pernambuco pelo Rio de Janeiro e participou no festival da TV Globo, MPB 81, com o tema "Prova de Fogo".
Lenine é hoje considerado um dos mais inteligentes músicos, compositores e produtores do Brasil, que depois de ter apostado na divulgação a nível nacional do tradicional maracatu da sua terra natal, misturou-o com laivos de pop e apresentou-o ao mundo com a ajuda de Mestre Ambrósio, Chico Science & Nação Zumbi, António Nóbrega e Maracatu Nação Pernambuco.

O primeiro álbum de Lenine foi editado em 1983. Intitulado "Baque Solto", o registo contou com a colaboração do músico Lula Queiroga e procurou essencialmente estabelecer uma ponte entre as sonoridades do nordeste brasileiro e o pop/rock. Só depois de um hiato de 10 anos o músico regressou às edições discográficas, com "Olho de Peixe", mais um registo gravado em parceria, desta feita com Marcos Suzano, um percussionista conceituado habituado a trabalhar exclusivamente com grandes músicos. O disco foi muito bem recebido pelos fãs da MPB e figurou entre os 100 mais vendidos do ano no mercado japonês.
O primeiro disco a solo de Lenine foi "O Dia Em Que Faremos Contacto", misturado nos estúdios Realworld, de Peter Gabriel, que viu a luz do dia em 1997. O álbum valeu ao músico dois prémios Sharp, para Melhor Artista Revelação e Melhor Canção, com o tema "A Ponte", gravado em conjunto com Lula Queiroga.
O tempo que se seguiu foi passado na estrada, numa digressão que percorreu o Brasil e o Japão, e em 1999 Lenine participou no projecto "Carte Blanche", em Paris, a convite de Caetano Veloso.

Em Agosto do mesmo ano, Lenine fez chegar às lojas o seu tão aguardado segundo álbum a solo, intitulado "Na Pressão". O registo reuniu colaborações de artistas como Arnaldo Antunes, Dudu Falcão, Lula Queiroga, Paulinho Moska, entre outros, e incluiu uma homenagem ao mestre Jackson do Pandeiro, no tema "Jack Soul Brasileiro".
Da mistura de universos tão distintos como o samba, rap, maracatu, funk, embolada, balada, rock, techno e jungle, resultou um disco marcado pela criatividade, e que para além de ter fugido aos padrões da pop habitual, misturando tradição com inovação, fê-lo sempre com grande dose de coerência.
No ano 2000, Lenine regressou à estrada, tendo passado por Berlim, França, Holanda e ainda pelo célebre Jazz Café em Londres.
Seguiram-se os trabalhos 'Falange Canibal', 'In Cite', o 'Acústico MTV Lenine' e agora chega 'Labiata'.

Alinhamento
Lenine – Todas elas juntas num só ser
Lenine – A ponte
Paralamas do Sucesso – A novidade
Skank - Resposta
Tim Maia e Marisa Monte – Ainda lembro
Lenine - Paciência
Tom Jobim - Surfboard
Maria Rita – Dos gardenias
Lenine – É o que me interessa