sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Amores passados


AMORES PASSADOS


Amores passados, perdidos, partidos,

apenas convidam ao silêncio,

e a confissão, e a solidão,

florescem implacáveis na ponta da língua,

como brados, como adagas,

e então, ao pretender o afago,

apenas desenho um lamento profundo,

e ao tentar esquecer o inesquecível

implanto as lembranças na retina da memória,

que dói como se fosse o dia da partida

e não a hora das reminiscências.

O eco dos teus pés- que já foram o meu chão -

retumba a cada passo que caminho

nesta doce amargura escandinava,

escondido entre loiríssimos cabelos e branquíssimas mentiras.

A noite do tempo deitou-se

para sempre entre nós,

como águas em barco,

como margens sem rio

como um dia sem horas.

Horas que ficam dias

teimando em reviver os instantes

que não voltam,

apenas desamarram as palavras

que impunes e sem medos

escrevem letra a letra

rabiscando um retorno ao passado,

esculpindo um desejo de futuro.

Nem mais,

nem menos,

nem muito ou pouco,

nem tarde ou nunca:

um tudo ou nada.

2 comentários:

Marta Lopes disse...

Consigo vê-lo ao ler o poema. Não será "mais um passado", antes, um albúm. Pense nisso.

Um abraço
(sem ressentimentos)
Marta

marta pinto disse...

Entendo...conheço melhor, acredito na beleza que imanas, do mais profundo do teu ser....

Liberta-te e vive !!!

Parabéns

Marta Pinto