quinta-feira, 5 de junho de 2008

Um tudo ou nada


Sinto saudades do dia em que nunca nos encontramos
Daquele em que não nos vimos pela primeira vez
Desse em que nunca te tive
Daquele em que não falaste o que eu queria ouvir
Da nossa primeira noite que jamais houve
Quando deixamos de conhecer-nos biblicamente até ao desmaio

Tenho sede da noite em que nem começamos a beber-nos
Sinto fome dos momentos em que não estávamos um no outro
Devorando-nos gota a gota

Poderia desenhar com os mínimos detalhes tudo o que não aconteceu
O amor que não explodiu
O desejo que não cristalizou
Todo esse nada que não vivemos tão intensamente separados

Uma saudade como se nunca tivesse acontecido
Como este afago que não te mando
e que ainda assim nunca receberás

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