
Voltou Beck. Não o dançarino da mixórdia de pós-grunge, com hip hop e funk mas o contemplativo cantautor folk de "Sea Changes" (de 2002). O homem das várias mutações voltou a passar da imagem acelerada de rapazola irrequieto para a câmara lenta americana. O artista que tinha a hiperactividade de Prince volta a espreguiçar-se em pieguice. E que bem que o faz também.
Este romantismo arrastado, de guitarra acústica sempre à mão e de voz pausada e sussurrante, não é puro folk ou puro country. O itinerário pela América rural - com unhadas de banjo ou até do ukulele e do dulcimer (instrumento de cordas dos apalaches), harmónica e guitarra pedal steel - é feito sob as lentes de Beck, com alguma manipulação electrónica e o funky e desvairado clavinete.
O peso do acompanhamento orquestral dá-lhe uma carga épica. Um dos exemplos mais perturbadores é 'Wave', com Beck a evaporar-se numa abstracção mais erudita.
A música de "Morning Phase" responde à idade quarentona de Beck, mais espaçada e menos ansiosa, onde há uma gestão madura de álbum. Depois de um inédito interregno de seis anos, voltamos a sentir que Beck é um compositor de primeira.
Alinhamento
Beck (Lost cause); Beck (Loser); Blur (Country house); Pavement (The killing moon); Sonic Youth (Diamond sea); Beck (Girl); Wilco (You and I); Arcade Fire (The suburbs); Radiohead (Lotus flower); Beck (Looking for a sign)
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