segunda-feira, 1 de junho de 2009
Barco Ancorado 01/06/2009
Rokia Traoré passou por Portugal e, como se previa, encantou. Perante um público tão diverso como a sua música, a cantora, letrista e guitarrista do Mali entrou suave e apaziguadora, mas cedo empregou a sua voz de comando, espécie de toque de despertar das tribos reunidas. Ao longo de mais de duas horas de concerto no Lux Frágil, Rokia foi guerreira e pacifista, cantou a mulher negra e as dores da tradição, com o público a corresponder quase sempre.
O Barco Ancorado desta segunda-feira propõe-se dar a conhecer a música de Rokia Traoré.
Rokia Traoré abriu o concerto de Lisboa com “Yaafa N´ma” numa atitude muito zen e num movimento ondulante dos braços. Mas foi ainda no início que soltou um grito libertador e imprimiu mais violência ao jogo de ancas. Como que a tactear a audiência, a cantora foi prolongando os intervalos entre as músicas, falando ora um inglês macarrónico ora um francês francamente melhor.
Foi justamente na língua do amor que Rokia cantou “Aimer” e depois o verso “je suis zen”, pondo leveza nos corpos transpirados que enchiam a sala do Lux Frágil e já não paravam de dançar. Pelo meio, serviu-se de chocalhos para pontuar as palavras, acrescentar vírgulas ritmadas e exibir as suas notáveis qualidades de performer. Em absoluto transe vocal e físico, rendeu homenagem a Billie Holiday com “The Man I Love” e arrancou sorrisos abertos por causa dos sublinhados na voz. Terminou a dizer “I am a wonderful modern woman”, debaixo de fortes aplausos.
De guitarra ao ombro, Rokia trouxe para Lisboa a África das mantras e dos rendilhados musicais, mas também a África magoada que emigra à procura de melhor sorte. Num tom pausado, uniu a tradição à modernidade e deixou claro que a mulher africana também é uma senhora. No primeiro regresso ao palco, recordou a infância passada nas ruas de Kamako em atmosfera de 'disco sound' improvisado e cedeu o lugar de destaque à sua voz de apoio.
Na sua passagem por Lisboa, Rokia mostrou o que é isso de ser young, gifted and black, um pouco à semelhança da mítica canção de Nina Simone.
Alinhamento
Rokia Traoré - Kounandi
Rokia Traoré - Koronoko
Baba Salah – Fady Yeina
Oumou Sangaré - Wayena
Ali Farka Touré - Karaw
Tidawt - Ariyalan
Rokia Traoré – Aimer
Adama Yalomba – Politique
Tinariwen – Aldachan manin
Sedoum EhlAida – Ya moulana
Rokia Traoré - Tchamanché
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