
Volto para casa com os olhos cansados
de rectângulos brancos com nomes e datas.
Marcos de fúnebres latifúndios da saudade.
O dia natimorto cobriu o céu de cinzas...
Sinto-me enjoado de café e cheiro de cigarros,
e piadas sem graça contrapondo a desgraça.
Estranha procissão de cabeças abaixadas...
Estranho ressoar de passos trôpegos no
silêncio profundo e santo.
O som de roldanas e orações que desconheço...
Uma cova vermelha... Um brilho enterrado...
Volto para casa com os ouvidos cansados
de tantas ladainhas vergadas por bocas esquálidas
e distantes na noite sem dormir,
prometendo recomeço e esperanças.
Volto com a alma sem sorrir, diante da verdade,
de que só pode haver um vencedor.
Volto com a dor dos derrotados.
Quero mergulhar num longo sono de criança,
que sufoque a mudez que está em mim.
Porquê um poema se não há dilema?
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