terça-feira, 15 de julho de 2008

Barco Ancorado 15/07/2008


Depois de Dylan, Neil Young foi o grande representante do rock/folk no Oeiras Alive! O gigante canadiano protagonizou um concerto à altura do epíteto como se esperava e como já havia mostrado em passagens recentes por outros países europeus onde não tem deixado os críticos indiferentes.
Young mostrou um pouco das suas afamadas habilidades musicais e dos dois estilos em que é particularmente reconhecido ­ o rock eléctrico e o acústico.

Young foi de poucas palavras na sua passagem pelo Oeiras Alive!, oferecendo em vez disso a poesia das canções como diálogo. Ainda assim, cumprimentou mais cedo a assistência e agradeceu algumas vezes a sua presença, retribuindo-a com sorrisos frequentes.
'Spirit Road' e 'Cortez Killer' foram servidas da mesma maneira: prolongada. E seriam acompanhadas por alguns fiéis seguidores que apesar de tudo pediam os temas de "Harvest", enquanto outra boa parte do público se alheava conversando em grupos maioritariamente juvenis. Mas 'Rockin' In The Free World', favorecida ou não por ser a música de promoção nos spots do evento, viria a despertar ambos os lados e a uni-los, numa explosão colectiva. O tema marcou igualmente a viragem no concerto.

A partir de 'Rockin' In The Free World' foi a guitarra acústica que dominou os momentos seguintes (a começar em 'Oh, Lonesome Me') e o regresso pedido a muitos dos temas de "Harvest", como 'The Needle And The Damage Done', 'Heart of Gold', 'Words (Between The Line of Age)' ou 'Old Man', esta última curiosamente entoada de fio a pavio por alguns "insuspeitos" grupos de jovens. Pelo meio, 'Mother Earth' mostrou Young ao piano com a harmónica, num ambiente mais introspectivo, quase litúrgico, convidando à contemplação atenta.

A transição para o retorno ao feixe da sua vertente eléctrica começou a fazer-se através do apoio de fundo da banda, composta por Ben Keith, Rick Rosas, Chad Cromwell, Anthony Crawford e Pegi Young (mulher de Young e elemento do coro) em 'Unknown Legend', crescendo em 'Get Back to the Country' e aumentando de tom até atingir o seu auge em 'No Hidden Path', do mais recente "Chrome Dreams II", com Neil Young a terminar como começou, agarrado à guitarra eléctrica tirando dela todo o proveito e fornecendo um dos melhores momentos do género, dentro da sua actuação, com perícia e alma.
No encore recordou numa versão quase psicadélica 'A Day In Life', dos Beatles, despedindo-se com a humildade e a classe de um grande senhor, com a sua banda, numa vénia conjunta para o público.

Alinhamento
Neil Young – Harvest moon
Neil Young – Keep on rockin´in the free world
Bob Dylan – Things have changed
Van Morrison – Brown eyed girl
Janis Joplin – Mercedes Benz
Neil Young - Stringman
The Animals – The house of the rising sun
Nazareth – Love hurts
Neil Young – Unknown legend

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