terça-feira, 2 de setembro de 2008

Barco Ancorado 02/09/2008


O novo álbum dos Verve, "Forth", entrou directamente para a liderança do top britânico esta semana. O registo marca o regresso do colectivo às gravações, depois de um interregno de 11 anos. Apesar de ser o número um na contagem dos álbuns mais vendidos na última semana no Reino Unido, o tema de apresentação ao disco, 'Love Is Noise', não foi além de um nono lugar na tabela de singles.
No Barco Ancorado desta terça-feira vamos ouvir o novo trabalho dos Verve.

Além de 'Love is Noise', o sucessor de "Urban Hymns" (1997) é composto por mais nove canções, entre as quais 'Sit And Wonder' e 'Rather Be'.
"Fourth" é, como o nome indica, o quarto álbum dos Verve e tem sido bem recebido pela imprensa internacional especializada.
Quinze anos depois do auge, o britpop recusa-se a morrer. Oasis e Verve, dois dos maiores nomes do bem-sucedido movimento de bandas de rock inglesas de meados dos anos 90, tentam manter a relevância musical em pleno 2008, o primeiro com Dig Out Your Soul, que sai em Outubro, e o segundo com Forth, quarto álbum de estúdio, lançado esta semana na Europa e nos Estados Unidos.
Na verdade, o caso dos Verve é mais de morte e ressurreição do que de persistência. O grupo surgiu em 1989, separou-se em 1995, voltou em 1997, terminou de novo em 1999 e está de volta agora. Quando toda a gente acha que as suas baladas grandiosas são coisa do passado, quando aparece o vocalista Richard Ashcroft com a sua cara de caveira levantada da tumba, causando catarse com Bittersweet Symphony e outros clássicos, como fez nos festivais de música deste ano na Europa.

Além da nostalgia, o que deu força a este regresso dos Verve foi o novo single, Love is Noise, que consegue ser tão bom quanto as melhores músicas do grupo - e tem o mesmo sucesso também, visto que foi directamente para o topo das paradas britânicas.
A faixa é uma ponte entre as duas pedras fundamentais do grupo: as melodias marcantes do disco Urban Hymns (1997) e o rock potente e psicadélico de A Northern Soul (1995). Os gritos primais de Ashcroft no início da música são um sinal da energia e da autoconfiança do regresso.
Com o refrão "Love is noise/Love is pain/Love is this blues that I'm singing again" (Amor é barulho/Amor é dor/Amor é esse blues que eu canto de novo), os Verve chegam a mais um dos seus hinos de amor sombrios.
Depois de Love is Noise, Forth segue muito mais para o lado do barulho do que do amor - mais parecido com A Northern Soul do que com Urban Hymns, portanto. O contraponto à música de trabalho é Noise Epic, oito minutos de distorção e versos aleatórios que chegam a lembrar os americanos Sonic Youth.
As faixas restantes mantêm esse clima de "jam psicodélica" de Noise Epic, apenas trocando a distorção por efeitos de reverber e delay. A faixa já foi chamada por críticos de "épico vazio". Não deixa de ser verdade, mas parece ser exactamente o que a banda queria, o que fica mais claro ainda em Numbness.

Nos minutos iniciais de Noise Epic, o contrabaixo de Simon Jones é o instrumento que predomina, mais alto até do que a voz de Ashcroft. Enquanto todos esperavam o reencontro do vocalista com o guitarrista Nick McCabe, é Jones que acaba por ser a figura mais importante desse trabalho. As suas linhas de baixo marcantes e hipnóticas dão o tom de Forth, um disco de arranjos, mais do que de canções.
É possível ouvir as novas músicas buscando outra Love is Noise e chegar a outros bons momentos em Sit and Wonder e Valium Skies. Mas é melhor desistir de uma sucessão de hits, afinal os Verve estão muito velhos para esse papel (mais adequado para bandas mais jovens, como os Kaiser Chiefs, por exemplo). No fim das contas, Forth não é um CD para ser ouvido no rádio, de mãos dadas com a namorada, e sim no som do quarto, sozinho e no escuro.

Alinhamento
Verve – Love is noise
Verve – Sit and wonder
Blur – Coffee and TV
Oasis – Stand by me
Verve - Numbness
Keane - Bedshapped
Verve – Valium skies

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