quarta-feira, 4 de junho de 2008

Barco Ancorado 04/06/2008


Um dos maiores compositores e intérpretes da música portuguesa faz hoje 58 anos. Poeta boémio e um "trovador errante", como já alguém o chamou. Uma figura de culto, que consegue reunir à sua volta um grupo de fiéis seguidores.
Jorge Palma nasceu em Lisboa, a 4 de Junho de 1950. Com apenas seis anos, enquanto aprendia a ler e a escrever, iniciou os estudos de piano. Aos oito, realiza a sua primeira audição no Conservatório Nacional. Em 1963, venceu o segundo prémio e uma menção honrosa num Concurso Internacional das Juventudes Musicais em Palma de Maiorca. No ano seguinte, abandona a música clássica e começa a tocar guitarra, dedicando-se à música pop/rock. Em 1969, integra o grupo hard/rock Sindikato, ao mesmo tempo que estuda na Faculdade de Ciências de Lisboa. Nesta altura, começa a trabalhar na escrita de canções, compondo os seus primeiros temas, curiosamente em inglês. O grupo acaba por gravar um single e um álbum de versões.

A estreia a solo de Jorge Palma dá-se em 1972 com o single "The Nine Billion Names Of God". Nesse ano, abandona os estudos de engenharia e realiza a sua primeira viagem transcontinental, que o leva aos EUA, Canadá e Caraíbas. No ano seguinte, edita novo single, desta feita em português, resultado de um trabalho de aperfeiçoamento da escrita na nossa língua com o poeta Ary dos Santos. Nesta altura, surgem as primeiras encomendas de composição e orquestração para outros artistas. Ainda em 73, é chamado a cumprir o serviço militar obrigatório, ao qual escapa, exilando-se na Dinamarca com a mulher, Gisela Branco. Regressa ao nosso país no ano seguinte, quando é posto ao corrente dos acontecimentos do 25 de Abril.
O primeiro LP, "Uma Viagem na Palma da Mão", é lançado em 1975 e coincide com um período de intenso trabalho como orquestrador, compositor e letrista. De registar ainda a sua participação no primeiro Festival da Canção do pós 25 de Abril. Em 1977, lançou o segundo álbum "Té Já", passando pelo Brasil e Espanha, onde tocou na rua, em várias cidades. Nos dois anos seguintes, desloca-se até França, nomeadamente a Paris, onde volta a tocar um pouco por toda a parte, desde bares e esplanadas passando pelo metropolitano. Em 79, novo regresso ao nosso país, marcado com o terceiro álbum "Qualquer Coisa Pá Música". E em 82, depois de regressar, novamente de Paris, com a sua segunda mulher, grava um duplo LP, "Acto Contínuo". Dois anos depois, é a vez de "Asas e Penas". E em 85, edita um dos seus mais aclamados álbuns de sempre, "O Lado Errado da Noite" do qual extrai o single "Deixa-me Rir", que é, ainda hoje, um dos seus maiores êxitos comerciais).

Em 1986, Jorge Palma conclui o Curso Geral de Piano e grava o seu sétimo álbum de originais "Quarto Minguante". Nos anos seguintes, continua a dedicar-se ao piano, tendo, em 1990, concluído o Curso Superior de Piano do Conservatório de Lisboa, um ano depois de editar o seu último álbum de originais até ao momento, "Bairro do Amor". Este disco chega a ser considerado pelos jornais "Público" e "Diário de Notícias", como um dos álbuns do século da música portuguesa. O disco marca também a ruptura com a sua editora, a EMI-Valentim de Carvalho (que recusou a sua edição), e a passagem para a Polygram. Em 91, foi editado, "Só", uma compilação de velhos temas tocados apenas com piano e voz. Forma, em 92, com os seus amigos Zé Pedro, Kalú, Flak e Alex o grupo "Palma's Gang", que revisita alguns dos seus temas, agora em versão eléctrica. Um ano depois está à venda o "Palma's Gang: Ao Vivo no Johnny Guitar". Os anos seguintes ficam marcados pela colaboração com outros músicos em vários projectos, sendo de destacar, em 96, a sua participação nos Rio Grande, juntando-se a Tim, João Gil, Rui Veloso e Vitorino, num trabalho que homenageia a música tradicional portuguesa e que foi coroado com um enorme sucesso comercial.. Participou ainda em vários espectáculos, como os "Filhos de Rimbaud", em colaboração com Sérgio Godinho, João Peste, Rui Reininho e Al Berto. Nesse mesmo ano, a EMI edita a compilação "Deixa-me Rir".

Em 1997 Jorge Palma continua a colaboração com outros músicos e os Rio Grande editam o seu segundo LP. Já em 98, destaca-se a sua participação na Expo-98, em espectáculos a solo e como convidado de Amélia Muge. Foi, ainda, director musical do espectáculo "Aos Que Nasceram Depois De Nós", baseado em textos de Bertold Brecht. O ano de 99, foi novamente marcado por vários concertos e participações nos álbuns, "XX Anos XX Bandas" de homenagem aos Xutos & Pontapés, e "Tatuagem" de Mafalda Veiga.
Em 2001, depois da colectânea "Dá-me Lume", editada um ano antes, Jorge Palma regressa com o primeiro disco de originais em 12 anos: o muito aguardado álbum homónimo com produção de Flak. No ano seguinte, em celebração dos trinta anos de carreira, Palma editou em disco o resultado do concerto que havia dado no mês de Junho desse ano no Teatro Villaret, em Lisboa, em versão acústica.
Mais recentemente, o músico trouxe à ribalta aquele que é já um dos seus maiores sucessos de sempre. E é com ele que fechamos o Barco Ancorado: “Encosta-te a mim”.

Alinhamento
Jorge Palma – Deixa-me rir
Jorge Palma – Bairro do amor
Sérgio Godinho – O primeiro dia
Clã – Conta-me histórias
Jorge Palma - Frágil
Xutos & Pontapés – Manhã submersa
Rui Veloso – Porto seguro
Jorge Palma – Encosta-te a mim

1 comentário:

Anónimo disse...

A agenda, a obra, o universo artístico de Jorge Palma em www.bloguepalmaniaco.blogspot.com
Newsletter/informações: contactar ladoerradodanoite@hotmail.com