quarta-feira, 2 de março de 2011

Barco Ancorado 02/03/2011


Nelly Furtado anunciou no Twitter que vai doar para caridade um milhão de dólares (cerca de 700 mil euros) que lhe foram pagos como cachê por um concerto privado para a famíla do ainda líder da Líbia, Muammar Kadhafi. «Em 2007, recebi um milhão de dólares de Kadhafi para actuar durante 45 minutos. Um espectáculo para convidados num hotel em Itália. Vou doar o dinheiro», pode ler-se na mensagem da cantora luso-canadiana.

A comunidade internacional tem feito pressão junto de estrelas da pop como Mariah Carey, Beyoncé, Usher e 50 Cent para que devolvam o dinheiro que receberam do ditador libanês, numa altura em que a realidade daquele país é marcada pela contestação popular ao seu líder.
Como se sabe, recentemente Kadhafi chegou mesmo a abrir fogo sobre uma multidão de contestatários, provocando a morte de milhares de pessoas.

O líder líbio, uma figura controversa que até ao início do novo século foi persona non grata para a comunidade internacional pelo clima de terror com que manteve o seu regime, chegando mesmo a ser acusado na praça pública de estar por trás do atentado a um avião da Pan Am que provocou a morte de 270 pessoas, por cima de Lockerbie, na Escócia (em 1988), começou a ser aceite como 'parceiro privilegiado' de vários líderes europeus e norte-americanos, ironicamente depois de ter confessado estar envolvido no atentado de Lockerbie, e também porque o seu país serve como tampão para a emigração em massa de árabes para a Europa. Por isso, nos últimos anos passou a ser socialmente aceitável para as celebridades da pop fazerem concertos privados para Kadhafi e associados. A situação mudou agora que o povo líbio saiu à rua obrigando o ditador (que se auto-intitula «um Messias») a responder como melhor sabe: com poder de fogo.

Agora, dada a iminente saída do poder de Kadhafi, e a reacção violenta contra o seu próprio povo, vários agentes e comentadores do showbizz norte-americano têm proferido opiniões sobre a falta de ética de certas estrelas pop em aceitarem dinheiro de um ditador. «Basta estar um cheque com muitos zeros na mesa, que o artista não se questiona de onde vem o dinheiro, ou o que estão a deixar que aconteça pela sua passividade», comentou David T. Viecelli, agente de bandas como os Arcade Fire.
Até agora, Nelly Furtado foi a única artista a tomar uma posição sobre esta matéria.

Alinhamento
Nelly Furtado – Turn off the lights
Nelly Furtado – On the radio
Shakira – Whenever, wherever
Jennifer Lopez – Love don´t cost a thing
Gwen Stefani - Cool
Nelly Furtado – Say it right
Christina Aguilera – What a girl wants
Rihanna – Take a bow
Beyonce - Halo
Nelly Furtado – All good things

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