segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Barco Ancorado 13/10/2008


Passam 30 anos da morte do mais famoso cantor belga de todos os tempos. A data assinalou-se exactamente na última quinta-feira. «Vai até ao limite da sua força, porque através da voz expressa a sua razão de viver e cada verso atinge-te profundamente e deixa-te como que encantado», foi assim que Edith Piaff descreveu Jacques Brel.
Nasceu em Abril de 1929 na capital Bruxelas. Começou a tocar guitarra aos 15 anos e pouco depois já compunha as suas próprias canções, enquanto cantava num grupo juvenil. Em 1953 conseguiu o seu primeiro contrato discográfico e editou o single de estreia 'La Foire', com o carimbo da Philip Records.

Depois de se casar com Thérèse Michielsen e mudar-se para Paris, Brel actuou em muitos bares da capital francesa, antecedendo o primeiro concerto no histórico Olympia, que deu o mote para a digressão pela França. No final da tournée, acabaria por editar o disco de estreia "Jacques Brel et Ses Chansons", em 1954. Atinge o primeiro sucesso comercial com o single 'Quand On N'A Pas Que l'Amour' em 1956, antecedendo os lançamentos seguintes: "Jacques Brel 2" (1957), "Jacques Brel 3" (1958) e "Jacques Brel 4" (1959).
"Américan Debut", uma compilação dos temas já editados por Brel, lançada em 1960, marca, como o nome indica, a chegada aos EUA, seguida de uma digressão que inclui uma passagem pelo mítico Carnegie Hall de Nova Iorque. Por esta altura, músicas como 'Ne Me Quittes Pas' e 'La Colombe', eram objecto de versões por artistas como Frank Sinatra, Joan Baez e Judy Collins.

Depois de várias edições de estúdio e ao vivo, incluindo os registos "A L'Olympia 1962/1964" e as respectivas digressões em todo o mundo, Jacques Brel anuncia um afastamento dos palcos em 1966, não sem antes fazer uma série de concertos no Olympia e seis meses de espectáculos internacionais. Em 1967 dá o seu último concerto e edita novo disco de estúdio intitulado "Jacques Brel '67", o único nos dez anos seguintes. Dedica-se então ao cinema e protagoniza o filme "Les Risques du Métier", o primeiro de nove até 1973 em que participa como actor. Em paralelo, estreia-se como realizador com a película "Franz" de 1971, experiência que repete em "Le Far West" de 1973.
Em 1974 anuncia a sua vontade de dar a volta ao mundo de barco, projecto que tem de interromper depois de ser diagnosticado com cancro de pulmão, quando se encontrava nas Canárias. Brel submete-se então a uma cirurgia que lhe remove parte do pulmão e regressa à sua viagem, depois de recuperar. Em 1976 chega às ilhas Marquesas, onde decide ficar. Em 1977, é tempo ainda para regressar a França e gravar um novo disco, "Brel", o último que lança em vida. Uma recorrência da doença obriga-o a novo tratamento em Julho de 1978. No dia 9 de Outubro desse ano, Brel falece em Paris, com 49 anos. O funeral tem lugar nas Ilhas Marquesas, com o cantor a ser enterrado numa campa vizinha à do pintor Paul Gauguin, naquele destino paradisíaco da Polinésia Francesa.

Um dos maiores embaixadores da música francófona, Brel, deixou ao mundo 12 álbuns de estúdio, dois ao vivo e uma mão cheia de clássicos da chanson. Recentemente foram vendidos na Sotheby de Paris vários artigos de colecção do falecido músico por um valor acima de um milhão de euros. Uma herança que torna curiosas estas suas palavras: «Na vida de um Homem, há duas datas importantes: o nascimento e a morte. Tudo o que fazemos no meio não interessa».

Alinhamento
Jacques Brel – La valse a mille temps
Jacques Brel - Amsterdam
Serge Gainsbourg – La javanaise
Charles Aznavour – Que c´est triste Venise
Edith Piaf – Non, je ne regrette rien
Michel Fugain – Je n´aurai pas le temps
Jacques Brel – Quand on n´a que l´amour
Alain Souchon - Bidon
Joe Dassin – Ça va pas changer le monde
Michel Sardou – La maladie
Jacques Brel – Ne me quitte pas

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