O segundo álbum da galesa Duffy, "Endlessly" (capa na imagem), merecia tudo menos um postal de apresentação como o primeiro single, 'Well, Well, Well': uma cirurgia plástica demasiado forçada e até estupidificante, que nos tenta mostrar um novo rosto, o de uma estrela de pop mais dançante (qual Beyoncé), mais moderna e menos intemporal. Não resulta. Assusta. Soa a poluição de otoverme.
Mas a deficiência de "Endlessly" é apenas de táctica promocional, nunca de conteúdo. A viagem pelo disco produzido por Albert Hammond oferece-nos um bom candidato a single a cada faixa... Sem toques de sofisticação artificial, com Duffy autêntica, no seu habitat de pop e soul orquestral, irradiando uma ingenuidade de um outro tempo.
Depois do sucesso avassalador da obra de estreia, "Rockferry", "Endlessly" tem argumentos para não ser apenas o outro disco de Duffy. O novo longo é a utopia do Festival da Eurovisão - tem a música que o mega-evento televisivo deveria incorporar, com uma pop simples, orelhuda e com classe (o elemento em falta no Festival da Canção).
Na segunda ordem do disco para se bater o pé depois de 'Well, Well, Well', falamos de 'Lovestruck', ouvimos uma Duffy mais disco-sound, limpa do refrão irritante e facilitista, num exotismo bem mais estético e recomendável que o anterior esforço dançante.
Tudo o resto são baladas de quilate de ouro ('Too Hurt to Dance' e 'Breath Away' são dois bons exemplos) e temas de uma pop-rock antológica e cândida.
Com "Endlessly", Duffy mata de vez a ameaça de fenómeno momentâneo. Já suspeitávamos.
Alinhamento
Duffy - Lovestruck
Duffy – Too hurt to dance
Adele - Tired
Gabriella Cilmi - Sanctuary
Natasha Bedingfield - Angel
Duffy – Breath away
Katy Perry – Thinking of you
Lily Allen – The fear (I don´t know)
Duffy - Endlessly
Sem comentários:
Enviar um comentário