quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Barco Ancorado 15/10/2008


Ney Matogrosso vai realizar um segundo concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Depois de ter esgotado o primeiro espectáculo, marcado para dia 21 deste mês, a promotora Everything Is New agendou uma segunda data, para o dia seguinte.
O artista brasileiro regressa ao nosso país com "Inclassificáveis", o seu novo espectáculo, no qual apresenta inéditos e imprime uma roupagem pop a clássicos da Música Popular Brasileira, como 'O Tempo Não Pára' (Cazuza), 'Divino e Maravilhoso' (Caetano Veloso) ou 'Inclassificáveis' (Arnaldo Antunes).
Além das duas apresentações na capital, Ney Matogrosso actua no Coliseu do Porto, a 19 de Outubro. Os concertos têm início marcado para as 21h00 e os bilhetes custam entre 18 e 60 euros.

A vida de Ney Matogrosso pautou-se sempre pela mudança, devido à carreira militar do seu pai. Contudo, Ney de Souza Pereira (o seu verdadeiro nome) mostrou igualmente, desde muito cedo, uma apetência especial pelas artes. O desejo de sair de casa dos pais, levou-o a alistar-se como voluntário na Força Aérea brasileira, com apenas 17 anos. O gosto pela música e pelo teatro, eram algo de omnipresente, mas a vida acabou por conduzi-lo ao laboratório de anatomia de um hospital militar em Brasília. Foi então que começou a fazer as suas primeiras actuações, chegando inclusive a aparecer num programa televisivo. Na altura, Ney sentia-se com uma inclinação clara para o teatro, e foi essa pretensão que o levou a partir para o Rio de Janeiro.

Os tempos que se viviam eram os do despertar da cultura hippie, e Ney não fugiu à regra quando decidiu dedicar-se à venda de artigos em pele, como forma de sobrevivência. O convite para ser vocalista num conjunto, os Secos e Molhados, apareceu pouco depois, e Ney viu-se então, e pela primeira vez, plenamente integrado no mundo da canção. Após vários meses dedicados ao ensaio, o agrupamento conheceu um sucesso incontestado no Brasil, e vendeu mais de um milhão de cópias. A carreira dos Secos e Molhados foi, no entanto, algo efémera, e depois do lançamento do segundo longa duração, a banda desintegrou-se. O protagonismo de Ney na banda era reconhecido por todos e a sua voz destacou-se naturalmente.
Em 1975, lançou o seu primeiro conjunto de originais, o auto-intitulado "Ney Matogrosso". Os seus espectáculos tornaram-se uma referência no panorama da música brasileira, e as suas apresentações em palco certamente contribuíram em muito para o seu triunfo. A maquilhagem e um vestuário extremamente ousado, acompanhados por concertos onde a componente teatral assumiu um carácter de destaque, levaram Ney a chegar a uma faixa de público que ia para além da população mais jovem, alcançando assim o êxito no Brasil. A restante década de 70 foi ocupada com uma criação musical frenética, que continuou nas suas apresentações ao vivo, que incluíram concertos, um pouco por todo o mundo.

Os anos 80 trouxeram, pela primeira vez, a apresentação de Ney em palco sem maquilhagem, e sem recorrer aos inúmeros adereços que, até então, faziam parte das suas apresentações. O álbum "O Pescador de Pérolas" mostrou isso mesmo, com composições mais sóbrias. A continuidade da sua carreira nos anos que se seguiram prolongou o culto de uma postura mais clássica, e colaborou até com nomes como o violoncelista Raphael Rabello, um dueto que ficou registado no álbum "À Flor da Pele". Antes do registo feito em concerto, "Vivo", de 1999, edita, no mesmo ano, "Olhos de Farol". Em 2001, o disco "Batuque" revive os velhos clássicos do samba dos anos 30 e 40. Em 2004 voltou aos meios de comunicação com o projeto "Vagabundo", em que canta com o grupo carioca Pedro Luís e a Parede.

Alinhamento
Ney Matogrosso – Jeito de amar
Ney Matogrosso – Homem com H
Chico Buarque – Homenagem ao malandro
Caetano Veloso – Só vou gostar de quem gostar de mim
Marisa Monte – Amor I love you
Ney Matogrosso – Pavão misterioso
Arnaldo Antunes – O silêncio
Djavan - Oceano
Zélia Duncan - Catedral
Ney Matogrosso – Por debaixo dos panos

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