terça-feira, 21 de outubro de 2008

Barco Ancorado 21/10/2008


Esta terça-feira, no Barco Ancorado, vamos fazer o balanço da passagem pelo Coliseu dos Recreios, de Aimee Mann. Foi, segundo rezam as críticas, uma sala grande demais para uma songwriter talhada para espaços mais intimistas. Uma banda competente mas sem rasgos. Uma Aimee Mann certinha, que não deslumbrou mas de quem se continua a gostar. Uma noite que prometia mas que não chegou a aquecer. Foi assim o regresso da autora da banda sonora do filme 'Magnolia' a Portugal, que tocou no sábado no Coliseu.

No concerto de Aimee Mann, o público foi pouco mas cumpridor. Estava ali para uma noite tranquila, mais à espera das canções de 'Magnolia' do que de 'Smilers', o último disco da cantora. Ao longo da hora e meia que durou o concerto foi pouco mais que um simples adereço, batendo palmas sem grande entusiasmo nem convicção. Faltou aquele calor das grandes noites do Coliseu.
A sala tornou-se, por isso, grande demais para o coração intimista de Mann. A cantora, que não é uma rocker clássica, está mais para espaços tipo Aula Magna do que para um Coliseu meio vazio, que chegou a parecer desolador. É evidente que ela e a sua guitarra acústica foram competentes mas nunca se viram momentos sublimes de música. Ora, nos discos, o sublime é facilmente reconhecível.

'Stranger into Starman' foi a canção que abriu o concerto. Abriu também de par em par o novo disco, fiel roteiro do espectáculo. Seguiu-se 'Looking For Nothing' e 'Freeway', todas de 'Smilers', um disco diferente de 'Lost in Space' ou mesmo de 'The Forgotten Arm'. São colagens, histórias de vida. O habitual lado sombrio de Mann vagueia pelo disco – oiça-se 'Columbus Avenue' ou 'Little Tornado' – mas há também a vibração de 'Borrowing Time' ou 'Thirty One Today'.
As canções da banda sonora de 'Magnolia', que catapultaram Mann para a ribalta, eram um dos momentos mais esperados da noite. A cantora avisou logo no início do concerto que ia cantar o novo disco mas também canções antigas. Para o público isso queria dizer 'Magnolia'. Tocou 'Wise Up', 'Save Me' e 'One', esta já no encore. Cumpriu e isso bastou.

Apesar da noite de Lisboa não ter sido, certamente, das mais memoráveis na carreira de Aimee Mann, a sua música perfumou-a de histórias cintilantes. Isso foi o suficiente para deixar a audiência satisfeita. No fim, todos saíram com um sorriso moderado nos lábios. Tudo tranquilo numa noite em que até o artista que abriu a sessão, Tiago Bettencourt, se apresentou apenas de guitarra em punho.
Moral da história: que Aimee Mann volte depressa aos discos. Que escolha uma sala mais pequena no seu próximo regresso a Lisboa. Os íntimos de sempre agradecem.

Alinhamento
Aimee Mann – Driving sideways
Aimee Mann – Humpty Dumpty
Rachael Yamagata – Be be your love
Indigo Girls – I don´t wanna talk about it
Elliot Smith – Memory lane
Aimee Mann -Wise up
Sufjan Stevens - Jacksonville
Jeff Buckley - Lilac wine
Suzanne Vega – Songs in red and grey
Aimee Mann – Lost in space

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