sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A inútil busca da felicidade


A felicidade não é algo que se busque. É na busca que se cria a infelicidade. Se não buscarmos, a felicidade virá à nossa procura. Se buscarmos, estaremos sozinhos e não encontraremos nada. Onde iremos procurar? E como? A mente nunca está satisfeita. A mente é o acumular do nosso descontentamento; o acumular do nosso passado infeliz, de todo o sofrimento por que passámos. É uma ferida no nosso ser. A mente continua sempre a procurar e faz com que percamos de vista o que procuramos.
Quando esquecermos a felicidade, seremos, subitamente, felizes. Quando esquecermos o contentamento, ele surgirá. Esteve sempre à nossa volta mas nós não estávamos lá. Estávamos a pensar: algures no futuro há um objectivo que tenho de atingir, a felicidade que tenho de conquistar, o contentamento que tenho de sentir. Estávamos no futuro e a felicidade estava à nossa volta como o perfume de uma flor.
Limitemo-nos a ser, porque quando procuramos permanecemos fechados. A própria tensão de procurar acaba por nos fechar. Quando desejamos de mais, o próprio desejo cria uma tensão tal que a felicidade não consegue vir até nós. A felicidade vem até nós como o sono: quando nos desapegamos, quando ficamos num estado de aceitação, quando nos limitamos a esperar, ele chega. De resto, ele já lá está. Cumpre-nos recebê-lo.
O desapego é o segredo da vida. Quando nos desapegamos, milhões de coisas começam a acontecer. Elas já estavam a acontecer mas nós não demos conta. Estávamos a fazer outras coisas, estávamos ocupados. Os pássaros estão a cantar, as árvores a dar flor, os rios a correr. O todo está continuamente a acontecer e o todo tem celebrações infinitas. Que se abra a janela e o sol em nós para que possamos assistir a essa celebração da vida. Agora!

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