quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Almas


Percorrer as trilhas da alma
uma alma tateando outra alma
desvendando véus
descobrindo profundezas
penetrando nos escondidos
sem pressa...
com delicadeza...
Porque alma tem tessitura de cristal
deve ser tocada nas levezas
apalpada com amaciamentos...
... até que o corpo descubra cada uma das suas funções

As mãos deslizam sobre as curvas
como se tocando nuvens
a boca vai acordando e retirando gostos
provando os sabores
bebendo a seiva que jorra das nascentes
escorrendo em dons

Abraço que aperta sem sufocamentos
no beijo que cala a sede gritante
na escalada dos degraus celestiais

Corpos ajustam-se
almas matizam...
... e os amantes em assunção pisam eternidades

1 comentário:

Unknown disse...

Abel. Lendo o seu poema, fez-me lembrar o balanço verbal de uma descrição do primeiro amor de um garoto, chamado, Bento de 14 anos e a menina, Capitu de 15 anos. Apresentado, pelo maravilhoso escritor, Machado de Assis, em,"Dom Casmurro". Assim, cito o trecho: "..Estávamos ali com o céu em nós. As mãos, unindo os nervos,faziam das duas criaturas uma só, mas uma só criatura seráfica. Os olhos continuaram a dizer cousas infinitas, as palavras de boca é que nem tentavam sair, tornavam ao coração caladas como vinham...". Parabens! Abel, que a infinita inspiração dos mestres da Literatura, continuem inspirando-o, com bons resultados como este. Adeus!