quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Barco Ancorado 30/10/2008


Numa altura em que o rock old school dos AC/DC domina os mercados em todo o mundo, deixando a entender que em épocas de maior instabilidade na carteira o público prefere virar-se para o conforto de uma banda com créditos mais que firmados, é curioso que tenha sido um moderníssimo jogo de vídeo dedicado à guitarrada à antiga que tenha 'ajudado' os Extreme a regressarem não só às edições como ao rock puro e duro, aquele das guitarras no máximo, delay e reverb q.b., cabelos compridos e vozes bem agudas a condizer.
"Saudades de Rock" foi o pretexto para este regresso da banda a Portugal, mais de dez anos depois da última visita. E foi perante um Coliseu dos Recreios pouco habitado, mas entusiasta, que Nuno Bettencourt e companhia subiram o volume dos amplificadores. Logo a abrir 'Comfortably Dumb', o primeiro avanço do novo disco, que marcou o regresso da banda 13 anos depois de "Waiting For the Punchline".

Na primeira vez que se dirigiu ao público, Gary Cherone prometeu que o grupo ia compensar a longa ausência e a prová-lo seguiu com 'Decadence Dance' e 'Rest In Peace', canções dos discos "Ponograffitti" e "Ill Sides to Every Story", editados entre 1990 e 1992. Mas a viagem no tempo ainda iria retroceder mais um ano no calendário com 'Kid Ego' e 'Play With Me', do disco de estreia "Extreme" a ser bem aceite pela assistência, sobretudo animada nas proximidades do palco por onde andavam muitas vezes Cherone e Bettencourt.
O guitarrista de origem açoriana é sem dúvida o motor e a razão de ser dos Extreme. Exímio executante, é-lhe natural o rock preconizado pela banda, recheado de longos solos e escalas em distorção, irrepreensíveis sim, mas algo repetitivos. Já Gary Cherone trouxe a sua experiência como vocalista dos Van Halen um tanto a mais para os temas do seu projecto de origem, a maior parte cantado num tom gritado e imperceptível e até por vezes desafinado.

Numa altura em que já se tinha percebido que "Pornograffitti" é sem dúvida o preferido do público, que responde entusiasta a 'It's a Monster', Bettencourt puxa pela sua costela lusa e faz uma pequena brincadeira com 'A Portuguesa', proibindo o público de o acompanhar na voz e transformando o hino nacional num solo de arpejos. Tudo isto para introduzir o momento alto da noite com o óbvio 'More Than Words' em completo dueto com um público incrivelmente afinado. E sem deixar de ser a estrela da companhia, Nuno salta para o piano e dá o mote para 'Ghost', uma balada forte do novo disco, na qual o luso-americano comprova o seu talento para a música. Tempo ainda para o country eléctrico de 'Take Us Alive' e a popularidade de 'Get The Funk Out', que terminam a parte oficial do concerto.

Não é a toa que o primeiro a voltar a palco seja Nuno Bettencourt. Comunicativo, bem humorado e em português, dá a introdução para 'Am I Ever Gonna Change'. Depois de uma manifestação clubista do público pela t-shirt do Benfica envergada pelo baterista Kevin Figueiredo, português e o mais recente elemento do quarteto, tudo parece terminar com 'Hole Harted', mas as 'saudades' eram demais para ficar por aí e o grupo oferece 'Mutha (Don't Wanna Go To School Today'. No final, músicos e público cumprimentam-se como amigos de longa data.

Alinhamento
Extreme - Rest in peace
Extreme - Tragic comic
Bon Jovi - Thank you for loving me
Eric Carmen – All by myself
Extreme – More than words
Richard Marx - Right here waiting
Berlin – Take my breath away
Extreme – Get the funk out

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