quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Barco Ancorado 03/11/2010


De que é feita uma lenda? Se a resposta for de voz, talento, encanto natural e capacidade de entreter, então Michael Bublé está no bom caminho para figurar entre os grandes nomes do jazz.
Os dois concertos no Pavilhão Atlântico fecharam a Crazy Love Tour e, segundo o próprio, não podia terminar melhor porque confidenciou que esta foi a melhor audiência que teve nos seus 93 concertos em 32 países diferentes.
Começamos por um tema que faz parte do mais recente álbum "Crazy Love". 'Cry Me a River' abre o espectáculo. Mal começa a segunda canção, Michael Bublé pede as palmas do público e ninguém se fez rogado. 'All of Me' antecede a primeira grande revelação da noite. Depois de beijar o palco do Atlântico, e de admitir estar a sentir-se como o Papa, Michael Bublé arranca suspiros ao confessar (e exibe a aliança que o comprova) que está noivo.

'At This Moment', um tema popularizado por Billy Vera, continuou a emocionar o público que fez alguns momentos de silêncio para interiorizar as palavras sentidas da canção. Aqui Michael Bublé adverte que os seus concertos são muito mais que um desfile de música. "It's a party!" diz ele para legitimar a vontade contida em muitos de cantar, chorar, acenar e até dançar.
'Mack The Knife' traz um cheirinho ao jazz maroto dos anos 50 e ao saudoso Frank Sinatra, além de pôr toda a gente a cantar. O humor e as gargalhadas pontuam todo o espectáculo do cantor. O cenário até pode não ser muito ambicioso mas também não é preciso porque ele canta, dança, faz stand-up comedy e... encanta. É, assim, a rir, que Michael Bublé apresenta a sua banda. Um desfile de talentos.

Se havia algum resistente ao jazz rejuvenescido de Bublé, por esta altura estava rendido. 'I've Got The World On a String', de Frank Sinatra e 'Crazy Love', composto por Van Morrison, foram os momentos das lágrimas. Também Ray Charles teria ficado orgulhoso de ouvir o seu 'You Don't Know Me' interpretado por este jovem de 35 anos. Seguiu-se a versão de 'For Once In My Life' de Stevie Wonder.
'Man In The Mirror' e ' Billie Jean', de Michael Jackson, não foram além de alguns acordes mas já que o público estava todo de pé, Bublé aproveita e dispara com um clássico dançável 'Twist & Shout'. E já ninguém se senta até porque, enquanto interpreta 'All I Do Is Dream Of You', Michael Bublé delicia as fãs ao atravessar o Pavilhão Atlântico para chegar mais perto e cumprimentar todas as mãos que se lhe atravessaram no caminho.

Até ao final do concerto já ninguém tira partido dos lugares sentados. Seguem-se 'Save The Last Dance For Me', dos Drifters, 'How Sweet It Is', de Marvin Gaye e 'Heartache Tonight', dos Eagles.
Com o concerto prestes a terminar Michael Bublé dá a derradeira justificação do porquê de ser considerado um "lady killer": 'Haven't Met You Yet' faz as almas mais românticas acreditarem que o amor verdadeiro é possível.
As palmas das mãos já doem de tanto aplaudir quando Bublé volta a subir ao palco para um encore de cortar a respiração. Não foi à toa que Nina Simone conquistou o título de Godess of Music com a canção 'Feeling Good' - a sua primeira escolha.
Depois, 'Me And Mrs.Jones' faz muitas fãs decidirem ir no dia seguinte à Conservatória do Registo Civil mudar de apelido. Afinal, vale a pena achar que um bocadinho daquela música é nossa.
'Song For You' deixa os braços arrepiarem-se uma vez mais para a despedida de um concerto, ou melhor, de uma festa que foi uma autêntica ode à mulher, onde só faltou 'Hollywood'.

Alinhamento
Michael Bublé - Everything
Michael Bublé - Call me irresponsible
Josh Groban - Remember when it rained
James Morrison - You give me something
Michael Bublé - Haven´t met you yet
Jason Mraz - I´m yours
Norah Jones - Back to Manhattan
Michael Bublé - Me and Mrs Jones

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