terça-feira, 9 de outubro de 2012

Barco Ancorado 09/10/2012

Até custa a acreditar que o concerto de quase quatro horas visto no Pavilhão Atlântico tenha vindo de um homem de quase oitenta anos que, curiosamente, passou muito tempo (décadas mesmo) da sua carreira afastado dos palcos e que não tinha na componente ao vivo a sua maior força. Este simpático velhinho é um homem incansável, capaz de interpretar mais de 30 músicas numa noite com um ânimo imperturbável. O Pavilhão Atlântico praticamente encheu com um público heterogéneo mas todo ele sénior (dos 30 aos 70), e de muitas nacionalidades diferentes, para um espectáculo que é na verdade uma quase repetição dos ocorridos em Algés (2008) e no Atlântico (em 2009 e em 2010), com o reforço de mais uma hora e uma injecção das novas músicas do álbum deste ano "Old Ideas". O alinhamento histórico é de sonho mas quase que segue a mesma ordem dos espectáculos anteriores. A banda que o acompanha, mais nove músicos em palco, tem o mesmo formato. A diferença maior é talvez a de ver um Leonard Cohen um bocadinho menos discursivo. Tudo começa outra vez com 'Dance Me to the End of Love'. Segue-se 'The Future' e um 'Bird on the Wire' com direito a solos de guitarra ao estilo de Eric Clapton. 'Everybody Knows' põe novamente o velhinho de fatinho e chapéu a mexer-se bem, antes de uma grande guitarrada de flamenco a introduzir 'Who By Fire'. 'Darkness', 'Sisters of Mercy', 'That's No Way To Say Goodbye', 'Amen', 'Come Healing', 'In My Secret Life', 'Going Home' e 'Waiting for the Miracle' merecem a imponência visual da grande cortina por detrás. 'Anthem' serve para o cavalheiro apresentar a sua banda multinacional antes de anunciar o intervalo. Na segunda parte, Cohen puxa mais pela folk idealista da primeira metade da sua obra: 'Suzanne' e 'The Guests' devolvem o veterano cantor à guitarra, depois de um 'Tower of Song' em que desta vez não conta o famoso segredo da vida. Seguem-se 'The Gipsy's Wife', 'The Partisan' (uma das suas melhores canções de sempre), o arrebatado 'Democracy', 'Coming Back to You' e 'Alexandra Leaving'. Na fornada final: 'I'm Your Man', 'Hallelujah' e 'Take This Waltz' levantam finalmente o público das cadeiras. Seguir-se-iam três encores. No primeiro, ouve-se um alteradíssimo 'So Long, Marianne' e 'First We Take Manhattan'. Nos encores seguintes, 'Closing Time' e 'I Tried to Leave You'. Era mesmo o fim. E Cohen sai como entrou: a correr como um garoto. Alinhamento Leonard Cohen (Dance me to the end of love); Leonard Cohen (Come healing); Bob Dylan (You belong to me); Lou Reed (Perfect day); Neil Young (Light a candle); Leonard Cohen (Suzanne); Nick Cave (Into my arms); Tindersticks (The other side of the world); Leonard Cohen (Darkness)

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