terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Barco Ancorado 03/02/2009
Depois de levarem a sua energia a audiências mais dispersas como as de Paredes de Coura e o Rock in Rio, e aos devotos dos U2, no Estádio de Alvalade, os Kaiser Chiefs propuseram-se no último fim-de-semana a exame individual perante o público português e, feita a avaliação final, passaram com honra e distinção.
Desde que apareceu com pompa e circunstância à boleia de "Employment" em 2005, este quinteto liderado pelo discípulo da formiga atómica chamado Ricky Wilson, foi empurrado para o meio da massa que se tornou a nova vaga de projectos pop-rock britânicos, ou seja, bandas limpinhas capazes de fazer bons singles e pôr multidões de jovens a saltar nos festivais de Verão, sem grandes pretensões conceptuais como alguns dos seus colegas mais para os lados dos EUA. Perderam algum fulgor festivo no segundo disco "Yours Truly, Angry Mob", mas voltaram a trazer a diversão para a arena com o novo álbum "Off With Their Heads", o pretexto para esta prova a solo no nosso país e a casa de 11 temas (muito) bem pensados para o palco.
Tudo começa, no álbum e ao vivo, com 'Spanish Metal' e o seu riff arrancado do tema da "Missão Impossível", para continuar a matar com 'Everyday I Love You Less and Less' e 'Everything is Average Nowadays', mas podia até ter sido mais calmo, tal o delírio entre a assistência mal os cinco meninos puserem o pé em palco. Em modo festa total, o público, heterogéneo em idade e estilo, foi o sexto membro da banda durante todo o concerto, cantando, saltando e gritando consoante as ordens do maestro Ricky Wilson, que apesar de um certo cansaço na voz não deixou de saltar para o meio das filas da frente como já se tornou a sua marca, isto quando não corria pelo meio dos seus colegas ou incitava as bancadas laterais, imparável, sempre. Pelo meio, foi guardando no palco os objectos pessoais que lhe mandavam, incluindo uma mochila de um fã, para «mais tarde devolver».
É impossível não notar que, em apenas 4 anos, os Kaiser Chiefs criaram uma considerável massa seguidora, e tudo porque contam no seu cardápio com pratos fortes como 'Ruby', 'The Angry Mob', 'Heat Goes Down', 'Na Na Na Na Naa' e 'I Predict a Riot', iguarias que não faltaram na noite do Coliseu. Mas foi sobretudo curioso verificar a mesma dedicação e aceitação do público em relação a novos sabores como o excelente 'You Want History', 'Good Days Bad Days' e claro, a atracção-mor, e novo clássico, 'Never Miss a Beat', capaz de levar a sala lisboeta a igual loucura como a versão longa de 'Oh My God', que fechou em grande um encore que curiosamente começou fraco com 'Tomato in the Rain' e 'I Can't Say What I Mean'. Perante um Coliseu naturalmente rendido e exausto com o primeiro grande concerto a que assiste em 2009, Ricky Wilson deixou ainda no ar um regresso mais para o Verão.
Nota alta na pauta para os cinco rapazes dos Kaiser Chiefs, que mesmo algo longe do tempo dos feios, porcos e maus do rock n' rollers clássicos, passam sem problemas para o público a paixão pela música, o honesto acreditar no seu talento e, sobretudo, uma irresistível vontade de divertir quem os ouve. Quem disse que o rock n' roll não pode tomar vários duches ao dia?
Alinhamento
Kaiser Chiefs – I predict a riot
Kaiser Chiefs – Oh my god
Bloc Party – I still remember
Kings of Lion – On call
The Strokes – The end has no end
Kaiser Chiefs - Ruby
Franz Ferdinand - Matinee
Interpol – Slow hands
Keane – Lovers are losing
Kaiser Chiefs – Everyday I love you less and less
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