quinta-feira, 27 de março de 2008

Geisha


Fascina-me esse cenário de beleza inacessível
o suave roçagar das sedas raras,
enquanto deslizam em passinhos curtos,
espalhando vénias.

As cores ricas dos quimonos preciosos,
cingindo corpos esguios,
à luz ténue de lanternas de papel.

A arte de transformar coisas simples em cerimónias eternas,
os aromas exóticos de gengibre e umeboshi,
o som estridente e choroso do shamisen.

A delicadeza dos gestos que escondem mundos secretos de excessos e luxurias, erguidos sobre a fragilidade de papel de arroz.

Atrai-me essa leveza,
esse estado suave de ser,
esse mundo zen de tatamis entrelaçados,
de beleza feita de camadas de pó-de-arroz,
a resvalar para o sonho.

É assim que quero ser:
leve, flutuante, como se tudo se passasse um palmo acima do chão.

(H. d´e.)

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