terça-feira, 2 de setembro de 2008

A voz do vale (I)


A água do rio flui sempre, sem cessar. Flui rápida, não pára um só instante e vai-se.
O seu murmúrio evoca em mim o eco do tempo. A água do tempo brilha no leito do Universo, sempre a correr, a fluir. Pedras, árvores, casas e cidades também fluem vagarosamente nesta correnteza, assim como os seres.
Tudo isso pode parecer imutável, mas na verdade essa ideia não passa de uma ilusão.
Apenas nós, seres humanos, acreditamos erradamente que tudo é imutável. Esforçamo-nos para não sermos levados pela correnteza e lamentamos por tudo o que se vai. No entanto, mesmo sofrendo e desdobrando-nos, caindo sete vezes e nos levantando oito, não há como parar o fluir, que envolve também a nossa dor e a nossa luta.
É melhor ver as coisas como são e nos juntarmos a essa correnteza, com suavidade. Apenas assim poderemos encontrar prazer na fugacidade das coisas, uma vez que é justamente essa fugacidade que tece as mais diversas figuras na tapeçaria da vida.

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