quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Barco Ancorado 13/11/2008
Não chegaram a ser três anos os que passaram desde a última actuação dos Keane em Lisboa, no Super Bock Super Rock, em meados de 2006, como diria Tom Chaplin (vocalista) para manifestar o contentamento do regresso do grupo à capital portuguesa. Mas a saudade da ausência certamente ajudou à grande celebração da noite de ontem, numa comunhão genuína raramente vista em palcos nacionais. Mesmo em concertos de antemão apetecíveis e aguardados nem sempre se observa o que aconteceu neste espectáculo que estava esgotado há uma semana. Banda e público foram um só numa explosão de entusiasmo do princípio ao fim, que se foi alimentado reciprocamente em ambos os lados do palco.
Os Keane passaram pelo Coliseu dos Recreios.
Com álbum novo ("Perfect Symmetry") para mais esta passagem por território nacional e com os singles a serem já entoados em coro, desta vez Tom Chaplin, em muito boa forma (e mais magro), apareceu com energia para dar e vender e pegou na guitarra umas quantas vezes, mesmo continuando a ser o piano de Tim Rice -Oxley a pedra de toque da música dos Keane.
O concerto assumiu um formato best-of e "arriscou" em novos arranjos que deram uma nova batida a hits como 'Is It Any Wonder?', de "Under The Iron Sea", que se tornou ainda mais dançável e mais enérgico que o original, assim como algumas das novas que em palco ganharam sem dúvida outra vivacidade.
'The Lovers Are Losing', o primeiro single de "Perfect Symmetry" marcou o arranque de um espectáculo que se faria também no pano de fundo, tela de múltiplas cores e projecções de vídeo, uma delas com direito a recriação de um chat no site da banda, em 'Again and Again'. Tom Chaplin, muito comunicativo, desde logo deixou o aviso para que o público se divertisse tanto quanto o grupo, em final de digressão com o concerto de Lisboa. O Coliseu não se fez rogado e aceitou o repto com palmas contínuas e ensurdecedoras a cada tema que passava, como se todos fossem sucessos sobejamente conhecidos.
O primeiro sinal da euforia generalizada no concerto dos Keane aconteceu com 'Everybody's Changing', o single que deu a conhecer a banda. Mas sucessos é coisa que não lhes falta, por isso o desfile continuou ao som de mais uma antiga, desta vez do segundo álbum, 'Nothing in My Way'. Notoriamente maravilhados com a reacção do público, os Keane introduziram a primeira balada da noite com a nova 'You Don't See Me', na fórmula clássica, para logo relançarem a euforia ao som de 'This Is The Last Time'.
Tom Chaplin prometeu não voltar a ficar tanto tempo sem actuar em Lisboa - havia, porém, quem anunciava estar há muito tempo à espera do momento de ver ou rever a banda.
A refrescante 'Spiralling', mesmo fugindo à sonoridade imediata dos Keane, é já um êxito entre os fãs. 'Bend and Break' recuperou novamente o disco de estreia e trouxe Chaplin à guitarra acústica sozinho, num dueto cantor/público, e 'Try Again' voltou a juntar a banda, ainda sob o mesmo formato acústico. 'Perfect Symmetry' revelou a mensagem de esperança do entusiasmo americano com a vitória de Obama que contagiou os Keane na sua passagem recente pelos EUA, conforme explicou o cantor quando apresentou o tema, aquele que a banda considera ter sido a sua melhor composição até à data e o novo single a ser extraído do novo álbum. Mas a "perfeição" chegaria logo a seguir com a empolgante 'Somewhere Only We Know' e a apoteose final de 'Crystall Ball', com Chaplin a descer mais uma vez para junto do público em êxtase.
Os Keane, ontem à noite no Coliseu dos Recreios. Uma noite perfeita.
Alinhamento
Keane – Perfect symmetry
Keane – The lovers are losing
Snow Patrol – How to be dead
Beck – Lost cause
Oasis – Don´t look back in anger
Keane – This is the last time
No Doubt – Don´t speak
Keane – Crystall ball
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