terça-feira, 14 de setembro de 2010

Barco Ancorado 14/09/2010


O que é "Interpol", o quarto álbum de originais do conjunto americano com o mesmo nome? Um herdeiro de "Turn On The Bright Lights", mas mais bastardo do que natural. O porquê é simples: a falta de momentos realmente memoráveis ao longo dos 45 minutos deste longa-duração. Mesmo com a excelente forma de Carlos D., que com o baterista Sam Fogarino compôs uma secção ritmíca que é intrincada, envolvente e aparentemente tão simples.
Esta terça-feira, no Barco Ancorado, apresentamos o mais recente trabalho dos Interpol.

'Success' comprova o regresso ao passado negro e lento, mas que prova ser uma falsa partida. Já 'Summer Well' cai que nem ginjas, com uma roupagem indie-pop, que não assenta mal aos Interpol. Daí até chegarmos a 'Lights' é um saltinho. A primeira amostra deste disco é um daqueles momentos que comprova o chavão «primeiro estranha-se, depois entranha-se». Mas o que é certo é que é o ponto mais alto do disco: em mid-tempo, é composto por uma paisagem sónica que vai ardendo lenta e confortavelmente. Cada segundo ressoa quente na nossa mente e aloja-se por lá.

O momento seguinte é marcante neste disco. 'Barricades' - que soa gritantemente a Franz Ferdinand - é isso mesmo, uma barricada que nos afasta do outro lado do disco: circular e vazio, mas em que brilha a constelação Fogarino/Dengler. 'Try It On' até começa com espírito de exotismo, mas em pouco tempo damos por nós a pensar «onde é que eu já ouvi isto?». 'Always Malaise' começa orquestrada e ornada pelo piano, mas transforma-se numa falsa balada que não tem força para sair do mesmo sítio e nos atingir. Escapa, em grande, o fecho. 'The Undoing' é o outro ponto alto do disco, de melodia agridoce e distorção em aparente desafinação.

Os Interpol estão presos num modelo estético que eles próprios dinamizaram, mas que não permite um grande arrojo estético. Neste novo disco, tudo é demasiado vago e sem substância ou consequência. Os caminhos são abertos, mas surpreendentemente abandonados pela banda. Faltou-lhes um pouco mais de acutilância e capacidade para criar ímpeto.
Em 2010, os Interpol enfrentam um desafio bem maior que o do 'segundo disco'; os Interpol enfrentam o desafio de construirem uma identidade única, com uma personalidade forte e de destaque. Este álbum, "Interpol", foi um passo em falso, mas têm tempo e talento para o corrigir.

Alinhamento
Interpol – Summer well
Interpol - Lights
The National – Squalor Victoria
Arcade Fire – Modern man
Radiohead – High and dry
Interpol – The undoing
Joy Division – Twenty four hours
Interpol - Barricades

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