quinta-feira, 19 de junho de 2008

Barco Ancorado 19/06/2008


Um dos maiores cantores e compositores brasileiros está hoje de parabéns. Chico Buarque completa 64 anos. Nasceu no Rio de Janeiro a 19 de Junho de 1944. A sua juventude foi passada entre o Brasil e a Itália, em muito devido à constante censura do seu trabalho feita pela ditadura militar brasileira. Mas a riqueza cultural e artística conquistada junto do pai, Sérgio Buarque de Hollanda, historiador e cúmplice na formação e desenvolvimento da bossa nova, e perto de Vinícius de Moraes, que visitava frequentemente a casa dos seus pais, contribuíram mais ainda para a sua natural apetência pelas artes. Assim, desde tenra idade, o jovem Chico encontrou o seu bem estar na música.

Os estudos de arquitectura na Universidade de São Paulo interromperam momentaneamente uma inclinação e um apego natural de Chico Buarque pela composição. A edição do álbum "Chega de Saudade", de João Gilberto, marcou em definitivo a mudança e a viragem na condução dos seus planos de vida. O primeiro registo de Chico, o single "Pedro Pedreiro" foi composto para uma peça de teatro, mas foi uma composição intitulada "Roda Viva", feita para a polémica peça de teatro com o mesmo nome, que Buarque conquistou o seu estatuto maior. A criação foi o suficiente para a prisão do músico que, pouco depois, partiu uma vez mais para o exílio em Itália.

O regresso de Chico Buarque ao Brasil ocorreu em 1970, quando gravou o tema "Apesar de Você", que foi, uma vez mais, censurado, dada a crítica explícita ao regime ditatorial. O álbum "Construção", que mostrou composições que em nada se assemelhavam à sua inspiração na bossa nova apareceu pouco depois, em 71. O compositor decidiu então criar um pseudónimo, para iludir a censura, e foi com a designação Julinho da Adelaide que lançou várias canções que conheceram o sucesso, como "Acorda" ou "Jorge Maravilha". Contudo, o regime militar não perdoou e o cantor foi quase proibido de lançar qualquer outra criação nos anos que se seguiram. Mesmo assim, durante essa altura, Chico gravou uma série de álbuns. Mas, só a meio da década de 80 é que conseguiu alguma liberdade criativa, e aproveitou o facto para compor novas canções, assumindo continuamente uma postura anti-estrela.

Na década de 90, Chico Buarque dedicou-se à literatura e escreveu dois livros, com os títulos "Estorvo", que mereceu a consagração num prémio de literatura brasileiro, e "Benjamim". O retorno aos espectáculos ao vivo, em 1994, foi feito com um novo espectáculo intitulado "Paratodos". A vida artística de Chico Buarque continuou sempre ligada à defesa das causas mais nobres, chegou até a participar numa campanha para a defesa da paz no futebol. Destaca-se ainda a adaptação para cinema de "Estorvo", que mereceu apresentação no festival de cinema de Cannes do ano 2000.
Após um longo jejum, Chico Buarque voltou a editar em 2006, um álbum de novas canções, "Carioca", que, apesar do título, é uma homenagem a São Paulo (onde o tratam por carioca). O disco motivou uma digressão ao vivo, raríssima nele, que passou pelos Coliseus de Lisboa e do Porto.

Alinhamento
Chico Buarque – Homenagem ao malandro
Chico Buarque – Gota d´água
Gal Costa – Meu nome é Gal
Marisa Monte – Tema de amor
Arnaldo Antunes – O silêncio
Chico Buarque – O que será que será
Caetano Veloso – Beleza pura
Daniela Mercury – À primeira vista
Zeca Baleiro - Flor de pele
Chico Buarque – Fado tropical

Sem comentários: