quarta-feira, 2 de abril de 2008
Barco Ancorado 02/04/2008
A cantora norte-americana Emmylou Harris completa esta quarta-feira 61 anos. Apadrinhada pelo lendário Gram Parsons, a cujo primeiro disco emprestou a voz, Emmylou Harris soube, após a morte do mentor dos Flying Burrito Brothers, construir uma sólida carreira - quer com a Hot Band, que a acompanhou ao longo de numerosos álbuns, quer a solo.
Nascida no Alabama em 1947, cresceu na Carolina do Norte, tendo acabado o liceu na Virginia. Por detrás das constantes mudanças de cenário estava a carreira militar do seu pai, mas cedo Emmylou percebeu que o seu percurso não seria menos errante, quando na Faculdade se junta a Mike Williams, com quem formou um dueto, acabando por desistir de estudar e mudar-se para Nova Iorque, onde percorreu o circuito de concertos de Greenwich Village.
Em 1970, Emmylou Harris grava "Gliding Bird", o seu primeiro álbum, um momento seguido de vários dissabores, profissionais e pessoais. Pouco depois do lançamento, a editora de Emmylou Harris abre falência, ao passo que o seu casamento com Tom Slocum entra em crise. Já com uma filha, a artista acaba por ter de abandonar Nashville, para onde tinha ido viver, e voltar para junto dos pais, que entretanto se tinham estabelecido numa quinta em Washington.
O golpe de sorte na carreira de Emmylou Harris surge em 1971, durante uma actuação do trio que mantinha com Gerry Mule e Tom Guidera. A assistir à performance estavam membros dos Flying Burrito Brothers, grande precursores do country-rock. Impressionado com o talento da cantora, Chris Hillman, o então líder da banda, falou em Emmylou a Gram Parsons, que tinha acabado de deixar o grupo. O compositor convida Emmylou a cantar no seu primeiro álbum a solo, "GP". Depois de uma digressão com os Fallen Angels, banda de suporte de Gram Parsons, a cantora participa num disco histórico, que daria nome ao tributo que, em 1999, vários artistas fizeram a Parsons - "Grievous Angel".
A morte de Gram Parsons, catalizada pelo abuso de álcool e drogas, rompeu a colaboração entre os dois músicos, decidindo Emmylou continuar em Washington e formar, com Tom Guidera, a Angel Band. Já em Los Angeles surge "Pieces of the Sky", a estreia a solo da cantora, na qual se encontram versões de temas de vários grupos. Com "If I Could Only Win Your Love", original dos Louvin Brothers, Emmylou alcança o seu primeiro sucesso.
Depois de algumas colaborações com Dolly Parton e Neil Young, Emmylou Harris grava "Elite Hotel", o álbum em que, pela primeira vez, é acompanhada pela Hot Band, na qual figuravam James Burton e Glen D. Hardin, antigos músicos de Elvis Presley. Na voz e guitarra estava Rodney Crowell - uma formação que se manteve em "Luxury Liner", de 1978, e "Quarter Moon In a Ten Cent Town", lançado no ano seguinte. Em "Blue Kentucky Girl", é já Ricky Saggs a dividir as vocalizações com Emmylou Harris.
Seguiram-se "Roses in the Snow", em que a toada dominante é o bluegrass acústico, e um álbum de Natal, numa altura em que Meghann, a segunda filha da artista, era a sua prioridade. Em 1981, chega ao mercado "Evangeline", colecção de canções inéditas.
No ano seguinte, o abandono do baterista John Ware deixou a banda de Emmylou Harris sem nenhum dos seus membros originais; ao mesmo tempo, a união da cantora com Brian Ahern desfaz-se, sendo "Last Date", um disco ao vivo, e o álbum de estúdio "White Shoes" os últimos registos de Emmylou produzidos pelo marido.
De volta a Nashville, a artista junta-se a Paul Kennerley, com quem cantara em 1980, e com ele grava "The Ballad of Sally Rose", aproveitando um pseudónimo que por vezes utilizava, quando em digressão, para esboçar um trabalho eminentemente auto-biográfico. Apesar de, comercialmente, ter fracassado, o disco dá um novo ânimo a Emmylou, que casa com Kennerley e lança os álbuns "Thirteen" e "Angel Band", uma colecção de espirituais country.
Em 1987, o sucesso bateu à porta da artista, que em "Trio" concretiza um projecto antigo, juntando-se a Dolly Parton e Linda Ronstadt na interpretação de alguns clássicos. A adesão do público à ideia dá origem a "Duets", disco no qual Emmylou Harris reúne numerosas faixas que cantara com George Jones, Willie Nelson e Gram Parsons, entre outros.
Já na década de 90, Emmylou Harris edita "At The Ryman", um álbum ao vivo em que é já secundada por uma nova banda, os Nash Ramblers, e torna-se presidente da Fundação da Música Country. O ano de 1993 trouxe a saída da Warner Bros/Reprise, que troca pela Asylum Records, e o divórcio de Paul Kennerley. "Cowgirl's Prayer" marca esta época da sua carreira e vida pessoal, e "Wrecking Ball", lançado em 1995, prova a vontade da artista em arriscar. O disco é bem acolhido pela crítica e antecede "Portraits", uma retrospectiva da sua obra, dividida em três CDs.
Seguem-se o álbum "Spyboy", de 1998, e a "sequela" de "Trio". Em 1999, Emmylou Harris volta a trabalhar com Linda Ronstadt em "Western Wall: Tucson Sessions", antes de, com o disco "Red Dirt Girl", conquistar público e imprensa. O trabalho, em que participam Bruce Springsteen, Patty Griffin e Dave Matthews, é galardoado com o Grammy de Melhor Álbum Folk Contemporâneo, e confirma o estatuto da cantora no panorama da música norte-americana.
Desde então, Emmylou tem-se dedicado a dar espectáculos em prol das acções de desminagem em países do Terceiro Mundo.
Alinhamento
Emmylou Harris – Making believe
Emmylou Harris & Dave Matthews Band – The long black veil
Linda Ronstadt & Aaaron Neville – Don´t know much
Joan Baez – The night they drove old Dixie Down
Dolly Parton – More than I can say
Emmylou Harris & Mark Knopfler – Lost on the river
Cowboy Junkies – A horse in the country
Aimee Mann – Humpty Dumpty
Emmylou Harris & Mark Knopfler – Love and happiness
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