quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Barco Ancorado 16/10/2008


Completam-se esta quinta-feira 26 anos da morte de Adriano Correia de Oliveira. Fundador da Cantarabril, uma cooperativa de músicos ligada ao Partido Comunista Português, e um dos mais activos cantores de intervenção do panorama musical português, Adriano Correia de Oliveira nasceu no Porto no dia 9 de Abril de 1942.
Para além de ter feito a instrução primária em Avintes, foi lá que se estreou no teatro amador e que ajudou a fundar a União Académica da cidade. Aos 17 anos, foi estudar para Coimbra, onde frequentou o curso de Direito.
No entanto, participou activamente nas organizações estudantis, tendo sido solista no Grupo Universitário de Danças Regionais e no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, bem como guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica, que integrou juntamente com José Niza, Daniel Proença de Carvalho e Rui Ressurreição. É também nesta altura que o músico estabelece uma primeira aproximação ao fado de Coimbra, contactando com o conjunto de músicos que deu o primeiro passo em direcção à transformação do tradicional fado coimbrão. Desse núcleo, fizeram parte nomes como José Afonso, António Portugal, Rui Pato, José Niza e António Bernardino.

Após o lançamento do primeiro EP, intitulado "Noite de Coimbra" (1960), Adriano Correia de Oliveira apercebeu-se das suas limitações a nível da escrita de canções, dedicando-se então apenas à composição e ao canto, passando a interpretar temas escritos por poetas como António Cabral, António Ferreira Guedes, Luís Andrade e Urbano Tavares Rodrigues. "Fados de Coimbra", o primeiro longa-duração de Adriano, viu a luz do dia em 1963, sucedido por um álbum homónimo, quatro anos depois.
Em 1968, deixou Coimbra e partiu para Lisboa, onde trabalhou no gabinete de imprensa da FIL, do mesmo modo que foi produtor na editora onde sempre gravou. O período compreendido entre 1968 e 1971 foi marcado pela edição da trilogia formada pelos álbuns "O Canto e as Armas", dedicado à poesia de Manuel Alegre, "Cantaremos" e "Gente d'Aqui e de Agora", todos responsáveis pelo lançamento de temas que constituíram verdadeiros hinos de resistência ao Estado Novo. 1971 foi o ano da edição de "Gente d'Aqui e de Agora", um álbum que incluiu um poema de Assis Pacheco na contracapa, e um alinhamento composto por onze canções, como "O Senhor Morgado", "Cantar de Emigração" ou "Como Hei-de Amar Serenamente".

Ao álbum “Gente d´Aqui e de Agora” seguiu-se um hiato de cerca de quatro anos motivado pela recusa do cantor em enviar os seus textos à Comissão de Censura. O álbum seguinte, "Que Nunca Mais", viu a luz do dia em 1975, apesar de ter estado pronto para editar antes do 25 de Abril de 1974, e com o cantor disposto a correr todos os riscos que pudessem eventualmente surgir. O álbum valeu ao músico o título de "Artista do Ano" atribuído pela revista britânica "Music Week".
Depois de ter co-fundado a Cantarbril em 1979, Adriano Correia de Oliveira entrou em ruptura com os músicos da cooperativa, mas não na sua totalidade, uma vez que nomes como José Afonso, Luís Cília e Fausto se mantiveram ao seu lado quando a direcção da Cantarabril decidiu expulsá-lo, devido a uma dívida de 40 contos, assim como à "inadaptação de Adriano à perspectiva mercantilista de mercado".

Numa altura em que a saúde do cantor estava já seriamente debilitada, devido ao consumo excessivo de álcool, e já depois de ter sido expulso, a Cantarbril começou a encaminhar os convites que surgiam para Adriano para outros cantores.
Corria o ano de 1982, quando Adriano Correia de Oliveira morreu nos braços da mãe, vítima de uma hemorragia no esófago, no dia 16 de Outubro. Tinha então 40 anos e vários projectos que permaneceram inacabados.

Alinhamento
Adriano Correia de Oliveira – Canção com lágrimas
Adriano Correia de Oliveira – Cantar de emigração
José Mário Branco – Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
José Afonso – Balada de Outono
Carlos Paredes - Despertar
Adriano Correia de Oliveira – Roseira brava
Fausto - Peregrinações
Sérgio Godinho – O primeiro dia
Vitorino – Joana Rosa
Adriano Correia de Oliveira – Trova do vento que passa

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