quarta-feira, 11 de junho de 2008

Barco Ancorado 11/06/2008


Completam-se hoje quatro anos da morte de Ray Charles, pianista pioneiro e cantor de música soul que ajudou a definir o seu formato ainda no fim dos anos 50, além de ter sido um inovador intérprete de R&B. O seu nome de nascimento era Raymond Charles Robinson, mas encurtou-o quando entrou na indústria do entretenimento para evitar confusão com o famoso boxeur Sugar Ray Robinson. Considerado um dos maiores génios da música negra americana, Ray Charles também foi um dos responsáveis pela introdução de ritmo gospel nas músicas de R&B.

Cego aos sete anos de idade devido a um glaucoma e órfão na adolescência, Ray Charles iniciou a sua carreira a tocar piano e a cantar em grupos de gospel, no final dos anos 40. A princípio influenciado por Nat King Cole, trocou o gospel por baladas profanas e, após assinar com a Atlantic Records em 1952, enveredou pelo R&B. Quando o rock & roll estourou com Elvis Presley em 1955, e cantores negros como Chuck Berry e Little Richard foram promovidos, Ray Charles aproveitou o espaço aberto e lançou sucessos como "I got woman" (gravada depois por Elvis), "Talkin about you", "What I'd say", "Litle girl of Mine" ,"Hit The Road Jack", entre outros, reunindo elementos de R&B e gospel nas músicas de uma forma que abriram caminho para a soul music dos anos 60, tornando-o um astro reverenciado do pop negro.

Embora sempre ligado ao soul, Ray Charles não se ateve a nenhum género musical negro específico: ligou-se ao jazz, gravou baladas românticas chorosas e standards da canção americana. Entre os seus sucessos históricos desta fase estão canções como "Unchain my heart", "Ruby", "Cry me a river", "Georgia on my mind" e baladas country como "Sweet memories", e o seu maior sucesso comercial, "I can't stop loving you", de 1962. Apesar de problemas com drogas que lhe prejudicaram a carreira, as interpretações de Ray Charles sempre foram apreciadas, não importando as músicas que cantasse. Uma aura de genialidade reconhecida acompanhou-o até ao fim da vida e mais do que nos últimos álbuns que gravou, era nas suas apresentações ao vivo que o seu talento único podia ser apreciado.

Notório mulherengo, Ray Charles casou-se duas vezes e foi pai de 12 crianças de sete mulheres diferentes. A sua primeira esposa, Eileen Williams (casados em 1951, divorciados em 1952), deu-lhe um filho. Outros três filhos são do seu segundo casamento, em 1955, com Della Beatrice Howard (divorciaram-se em 1977).
O filme Ray, de 2004, interpretado por Jamie Foxx (vencedor do Óscar pelo papel) conta a vida do músico, partindo do momento em que deixa a sua casa em direcção a Seattle, para tentar a carreira profissional, até ao sucesso e o vício da heroína e a sua luta para se livrar dela, intercalando inúmeros flashbacks, onde o protagonista relembra os conselhos da sua mãe e momentos da sua infância, quando perdeu o irmão (que morreu afogado) e quando ficou cego.

Alinhamento
Ray Charles – Georgia on my mind
Ray Charles – Somewhere over the rainbow
Otis Redding – These arms of mine
The Marketts – Out of limits
Gladys Knight – Licence to kill
Ray Charles – I can´t stop loving you
Roberta Flack – Killing me softly with this song
James Ingram (c/ Linda Ronstadt) – Somewhere out there
Ray Charles (c/ Elton John) – Sorry seems to be the hardest one

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